Ibovespa sobe com decisão do BCE
Acompanhando o sinal positivo das bolsas em Nova York, o Ibovespa emendou o segundo dia de valorização e fechou a sessão desta quinta, 12, em alta de 0,89%, aos 104.370,91 pontos - maior nível desde 18 de julho
Uma troca de afagos entre Estados Unidos e China e o pacote de estímulos à economia anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE) animaram os mercados acionários nesta quinta-feira. Acompanhando o sinal positivo das bolsas em Nova York, o Ibovespa emendou o segundo dia de valorização e fechou a sessão desta quinta-feira, 12, em alta de 0,89%, aos 104.370,91 pontos - maior nível desde 18 de julho (104.716,59 pontos).
O principal índice da B3 foi impulsionado, sobretudo, pelo avanço expressivo de papéis ordinários da Vale (3,63%) e das siderúrgicas, na esteira da alta de 4,90% do minério de ferro no porto de Qingdao, na China. O Índice de Materiais Básicos (IMAT) liderou os ganhos entre os índices setoriais da B3, com valorização de 2,78%, Ainda entre as blue chips, destaque para o avanço dos papéis da Petrobras, a despeito da queda dos preços do petróleo, e da Ambev (+2,43%), após a ABInbev informar que retomou planos de lançar oferta pública de ações na bolsa de Hong Kong.
Investidores já iniciaram os negócios sob o impacto positivo de um tuíte publicado quarta à noite por Donald Trump. No que classificou com um "gesto de boa vontade" para com os chineses, Trump anunciou o adiamento da elevação de tarifas de 25% para 30% sobre US$ 250 bilhões em produtos da China de 1º de outubro para 15 de outubro. O anúncio do presidente americano veio horas depois de o país asiático decidir isentar 16 tipos de produtos dos EUA de tarifas extras por um ano, a partir do dia 17.
Também pela manhã surgiram relatos de que Trump estaria considerando a possibilidade de um acordo provisório com a China - o que levou a aceleração das bolsas americanas e o Ibovespa até à máxima dos 104.618,01 pontos. As informações foram refutadas por uma autoridade da Casa Branca em seguida, o que diminui levemente o ímpeto das bolsas.
"Os mercados estão muito sensíveis a essa questão da guerra comercial, já que pode prejudicar o crescimento da economia americana e global. Esses afagos trouxeram certo alívio, o preço do minério subiu e isso acabou dando força a papéis com peso no Ibovespa", diz Pedro Galdi, analista de investimentos da Mira Asset, acrescentando que o anúncio de estímulos pelo BCE contribuiu para o apetite por risco e serviu como uma amostra do que pode acontecer caso o Federal Reserve (Fed)anuncie uma nova redução dos juros na semana que vem, como esperado pelo mercado. "Se o Fed for agressivo e Trump e os chineses continuarem a mostrar sinais de que querem negociar, há espaço para uma nova rodada de alta do Ibovespa".
O Banco Central Europeu manteve a taxa de refinanciamento em 0%, mas cortou a taxa de depósito, de -0,40% para -0,50%, e anunciou um programa de aquisição mensal de 20 bilhões de euros em ativos a partir de novembro, que será mantido "pelo tempo que for necessário para reforçar o impacto acomodatício das suas taxas de política". O presidente do BCE, Mario Draghi, alertou que o raio de ação da política monetária é limitado e sugeriu que os países que puderem adotem estímulos fiscais - o que refreia as apostas em ações mais agressivas por parte do BCE.