Conservadores vencem as legislativas na Polônia
Por sua vez, a esquerda voltará ao Parlamento após uma ausência de quatro anos, enquanto a extrema direita também estará representada no hemiciclo
Os conservadores nacionalistas que governam a Polônia venceram as eleições legislativas, com 45,16% dos votos, após a apuração de 82,79% das urnas. Por sua vez, a esquerda voltará ao Parlamento após uma ausência de quatro anos, enquanto a extrema direita também estará representada no hemiciclo.
Com 45,16% dos votos, o partido Direito e Justiça (PiS) de Jaroslaw Kaczynski, muito popular nas regiões rurais graças a suas ajudas sociais, conquistou maioria absoluta na câmara baixa, de 460 deputados, para um novo mandato de quatro anos e poderá prosseguir com seu controverso programa de reformas.
O principal partido de oposição, a Coalizão Cívica (KO, centrista), ficou muito atrás, com 26,10% dos votos, seguido pela esquerda (12,10%). O partido dos agricultores PSL, associado ao antissistema Kuki'z15, conseguiu 8,81% dos votos.
"Temos pela frente quatro anos de trabalho árduo", afirmou no domingo à noite Kaczynski. "Merecemos mais", acrescentou o chefe do PiS, considerado o homem mais influente da Polônia.
Uma formação de extrema direita antissistema, que inclui os ultraliberais e os nacionalistas anti-imigrantes, a Confederação, entraria no Parlamento com 6,71% dos votos. Já a minoria alemã obteve um assento.
A participação foi de 61,1%, um recorde desde as primeiras eleições de 1989, organizadas ainda segundo o sistema herdado do comunismo. Entre as cinco listas que devem entrar no Parlamento, algumas são alianças de grupos muito distintos.
"Com muitos jovens novos e corajosos, sem respeito pelos mais velhos, esta será uma 'Dieta' (Assembleia) mais clara, mais animada, mais interessante", aponta Ewa Marciniak, cientista política da Universidade de Varsóvia.
O PiS "tem a maioria absoluta e não precisa de aliados para governar", declarou à AFP Stanislaw Mocek, reitor da universidade Collegium Civitas.
Mas "não tem uma maioria suficiente para rejeitar um veto presidencial. Desta forma, o desafio para a oposição será apostar nas eleições presidenciais do próximo ano".
O PiS, que governa a Polônia desde 2015, tentou mobilizar as classes mais desfavorecidas da sociedade rural, com a defesa dos valores familiares contra o que chamou de "ideologia LGTB" e a promessa de mais ajudas, de redução dos impostos e aumento do salário mínimo.
Kaczynski, no entanto, provocou polêmica entre os aliados europeus ao atacar as minorias e criticar os valores liberais ocidentais, com a aprovação tácita da influente Igreja Católica.
Diante deles, a oposição do KO se apoiou nos habitantes das grandes cidades, descontentes com as reformas controversas do PiS, incluindo as do sistema judicial, e pela transformação da mídia pública em máquina de propaganda do governo.
Em sua primeira reação, seu líder, Grzegorz Schetyna, prometeu que o KO venceria as eleições presidenciais de 2020.
Por sua vez, a esquerda, que condenou a campanha anti-LGBT dos conservadores, mas que apoia seu programa social, expressou sua satisfação por ter retornado ao Parlamento.