Ex-diretor é suspeito de desviar R$ 2 milhões de hospital
Fraude teria envolvimento da esposa do ex-diretor do Hospital Miguel Arraes, que é gerente de loja no Shopping RioMar e usaria dados de suas funcionárias sem que elas soubessem para a emissão de ordens de pagamento falsas na unidade de saúde
A Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) investigam o desvio de mais de R$ 2 milhões do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) em um esquema que teria envolvimento do ex-diretor do Hospital Miguel Arraes, que é gerido pelo Imip, e sua esposa. Os indícios apontam que o esquema de desvio de recursos públicos envolvia emissão de ordens de pagamentos a pessoas que não haviam prestado serviço ao hospital, localizado em Paulista, no Grande Recife, e nem sabiam da utilização indevida de seus nomes.
Conforme os indícios, Rodrigo Cabral de Oliveira, que foi ex-diretor administrativo e financeiro além de superintendente do Hospital Miguel Arraes, subtraiu R$ 2.237.707,30 do Imip em conluio com a esposa Viviane Gelli Baptista e de seu amigo pessoal Ricardo Alexandre Pereira de Souza. A fraude teria ocorrido entre os anos de 2016 e 2018.
A apuração revelou que ordens falsas de pagamento a profissionais autônomos eram emitidas a pessoas físicas que não tinham prestado qualquer serviço ao hospital. Entre essas pessoas está o 'comparsa' Ricardo Alexandre Pereira de Souza.
Viviane Gelli Baptista, esposa de Rodrigo Cabral, é gerente de uma loja no Shopping RioMar, na Zona Sul do Recife. Os nomes das funcionárias da loja foram colocados nas ordens de pagamento sem que elas soubessem. As contas-correntes dessas funcionárias também eram acessadas pelos criminosos de forma indevida.
A assessoria do Hospital Miguel Arraes informou que Rodrigo Cabral de Oliveira não faz mais parte do quadro funcional da unidade desde setembro de 2018. De acordo com o hospital, a fraude cometida pelo ex-diretor foi descoberta através de sindicância interna. "Tudo o que foi apurado por essa sindicância foi encaminhado às autoridades competentes para as medidas cabíveis", diz nota. A direção do hospital está tomando providências para o ressarcimento do prejuízo financeiro.
Os investigados não foram localizados para se pronunciar sobre as denúncias. A Polícia Civil também foi procurada para responder sobre o andamento da apuração na esfera criminal, mas ainda não se posicionou. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) disse desconhecer o caso. O MPPE instaurou um inquérito civil para dar continuidade às investigações e coleta de informações.
O Imip é uma Organização Social de Saúde (OSS) que possui convênio com a Secretaria Estadual de Saúde para operacionalização de gestão e execução de ações e serviços de saúde no Hospital Miguel Arraes. Por mais de uma vez, o Imip foi assunto na mídia por enfrentar dificuldades financeiras nos últimos anos. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, o Hospital Miguel Arraes é responsável por mais de dois mil atendimentos de emergência por mês.