Formatura de 72 professores de 3 etnias marca Dia do Índio

Recém-graduados dos povos Tembé, Gavião e Surui Aikewara receberam diplomas do curso de Licenciatura Intercultural Indígena

ter, 19/04/2016 - 22:42
Antônio Silva/Divulgação-Agência Pará Novos professores vão ensinar alunos de seus próprios povos Antônio Silva/Divulgação-Agência Pará

No Dia do Índio, nesta terça-feira (19), a Universidade do Estado do Pará (Uepa) entregou os diplomas de 72 indígenas das etnias Tembé, Gavião e Surui Aikewara, recém-graduados na primeira turma em Licenciatura Intercultural Indígena. A cerimônia, marcada pela emoção, foi realizada no centro de convenções Hangar, em Belém.

O reitor da Uepa, Juarez Quaresma, anunciou que o curso será expandido e ganhará pós-graduação, com base em parcerias institucionais. Os novos licenciados vão atuar nas aldeias, educando seu próprio povo. A formação de professores indígenas, destacou Quaresma, é essencial para a ampliação dos direitos dessa população.

No início da cerimônia, representantes de cada etnia cantaram e dançaram. O Hino Nacional foi cantado na língua dos povos Gavião e Surui Aikewara. "Eu me sinto muito honrado. Foi uma luta muito intensa para ele, que já trabalhava como professor. Agora vai trabalhar como formado", disse à Agência Pará o índio Tembé João Pedro Soares, de 71 anos, sobre o filho Raimundo, o primeiro da família com nível superior.

O governador do Estado, Simão Jatene, parabenizou os professores e estudantes pelo esforço. “Quem não tem história, não tem memória, não tem futuro. Imagino o esforço que cada um de vocês fez até chegar aqui. Entendo que isso deve ser efetivamente uma universidade, que deve buscar da universalidade ao saber específico e tornar específico o saber universal. Esse é um momento que sintetiza bem isso”, disse.

Aprendizado - Concita Guaxipiguara Sompre, representante da etnia Gavião, discursou sobre a importância do processo de aprendizado intercultural, onde professores e indígenas aprenderam juntos. "Trabalharemos o diferenciado do saber científico e do conhecimento tradicional. Seremos capazes de produzir nossos próprios materiais didáticos. Sairemos daqui professores conscientes das nossas responsabilidades", destacou.

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena começou a ser ofertado pela Uepa em 2012. Atualmente são nove turmas ativas, com 257 alunos. As aulas aconteceram nos territórios étnico-educacionais Tapajós Arapiuns, Wai-Wai e Kaiapó, ligados aos campi dos municípios de São Miguel do Guamá, Santarém, Marabá, Oriximiná e São Félix do Xingu.

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