Bolsonaro prestigia Salles em reunião de crise ambiental
O presidente elogiou a atuação do auxiliar, alvo de críticas de ambientalistas, e sua disposição em reagir às declarações contra o Brasil
Na reunião que comandou na tarde desta sexta-feira, 23, no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro fez questão de prestigiar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "Não teria melhor ministro aqui cuidando disso", afirmou o presidente, segundo pessoas presentes ao encontro em que foram discutidas medidas de combate aos incêndios na Amazônia.
Bolsonaro elogiou a atuação do auxiliar, alvo de críticas de ambientalistas, e sua disposição em reagir às declarações contra o Brasil. E ironizou: "Queria ver se fosse aqui a Marina Silva ou o Zequinha Sarney para resolver este pepino. Imagina se eles estivessem na mesma situação", disse o presidente, rindo, e comemorando o perfil combativo de Salles. Marina foi ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Zequinha comandou a pasta na gestão de Michel Temer.
Ainda segundo relatos, ao ser informado durante a reunião que as queimadas estavam concentradas no sul do Pará, no norte de Mato Grosso e em Rondônia, admitiu que a situação "é grave". "Temos de atuar, mas a Amazônia não está em chamas como estão dizendo", afirmou, de acordo com os interlocutores.
Nos relatos apresentados a Bolsonaro, com base em fotos de satélite e outras informações repassadas ao governo, não há focos de incêndio na parte norte da Amazônia. Na avaliação dos presentes, os eventos são semelhantes aos ocorridos em anos anteriores. Também foi apresentado ao presidente depoimentos, em vídeo, de apoiadores que corroboram a afirmação de que, apesar de as queimadas existirem, não são maiores do que as que ocorreram em anos anteriores.
Em alguns momentos, de acordo com presentes, o presidente mostrou irritação com os ataques de autoridades de outras países - particularmente da França, Alemanha e Canadá.
Uma das discussões na reunião foi o horário do pronunciamento, que foi ao ar às 20h30. Houve quem defendesse que fosse antecipado, para 20h, e que não haveria mais a necessidade de que ocorresse no "horário do Jornal Nacional", o principal telejornal da TV Globo, como tradicionalmente ocorre. O horário original, porém, foi mantido. Bolsonaro deixou a reunião dizendo que iria "arrumar o cabelo" porque ia aparecer na televisão.