Mulheres enfrentam desafios que vão além do 8 de março

Marco do Dia Internacional se estende para manter viva a luta pela igualdade de gênero. Violência ainda se traduz em agressões, discriminação e desrespeito ao sexo feminino.

qui, 10/03/2016 - 10:41

O Dia Internacional da Mulher não deve ser celebrado somente em 8 de março. Mas lembrado todos os dias como um marco da mudança no sentido de reconhecer as mulheres de maneira diferente – não como o sexo frágil, ou como inferior -, para que a sociedade avance cada vez mais em busca da igualdade de gêneros.

Ao longo do tempo as mulheres conquistaram muita coisa, como o direito de votar, passaram a ter média de escolaridade maior que a dos homens, governam países, estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, entre outras coisas. Apesar disso, pesquisas indicam que as mulheres até hoje são vítimas de diversos tipos de violência.

De acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, a partir de balanço dos relatos recebidos pelo Ligue 180, a cada 7 minutos um relato de violência contra a mulher foi feito nos 10 primeiros meses de 2015.Milhares de mulheres são violentadas todos os anos e, apesar disso, ainda são chamadas “sexo frágil”. Será?

A psicóloga Ana França acredita que não. Para ela, o dia 8 de março deve ser uma data de luta e não somente de comemoração (veja no vídeo abaixo). A estudante Carol Lins também acredita que esse dia deve ser utilizado para lembrar das lutas que ainda precisam ser travadas para conquistar ainda mais direitos.

Quem não lembra do discurso de Patricia Arquette, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2015? Ela pediu que Hollywood pagasse as mulheres e os homens igualitariamente – o que não acontece no mundo.

Em estudo divulgado recentemente, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) afirmou que, entre homens e mulheres da mesma faixa etária e nível de escolaridade, a diferença de salários é de 17%. E, mesmo se a mulher tiver nível de instrução maior que o homem, recebe 10% a menos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a equidade salarial somente será conquistada daqui a 70 anos.

Adriane da Silva é dona de um salão de beleza e tem três filhos. “O bom de ter um salão próprio é que podemos fazer nosso horário para tentar conciliar com a vida de casa, de cuidar de filho”, afirma. “Toda mulher sabe como é. A gente tem várias coisas para fazer. Não podemos parar. E não podemos esquecer da academia, porque, além de tudo, mulher ainda tem que ficar bonita”, diz.

Em 2013, um estudo feito pela consultoria EY revelou que o Brasil tem o maior número de empreendedoras dos países do G-20. Na época, isso simbolizava 10,4 milhões de pessoas. Adriane é empresária há pouco tempo, apenas cinco meses, mas já faz parte de uma estatística crescente. “Minha vida é assim: eu trabalho de segunda a quinta, pelo horário da tarde, e sexta e sábado o dia todo no salão. Nos horários da manhã faço comida, cuido de casa”, afirma. “Tenho uma diarista que me ajuda também. Minha vida é uma correria diária: leva no médico, no dentista, levar na escola, buscar.”

Adriane faz parte de grande parte das brasileiras que são mães e trabalham. Em pesquisa divulgada em 2014 pelo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra que 28,1 milhões de brasileiras com filhos trabalham, o que representava 51,3% do total de mães. Um número que só cresce.

Em entrevista ao portal LeiaJá, a universitária Paola Ferreira, que trabalha na Polícia Civil do Estado do Pará, contou que em seu ambiente de trabalho há uma igualdade de tarefas tanto para homens quanto para mulheres. "Assim como os policiais chefiam grandes operações, as mulheres policiais também fazem o mesmo serviço. Hoje é bem comum vermos delegadas que assumem diretorias, divisões de homicídios no interior, dentre outos cargos importantes na polícia. Então vejo que não existe uma diferença em relação a competência, nível de trabalho, nível de dificuldade. E tudo isso mostra que a mulher não é mais vista como frágil", afirma.

Katia Santos, que trabalha como assistente administrativa, acredita que atualmente não há uma grande desigualdade comparando mulheres e homens no mercado de trabalho. "Com nossa competência e esforço, conseguimos ganhar um grande espaço no mercado de trabalho. Hoje observo que ficamos igualmente aos homens, tão competentes quanto eles", contou. 

Para Silvana Rodrigues, o dia 8 de março é a grande representação de todas as conquistas das mulheres. "O dia internacional da mulher representa a mulher guerreira, batalhadora. Nós ganhamos independência, e hoje não esperamos mais por nossos maridos para ir em busca de sonhos e conquistar nosso espaço", afirmou.     

Para denunciar casos de violência contra a mulher, ligue 180. A ligação é anônima, gratuita e pode ser feita a qualquer hora. 

Por Julyanne Forte, Mirelly Pires e Raiany Pinheiro.

Embed:

COMENTÁRIOS dos leitores