Conheça a harmonização facial e a relação com a autoestima
Os procedimentos estéticos não cirúrgicos ganharam popularidade entre os famosos e estão despertando o interesse nas pessoas que desejam melhorar visualmente. O LeiaJá conversou com especialistas para entender como funciona as intervenções e as substâncias injetadas
A busca pela beleza está arraigada à evolução da humanidade e das relações sociais. Atrair olhares e a apreciação em virtude da aparência estimula o amor próprio e eleva a autoestima. Há cerca de três anos, um termo vem se popularizando no Brasil, muito pela aprovação de personalidades como Joelma, MC Loma, Carlinhos Maia e o DJ Alok, trata-se da harmonização facial. O LeiaJá entrevistou especialistas e pacientes para esclarecer sobre o procedimento, desde as técnicas executadas, os profissionais habilitados ao preço médio no mercado.
Civilizações antigas como a egípcia e a indiana já mantinham os cuidados com o visual, mas o conceito de beleza relacionado a simetria passou a ser analisado sobretudo pelos gregos. 'Kalón' era o termo designado para expressar tudo aquilo que era admirado, e sua compreensão alicerçou os pilares da arte clássica. Desde então, a harmonia e a sutileza traduzem os padrões, e impulsionam a demanda por procedimentos estéticos não cirúrgicos. No Brasil, o último censo realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) registrou o aumento de 79,5% em tais procedimentos, entre 2014 e 2016, atingindo a marca de 1.332.203 intervenções.
A harmonização facial é a expressão que engloba uma série de técnicas minimamente invasivas para equilibrar visualmente a face. A intenção é evidenciar pontos fortes e corrigir os pontos fracos do rosto através da aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico. Tais substâncias prometem pôr fim às linhas de expressão marcadas, rugas e assimetria. "'Estou apaixonada por mim' [...] Tem paciente que para até de tomar antidepressivos e fica irreconhecível, dizendo que tá feliz, que recuperou sentido na vida. Isso faz valer a pena.", relatou o cirurgião plástico Cláudio Cordeiro ao relembrar das mensagens que recebe das pacientes.
A melhor versão de mim
"Saiu [o que incomodava] mas não mudou o rosto. É uma coisinha que as pessoas notam que você tá melhor, mas não veem deformação", garantiu a funcionária pública Georgia Soares, de 49 anos. Ela conheceu a harmonização na internet e já realizou procedimentos na testa, maxilar, bigode chinês e nas olheiras, região onde mais se queixava. "A autoestima melhora muito. Eu podia passar corretivo, mas não tinha jeito. Aí você olha para o rosto e mesmo sem maquiagem, ele tá com mais viço, sem as marquinhas que lhe deixam com uma expressão triste", afirmou.
A advogada Marina Campos, de 27, constatou os ganhos com a harmonização. Através de amigas, ela descobriu o preenchimento labial e assegura que, desde então, está com a autoestima "superelevada". "Sou muito vaidosa. Tudo que for pra gente buscar a melhor versão da gente, eu tô topando. Gostei bastante, tanto que já quero de novo", revelou.
As susbtâncias que proporcionam bem-estar
A toxina botulínica é uma substância moduladora de tecido, ou seja, diminui a força do músculo e paralisa a região, por aproximadamente seis meses. Ela é utilizada para rugas que surgem durante a movimentação de regiões como a testa ou os indesejados pés de galinha. Já o ácido hialurônico é um gel que preenche determinada área, por cerca de um a dois anos. Ele dá volume e é indicado para sulcos aprofundados, olheiras ou para desenhar a mandíbula e outras regiões.
O investimento varia conforme o tamanho da intervenção e a quantidade de substância injetada. No Recife, conforme os profissionais, uma aplicação de toxina botulínica custa entre R$ 1000 e R$ 1300. Enquanto cada ml de ácido hialurônico sai em torno de R$ 900 a R$ 1500. Tal variação também depende da textura do ácido, ou "dureza", utilizada para trazer naturalidade às diferentes densidades musculares. Vale lembrar que apenas o preenchedor pode ser revertido antes do término do efeito.
A harmonização facial não é permanente, visto que, cada substância tem seu prazo no organismo. Nos consultórios, as pacientes passam por avaliação para se certificar da necessidade da intervenção. Sobre isso, o cirurgião ressalta a importância das avaliações e a capacitação profissional. "Tem hora que tenho que frear muito. O contrário acontece também, as vezes o paciente chega, não precisa fazer nada e quer alguma coisa. Aí eu proíbo".
Capacitação profissional para um resultado satisfatório
Apenas profissionais habilitados, com amplo entendimento de anatomia, podem realizar a harmonização. "O pessoal tá fazendo curso em um sábado para fazer o que a gente faz em três anos de residência. Querem fazer comércio com uma coisa que não é comércio", denuncia Cláudio. Apenas dermatologistas e cirurgiões plásticos estão aptos, excluindo a oferta de dentistas, esteticistas e fisioterapeutas.
"[O médico] se preocupa em saber se temos alergias ou algum probleminha. Além disso, foi mandado para gente recomendações do que tínhamos que fazer antes do procedimento", as recomendações variam com a localidade das aplicações, mas Georgia lembra que não pôde beber água quente ou realizar exercícios físicos. Sobre as contraindicações, a dermatologista Carolina Lins alerta para "doenças autoimunes, pacientes que tomam anticoagulantes ou antibióticos, grávidas e pessoas com doenças neurológicas".
Confira o procedimento
Mesmo simples - com recuperação média de quatro dias- e rápida, em torno de 45 minutos - dependendo do volume das aplicações - a harmonização facial traz riscos à saúde e "mesmo se a gente usar a técnica correta e o produto bom, complicações podem acontecer e é bom a gente saber reverter", destacou Carolina. Ela reforça o uso de materiais liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o cuidado na escolha do profissional. Caso uma das agulhas atinja um vaso sanguíneo ou um nervo, pode ocasionar uma infecção, necrosar os tecidos e até mesmo uma paralisia facial permanente.