Queimadas na Amazônia ameaçam bioma desconhecido

Grande parte da biodiversidade das floresta ainda se encontra inexplorada, devido a dificuldades geográficas, e corre risco, alerta pesquisadora

qui, 05/09/2019 - 17:54
Afonso Serejo/LeiaJáImagens Roberta Raiol: incêndios provocam perda de biodiversidade e cultura Afonso Serejo/LeiaJáImagens

O ano de 2019 tem sido marcado por notícias a respeito das queimadas recorrentes na região da floresta amazônica, e já são inúmeros os impactos e perdas ambientais irreversíveis. Segundo dados da ONG WWF Brasil, cerca de 265 espécies oriundas das áreas atingidas pelos incêndios estão ameaçadas de extinção, incluindo 180 da fauna e 85 da flora.

Segundo Roberta Oliveira Raiol, licenciada plena em Biologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), e mestra em Zoologia com concentração em Ecologia e Conservação, o primeiro prejuízo para as espécies ameaçadas da fauna amazônica é a alteração que ocorre no meio onde elas se encontram. “Toda essa alteração do ambiente pode prejudicar e muito a permanência dessas espécies ameaçadas e até mesmo contribuir para a sua extinção”, afirma.

Segundo a zoóloga, dependendo do quanto se alastram, as queimadas podem vir a auxiliar a extinção de espécies ainda sequer conhecidas pela ciência. “Talvez, dentre esses grupos, existam aquelas espécies que ainda nem mesmo foram conhecidas pela ciência, visto que o bioma amazônico tem uma grande biodiversidade, e grande parte dessa biodiversidade ainda se encontra inexplorada, devido às dificuldades geográficas que se tem”, informa.

O ecossistema amazônico, segundo Roberta, corre um grande risco de se perder, em partes, visto que a floresta possui uma estrutura e as suas espécies que vão apresentar diferentes funções ecológicas: “Em muitos desses ambientes, a gente já pode enxergar um clímax, ou seja, um equilíbrio, uma maturação muito grande dessas estruturas, e, com as queimadas, isso provoca um grande desequilíbrio nessas funções, nessas relações ecológicas”. Ela afirma que a recuperação de tais funções ambientais pode levar muitos anos, e até mesmo alguns séculos, para que possamos enxergar o clímax hoje observado.

A bióloga ainda alerta para a grande perda sofrida na questão social, referindo-se aos grupos tradicionais imersos no território amazônico, tal como os indígenas: “Além da biodiversidade florística, faunística, a gente ainda tem aí uma perda da nossa cultura”.

Por Afonso Serejo.

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