Pressionado pela privatização, metrô sofre "canibalização"
Segundo a CBTU, dos 40 trens que compõem a frota, apenas 26 estão em condições de funcionamento. Vale ressaltar que, em 2012, 15 composições foram adquiridas por R$ 196 milhões
Diante de aproximadamente 80 falhas técnicas -advindas de um suposto processo de sucateamento proposital- e o contraste com os reajustes -que já aumentaram a tarifa de R$ 1,60 para R$ 3, só em 2019-, o metrô do Recife deu o primeiro passo para a privatização enquanto sofre um processo interno de "canibalização". De acordo com denúncias recebidas pelo LeiaJá, a frota de trens não roda integralmente pois 14 composições estão paradas em oficinas e cedem suas peças para alimentar outras composições.
De acordo com o site da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), quatro oficinas são destinadas à reparos técnicos. Pessoas com acesso ao setor, optaram por não se identificar, mas denunciaram que no local, composições estão estagnados para reutilização de suas peças.
"O que tá acontecendo é que vários trens estão ficando paralisados na manutenção e servindo aos próprios trens como se fosse um laboratório para retirada de peças para colocar em alguns que tenham uma condição melhor de rodar[...] Ou seja, é uma canibalização das composições", confirmou o diretor de comunicação do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro).
Atualmente, o serviço de transporte é mantido por apenas 26 trens, entretanto, a totalidade da frota é de 40, confirmou a CBTU ao LeiaJá. Dos 14 que estão fora de operação, 12 são da antiga frota Santa Matilde e dois foram adquiridos em 2012, em uma compra equivalente a cerca R$ 196 milhões, junto com mais 13 composições.
"Não tem peça de recomposição para as composições, não chega dinheiro e não tem condições de repor as peças danificadas", assegurou o representante do Sindmetro.
Esta semana, o LeiaJá já havia publicado sobre o sucateamento supostamente compulsivo, resultante dos cortes no repasse feito pelo Governo Federal. Para 2019, a União reduziu o valor do orçamento anual da entidade para R$ 98 milhões, mas houve um novo decréscimo e o repasse foi estipulado em R$ 56 milhões.
No dia 4 deste mês, um decreto presidencial foi publicado no Diário Oficial da União com a inclusão da CBTU no Programa Nacional de Desestatização (PND). Este foi o primeiro passo para privatizar a entidade, que também opera em Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa e Natal.
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