Crises de asma matam mais de 2 mil pessoas por ano
Doença é a quarta no ranking de internações em hospitais do país, diz Ministério da Saúde
Com a notícia da morte da atriz, roteirista, escritora e apresentadora Fernanda Young no último domingo (25), em decorrência de uma crise asmática seguida de uma parada cardiorrespiratória, o alerta sobre as complicações da doença voltou a ser destaque no noticiário e no cotidiano dos brasileiros. Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2017, a asma ocupava o quarto lugar nas estatísticas de internação em hospitais do Brasil. Ainda segundo este levantamento, foram registradas 2.177 mortes em todo o território nacional naquele ano.
Caracterizada pela tosse contínua e dificuldade na respiração, a asma é uma doença respiratória na qual a inflamação nos brônquios (tubos que levam o ar até o tecido pulmonar para fazer a troca de oxigênio) faz com que essa estrutura produza mais secreção e diminua o espaço pelo qual o ar precisa passar. Médico pneumologista do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Rodrigo Abensur Athanazio afirma não haver uma causa específica da doença, entretanto a incidência é maior por implicações alérgicas. "O contato com mofo, pêlo de animais, produtos de limpeza, entre outros faz o corpo identificar como uma agressão e a inflamação aumenta", explica. Além da alergia, Athanazio também considera que quem tem casos de asma na família ou trabalhe em ambientes insalubres, como no contato com produtos químicos, têm chance maior de desenvolver asma na vida adulta.
Como a doença é crônica, os especialistas recomendam que os asmáticos façam um acompanhamento e usem a medicação para prevenir problemas respiratórios. Athanazio, que também é diretor científico da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, ressalta a importância da utilização das vacinas, que fortalecem a imunização do corpo e fazem com que os pacientes tenham uma vida normal. "Quem tem asma consegue ter uma função pulmonar normal usando as medicações para prevenir as complicações e as vacinas para prevenção de doenças respiratórias, como a da gripe e pneumocócica", destaca.
Ainda segundo o médico, o tratamento para os casos considerados simples e até mesmo os mais graves está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). "Tratamos com um remédio que vai agir no músculo do brônquio para que ele abra novamente. Os corticoides inalados são os principais aliados no tratamento da asma. Em casos mais graves, é necessário o uso de broncodilatadores de longa duração aprovado na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no SUS", confirma o pneumologista.
Bombinha salvadora
Outro método muito usado e recomendado pelos médicos é o nebulímetro, mais conhecido como bombinha. "Usar as bombinhas é uma forma segura e muito eficaz. Mesmo sendo uma dose extremamente pequena de medicação, age diretamente nos brônquios com baixa absorção prejudicial ao sistema", declara o especialista Athanazio.
Além disso, o pneumologista indica que pessoas próximas ao asmático também precisam ficar atentas quanto a possibilidade dele sofrer uma crise. "É importante que os pacientes tenham sempre a medicação de resgate por perto e que os que convivam saibam onde o remédio fica para fornecer ao paciente em um momento de estresse", orienta. O médico também chama a atenção para que a ansiedade não atrapalhe no momento do socorro. "Mantenha a calma. A pessoa em crise fica mais ansiosa, respira mais rápido e isso dificulta ainda mais a troca de ar", finaliza.