Protocolo da Chikungunya combate prescrição médica errada

Documento foi lançado nesta quarta-feira (23). Pacientes deverão responder questionário sobre a intensidade da dor

por Jorge Cosme qua, 23/03/2016 - 12:47
Divulgação ernambuco registrou as primeiras mortes por chikungunya na capital neste ano Divulgação

O Recife lançou nesta quarta-feira (23) o Protocolo de Manejo da Dor na Chikungunya. O documento visa melhorar a condição do médico e do enfermeiro a identificar os melhores medicamentos, recomendações e estratégias de acordo com o período da doença e a gravidade da dor. Pernambuco registrou as primeiras mortes por chikungunya na capital neste ano. 

A necessidade do protocolo específico pretende combater a automedicação e possíveis prescrições precipitadas que ocorriam nas unidades básicas de saúde. “A doença não é necessariamente nova, mas para nossos profissionais de saúde é de recente conhecimento”, explica o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. A aplicação de corticoides e antiinflamatórios, para atenuar os sintomas da doença, dependendo da fase, podem causar irritação gástrica, sangramentos e levar o paciente a morte. "O que serviu para seu vizinho não necessariamente servirá para você", destaca o secretário.

Um questionário deverá ser aplicado ao paciente. Nele, há uma escala de dor que varia de 0 a 10, da dor leve para a dor intensa. Dentro dessas escalas ainda há a subdivisão de fases da doença, sendo elas aguda, subaguda e crônica. Cada nível significa uma orientação terapêutica específica. 

Segundo a Secretaria de Saúde, o protocolo de manejo foi elaborado por um grupo de especialistas a partir do que vem sendo discutido pelo Ministério da Saúde e pela Organização Panamericana de Saúde. A pasta fez a aquisição de analgésicos mais potentes para serem usados com prescrição pelos profissionais. Houve um investimento de cerca de R$ 1 milhão. 

Além disso, técnicas como acupuntura deverão ser consideradas pelos médicos no tratamento da doença. “Quando nada adianta, a acupuntura pode ser mais uma medida no controle dos sintomas”, comenta a gerente geral do Plano Emergencial de Enfrentamento ao Mosquito, Zelma Pessôa. 

Dados – O último boletim de arboviroses registra a notificação de 2.632 casos de chikungunya, com a confirmação de 385. Há um aumento de 42% de registros de arboviroses, incluído dengue e zika, em relação ao mesmo período em 2015.

Capacitação – Simultaneamente ao lançamento do protocolo, a Secretaria de Saúde do Recife realizou o treinamento de 400 profissionais da Rede de Saúde Municipal, ou seja, médicos e enfermeiros que atuam na Atenção Básica e fisioterapeutas do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), para qualificar o atendimento dos pacientes com a doença. “Além de normatizar a conduta dos médicos, estamos focando também no acolhimento e apoio psicossocial a esses pacientes, que ficam muito deprimidos por não poderem seguir com a rotina natural”, conclui Zelma Pessôa. 

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