Arraial tem variedade de artesanato e artigos religiosos

Círio de Nazaré, em Belém, movimenta comércio informal com a venda de lembranças de Nossa Senhora

seg, 08/10/2018 - 11:11

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em sua 226ª edição, tem como tema "Uma jovem chamada Maria". No dia 14 de outubro, milhares de fiéis do Brasil e do mundo estarão nas ruas de Belém para homenagear a Rainha da Amazônia.

Ainda que seja um símbolo da devoção mariana, a festa nazarena tem um lado não religioso. Próximo da Basílica Santuário fica o arraial, com parque de diversões e estandes de alimentação e venda de produtos. A parte comercial é gerenciada pela Diretoria da Festa, que contrata uma empresa para montar as barracas e comercializar os pontos de venda. 

As vendas não se limitam aos artigos religiosos. “Cerca de 80% a 90% já estão conosco há um tempo. O espaço da feira é comercializado desde julho. A pessoa que se interessar deve procurar a diretoria do parque para se inscrever e garantir o seu estande de acordo com a metragem do espaço e a localização. A gente tem a preocupação de saber o que a pessoa vai vender no espaço, porque a variedade de produtos tem que atender a todos os públicos. Os artesãos são um ponto forte que têm ocupado os estandes. Muitos deles vivem da própria arte”, disse Roberto Souza, diretor do Arraial de Nazaré. 

Para o diretor, a maior parte das barracas de vendas é de artigos religiosos, algo em torno de 60% a 70%. Ele pontua que a quantidade de venda aumenta nesse período. “As imagens e os terços a meu ver são os itens mais vendidos. Na loja Lírio Mimoso normalmente é muito vendido, mas nessa quinzena é intensificado.”

Os fiéis e turistas compram muitos artigos religiosos, principalmente as fitas de Nossa Senhora de Nazaré. Márcio dos Anjos é vendedor de fitas há 13 anos. Segundo ele, quem gosta mesmo de comprar fitas são as crianças, tanto para uso quanto para dar de presente. Márcio ressalta que, por ser um vendedor informal, corre o risco de ter confiscado seu produto pelo órgão fiscalizador da prefeitura, a Secon (Secretaria Municipal de Economia). “A Secon toma o material e leva para o depósito deles. Só vou recuperar na segunda-feira depois do Círio”, afirma o vendedor.  Ele revela que por meio da venda de fitas construiu a própria casa. “Sempre na época do Círio eu começo a confeccionar minhas fitas e camisas para vir trabalhar, porque foi por essa venda que consegui construir minha casa”, disse Márcio. 

Cássia Vereno, vendedora de artigos religiosos, trabalha há onze anos no arraial. Ela comenta sobre a venda e a devoção à Santa. “Por intermédio da Nossa Senhora eu comecei a fazer essa venda. Meu trabalho aqui não é somente vender, e sim evangelizar. É uma forma da gente contribuir para o Círio de Nazaré”, disse. A vendedora fala sobre a busca por parte dos turistas. “Os turistas vêm em busca de alguma coisa que simbolize Nossa Senhora para usar ou levar de lembrança para seus amigos”, conclui.

Os fiéis são parte importante da manifestação de fé. Jéssica Santos, fala sobre como superou um período difícil da vida. “Eu nasci em berço católico e o Círio é uma forma de agradecer, pois eu já fui hospitalizada e hoje passo bem”, disse Jéssica. 

Irene Santos, mãe de Jéssica, sempre compra artigos religiosos para presentear parentes e amigos que não moram em Belém. “Os artigos são uma forma de proteção para as pessoas e as casas que vivem. Fitas, terços, camisas e um pedaço da corda são presentes que costumo dar para as pessoas”, comenta Irene.  “O Círio é algo inexplicável.”

Para Angelita Barbosa, 72 anos, a imagem da santa significa muito. “Para nós ela é a mãe de Jesus, que a gente tanto ama, e que tanto nos socorre. Jesus mesmo disse: ‘mulher, eis aí o teu filho’. O apóstolo João naquele momento estava representando todos nós, então a gente considera ela como mãe”, explicou. Para Angelita, a imagem nos remete a uma lembrança de Maria e é por isso que ela enfeita a imagem. “Ela é apenas uma lembrança da nossa mãe que está no céu, da mãe de Jesus e nossa mãe. Esses enfeites, manto e flores são para servir de adorno. É também uma forma de dizer obrigada mamãe pelo teu carinho”, comentou. “O terço é pra gente ficar em constante oração, porque o mundo pede oração. O mundo está difícil, com muitas coisas erradas, e pra mim os artigos religiosos são pra gente pedi pra ela interceder pela paz no mundo e por nós”, conclui.

Quanto mais próximo da quinzena Nazarena, mais artigos religiosos são vendidos. Os vendedores investem em uma variedade de itens religiosos para agradar o máximo de pessoas possíveis. No local podem ser encontradas imagens de Nossa Senhora de Nazaré, mantos, terços, fitas e muito mais.

Por Alisson Gouvêa, João Paulo Costa, Márcio Gomes e Roberta Arielly.

 

COMENTÁRIOS dos leitores