Memes na internet podem sinalizar quadro depressivo
Psicóloga Elisabeth Levi, da UNAMA - Universidade da Amazônia, adverte que compartilhamento de imagens nas redes sociais indica, muitas vezes, vulnerabilidade psicológica
Os memes são desenhos ou imagens com frases engraçadas ou bizarras. Entre esses, existe o meme depressivo, que pode influenciar pessoas vulneráveis psicologicamente. Cada vez mais, hoje, jovens frequentam as redes sociais em busca de alternativas para expressar seus sentimentos, e uma delas é o compartilhamento de memes depressivos.
Os memes realmente dão sinais? Talvez sim. Segundo a psicanalista Elizabeth Levy, docente do curso de Psicologia na UNAMA - Universidade da Amazônia, pode ser que esse jovem que compartilha memes esteja em um processo autodestrutivo, com ideias suicidas, se identificado com situações de morte ou até mesmo ter tido uma perda e desilusão grande, e os memes vêm apenas para influenciar.
“Tem memes que me representam em determinadas situações”, relata Fabrício Malcher, internauta que compartilha essas imagens.
O que para alguns pode ser apenas brincadeira, para profissional da área, tanto de saúde mental quanto áreas afins, é uma preocupação muito grande. De acordo com a psicanalista, que tem trabalhado com temáticas voltadas ao comportamento nas redes sociais e os sofrimentos psíquicos, as pessoas escondem seus problemas reais na internet. Crianças que são extremamente inibidas acabam fazendo amigos crianças, jovens e até adultos. No caso dos adolescentes, o “melhor amigo” é o Youtube. Para a psicóloga, eles se esquecem de ter uma vida social e desconsideram a importância das relações.
“Os pais devem estar sempre muito perto dos filhos, em diálogos, momentos de sentar na mesa e brincar. Se os pais tiverem um bom relacionamento com o jovem, dificilmente ele entrará em quadros depressivos, e se entrar, que esses pais possam ajudar nisso. Por que será que meu filho está trancado horas e horas no quarto? Com quem ele está falando? O que ele está fazendo? Quais são as relações dele e pelo que ele se interessa? Então tem que se aproximar. Além dos pais, a escola também é uma via de saber o que está acontecendo. Essas coisas que dizem 'porque quem quer se matar não diz', diz sim. Ou através de palavras ou de sinais e às vezes não queremos ver”, alerta a professora.
Segundo a professora, as redes sociais são muito interessantes também positivamente. "Deve-se ter campanhas educativas em relação à saúde mental dos jovens, adolescentes e crianças, alertando para o uso abusivo indiscriminado de memes, para que todos fiquem atentos a esse fenômeno que está acontecendo hoje", diz Elizabeth. "Ademais, os pais e responsáveis podem pedir ajuda psicológica. Psicólogos e até psiquiatras podem dar suporte em psicoterapia e avaliação para medicação."
A UNAMA, informa a professora, oferece atendimento gratuito no sreviço de Plantão Psicológico. São até dois encontros. Depois, a pessoa pode ser encaminhada para a psicoterapia por R$ 10,00 a sessão, na própria Clínica de Psicologia da UNAMA. Elizabeth ressalta que jovem, adolescente ou criança em situação de risco deve procurar ajuda.
Com reportagem de Quezia Dias.