Premiê francês apoia prefeitos que proíbem burquini
Os prefeitos de várias localidades litorâneas da França proibiram o traje por considerar que representa a reivindicação comunitária de um Islã político
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, manifestou seu apoio aos prefeitos que proíbem o uso de burquini, traje de banho que cobre todo o corpo, adotado por algumas muçulmanas. Os prefeitos de várias localidades litorâneas da França proibiram o traje por considerar que representa a reivindicação comunitária de um Islã político.
Segundo testemunhas, o burquini já levou a incidentes violentos em uma cidade da Córsega, e a polêmica resultante desse episódio acabou virando nacional. "Entendo os prefeitos, que, nesse momento de tensão, têm o reflexo de buscar soluções, evitar perturbações públicas", declarou Valls, em uma entrevista na edição de quarta-feira (17) do jornal regional francês La Provence.
"Apoio, portanto, aqueles que promulgaram decretos, se estiveram motivados pela vontade de estimular a convivência em comum, sem segundas intenções políticas", explicou o premiê. "As praias, como todo espaço público, devem ser preservadas de reivindicações religiosas", alegou Valls.
O burquini "é a tradução de um projeto político, de contrassociedade, fundado, sobretudo, na escravidão da mulher", declarou. Por trás do burquini, "está a ideia de que, por natureza, as mulheres seriam impudicas, impuras e deveriam estar totalmente cobertas. Isso não é compatível com os valores da França e da República", argumentou o chefe de governo.
"Diante das provocações, a República deve se defender", insistiu. Até o momento, quatro prefeituras sancionaram decretos "antiburquini": Cannes e Villeneuve-Loubet na Riviera francesa; Sisco, na Córsega; e Le Touquet, na costa normanda. Leucate, no Mediterrâneo, anunciou nesta terça que fará o mesmo.