Pedras de monumento estão sendo furtadas em Olinda
Segundo pessoas da área, as pedras estariam sendo utilizadas na confecção de esculturas de santos e anjos
“Aqui em 10 de novembro de 1710 Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito da fundação da república entre nós” está escrito em uma estrela no topo das Ruínas do Senado, monumento localizado em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Os turistas, que a todo momento passam e fotografam a estrutura, em breve estarão se perguntando “aqui onde?”.
As Ruínas do Senado estão sumindo, como denunciam os moradores do Sítio Histórico da cidade. Já não existe muito do monumento, que é um pedaço de parede externa da fachada do antigo Prédio do Senado. Mas pessoas estariam diminuindo ainda mais a construção e retirando pedaços de pedras na calada da noite.
Olinda celebra o fato de que, naquele local, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito de República no Brasil, que eclodiu na Guerra dos Mascates. Em Olinda, o dia 10 de novembro é o feriado do 1º Grito de República no Brasil.
O Seu Genésio Reis, 75 anos, é artista plástico e trabalha bem em frente às ruínas. Ele conta que o caso, a retirada de pedras da estrutura, já foi relatada às autoridades. “Já procuramos a prefeitura e nada. Dia desses é que vieram aqui de um órgão e tiraram algumas pedras que estavam no chão. Estava cheio de pedras aqui”, conta, apontando pra lateral da estrutura.
A esposa de Genésio e também artista plástica Rose de Presbítero conta que viu o vandalismo pela primeira vez há cerca de dois meses. “Vi três homens no local, dois tirando e um levando. Eles saíram com um saco e achei aquilo muito estranho. Aí, há mais ou menos duas semanas, vi dois homens fazendo aquilo de novo”, ela lembra.
Mesmo com a tal limpeza que Genésio viu, é possível observar muitos pedaços de pedra ao chão e areias entre as pedras do monumento, revelando uma mudança recente no concreto. Essa deterioração é percebida apenas de um dos lados, enquanto o outro ainda não foi avariado. As ruínas também estão pichadas.
Além disso, plantas também crescem e preocuparam os olindenses. “A árvore criou raiz, a raiz já está bem profunda nas ruínas e está abrindo no meio. E está saindo ramificações na frente também, de dentro da parede”, denuncia Rose.
A reportagem do Portal LeiaJá entrou em contato com a Prefeitura de Olinda para obter informações sobre que medidas serão tomadas, mas até a edição desta matéria não houve retorno.