Homem é estrangulado por PM e denuncia racismo

Tudo aconteceu na frente da filha da vítima, de 15 anos, que filmou agressão. O homem denuncia que tudo foi motivado por racismo

por Jameson Ramos ter, 26/02/2019 - 17:35

Após procurar a Caixa Econômica Federal para conseguir solucionar alguns problemas junto ao banco, o empresário Crispim Terral, de 34 anos, diz ter sofrido uma agressão racista por parte de um gerente do banco. Ele afirma ainda ter sido tratado de maneira "desnecessária" pela Polícia Militar da Bahia, quando um dos agentes militares deu-lhe um "mata-leão". A vítima precisou procurar atendimento médico após ser autuada por desacato.

Crispim denunciou a agressão sofrida à Corregedoria da PM do Estado. Na denúncia, compartilhada pelo próprio empresário, consta os nomes dos PMs responsáveis pelas agressões: Roque da Silva e Rafael Valverde. A situação aconteceu no último dia 19 de fevereiro e só foi compartilhada pela vítima nesta última segunda-feira (25).

Embed:

Tudo teria ocorrido após Crispim Terral ter esperado por mais de quatro horas para ser atendido na agência da Caixa, que ficar no Relógio de São Pedro, em Salvador, Bahia. Ao se dirigir à mesa do gerente geral da unidade, identificado apenas como Mauro, o mesmo pediu para que o empresário se retirasse. Na negativa, chamou os policiais, que chegaram cerca de uma hora depois.

Ao site Correio, Crispim relata que por dois meses vem mantendo contato com o banco para receber o comprovante de pagamento de dois cheques, que juntos totalizam mais de R$ 2 mil. Os cheques haviam sido devolvidos sob a alegação de que não havia saldo na conta do correntista para que pudesse ser compensado. No entanto, segundo alega Crispim, o valor chegou a ser descontado de sua conta.

Por isso, ele estava no banco cobrando o estorno do dinheiro. Pela oitava vez, o empresário havia voltado na agência bancária para tentar resolver o problema, quando foi surpreendido com a atitude do gerente e a ação dos policiais.

No vídeo compartilhado pelo Crispim Terral em sua conta do Facebook, é possível ouvir que, tanto o gerente Mauro, quanto o empresário foram convidados para irem à delegacia para que a ocorrência fosse registrada. No entanto, Mauro se nega a sair do banco sem o Crispim estar algemado.

"Por livre e espontânea vontade eu não vou, não. Só vou se ele (Crispim) sair algemado", disse o gerente. Aparentemente falando com outra pessoa no celular, Mauro continua dizendo: "Estão querendo fazer um acordo para que a gente preste queixa na delegacia, mas acordo eu não faço com esse tipo de gente".

O vídeo compartilhado pelo Crispim Terral está editado e, por isso, não dá para ver o que realmente levou os policiais a tomarem a atitude de golpear o empresário com um "mata-leão", golpe este que acabou matando o jovem Pedro Gonzaga, em uma unidade do supermercado Extra do Rio de Janeiro, no dia 14 de fevereiro. Na situação, Pedro acabou morrendo estrangulado pelo segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio.

A agressão sofrida pelo Crispim aconteceu na frente de sua filha de 15 anos, que filmou tudo aos prantos. Após imobilizado, a vítima foi encaminhada para delegacia, onde foi autuado por desobediência e resistência. Após ser liberado, ele procurou atendimento numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), reclamando de dores no maxilar, cabeça, pescoço e ombro esquerdo. Ele ainda prestou uma queixa contra os PMs na Corregedoria da Polícia Militar, na última quarta-feira (20).

Em resposta ao Correio da Bahia, a corregedoria disse que está apurando o caso. Já a assessoria da PM diz que "houve a necessidade de empregar a força proporcional para fazer cumprir a ordem legal exarada, mesmo após diversas tentativas de conduzi-lo sem o emprego da força".

Protesto

Um grupo de manifestantes se reuniram, nesta terça-feira (26), e foram até a agência da Caixa Econômica, onde aconteceu o episódio. De acordo com informações do site Bahia, estavam presentes na manifestação a vereadora Aladilce Souza (PCdoB)e o presidente municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Gilmar Santiago - além, claro, do próprio Crispim Terral. Com gritos e palavras de ordem, os protestantes ocuparam a agência da Caixa, pedindo por mais respeito.

COMENTÁRIOS dos leitores