Transplantados denunciam falta de medicamento vital

Tacrolimo é um imunossupressor que evita que o corpo reaja contra o órgão implantado

por Naiane Nascimento qua, 20/04/2016 - 17:40
Reprodução/SES Existem pacientes que precisam de dois e até dez comprimidos por dia Reprodução/SES

O sofrimento com uma doença, o enfrentamento das filas de transplante e, enfim, a conquista do novo órgão para que a vida possa ser seguida normalmente. Esta é a realidade que muitos pacientes esperam, mas encontram um grande entrave. A falta de medicamento para evitar a rejeição do órgão transplantado pode causar colapso no atendimento a esses doentes.

“Há duas semanas estamos recebendo pacientes que foram receber o medicamento na farmácia do governo e eles têm voltado sem o Tacrolimo, um imunossupressor que não pode ser substituído e faz com que o paciente não rejeite o órgão. Estamos com medo de um colapso progressivo”, conta um profissional da área da saúde que não quis se identificar.

O que é alegado para esses profissionais é de que haverá o lançamento de edital de licitação para a aquisição do medicamento. No entanto, o processo deve demorar, no mínimo, três meses. “A falta acontece com frequência e, dessa vez, para os pacientes eles avisam que pode chegar no final da próxima semana”, conta Antônio da Silva, esposo de paciente transplantada.

De acordo com os profissionais de saúde, existem pacientes que precisam de dois comprimidos por dia, mas também há casos em que é necessário ministrar dez cápsulas ao dia. “O medicamento também pode ser encontrado nas farmácias comuns, mas seu custo gira em torno de R$ 700 por caixa, o que deixa muito custoso, visto que seu uso é por tempo indeterminado e pode durar a vida inteira”.

O sentimento dos familiares ao ver seus entes passando por essa situação é de dor. “É muito ruim pra nós porque acompanhamos tudo sobre o processo, sabemos que o custo dessas cirurgias para o governo é muito alto e que por tão pouco pode comprometer todo o esforço. É uma situação bem complicada”, lamenta Antônio.

A preocupação é a mesma para os profissionais de saúde. “A situação é bem complicada, porque o paciente sabe das consequências da falta de remédio para ele e isso mexe com o seu psicológico. Nós também não sabemos o que fazer sem esse medicamento que nem pode ser substituído”.

O Portal LeiaJá entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), que informou ter adquirido um lote de 7.900 unidades do medicamento - quantidade que cobriria o período de quatro meses -, no entanto, nesta semana o insumo já havia acabado. "O medicamento Tacrolimo é fornecido pelo Ministério da Saúde (MS) e também adquirido pela própria SES. O quantitativo adquirido pela SES chegou nesta semana e já foi repassado aos usuários". No entanto, o MS atrasou a entrega da parte que lhe cabe no fornecimento do medicamento, favorecendo o fim da quantidade comprada pelo Estado antes do prazo estimado. "A expectativa é que o quantitativo referente ao MS, que é um quantitativo maior, chegue já na próxima semana para regularizar o fornecimento do remédio".  

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