Aprovação de aterro sanitário é adiada após protesto
Com o grito “Cabuçu é o pulmão, não queremos o lixão!”, moradores da região e ativistas da causa ambiental se concentraram em frente ao Paço Municipal de Guarulhos
Após pressão dos manifestantes contra o aterro sanitário do Cabuçu, em Guarulhos, a audiência pública de amanhã (25), decisiva para a aprovação do projeto, foi cancelada. Cerca de 350 manifestantes participaram do ato com o grito “Cabuçu é o pulmão, não queremos o lixão!”, que começou às 14h, na praça Getúlio Vargas e foi até às 17h, no Paço Municipal. O prefeito Guti (PSB) não participou da manifestação e os representantes da comunidade foram atendidos pelo vereador Paulo Carvalho (PR). De acordo com deputado estadual Alencar Santana (PT), “ele (Guti) sequer está na cidade”, afirmou. Os organizadores do ato afirmaram que a Secretaria de Meio Ambiente já havia dado parecer favorável ao aterro e que é necessário conversar com os moradores antes que uma decisão definitiva seja tomada.
O protesto contou com apoio dos moradores do Cabuçu, Recreio São Jorge, Novo Recreio e demais bairros da região. Além disso, lideranças religiosas – padres e pastores – se uniram pela causa. Segundo o biólogo e representante do Movimento Cabuçu, Rodrigo Maia, a criação do aterro prejudica a qualidade de vida dos moradores por conta do excesso de emissão de gás metano, que é nocivo à saúde.
De acordo com o integrante do setor ambiental e ativista da causa em Guarulhos, Jefferson Pereira da Silva, o local onde será o possível aterro pertence a uma área de manancial e distribuição de água para a cidade. "Cerca de 13% da água do município de Guarulhos provém dessa região. Com o aterro, o solo será contaminado e é possível que a água também", afirma. Caso seja aprovado, o aterro receberá resíduos de vários municípios de São Paulo. Para o ambientalista e professor de biologia, Toninho, "os impactos ambientais na construção de outro aterro sanitário serão enormes, como por exemplo, as doenças que podem ser apresentadas e a contaminação dos lençóis freáticos. Novas áreas serão abertas e milhares de toneladas de lixo do entorno da Grande São Paulo serão produzidas na região do Cabuçu”, afirmou.
Para a moradora do Cabuçu, Maria Vilma, 49, o novo aterro sanitário vai causar um impacto “imenso na região. Hoje os moradores já sofrem com o mau cheiro, além da via ser muito estreita e não ter sinalização". Ainda segundo Maria Vilma, os munícipes não sabem os motivos não de não haver mudança de local do aterro por falta de comunicação com a prefeitura.
Reportagens locais afirmaram que o protesto era associado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Entretanto, o portal de notícias Leia Já apurou que a manifestação era comunitária e não estava veiculada a nenhum partido político.
Por Caroline Nunes e Beatriz Gouvêa