Alemanha acusa dois sírios de crimes contra a humanidade

A decisão abre caminho para o primeiro julgamento no mundo de autoridades sírias pelos abusos cometidos sob o regime de Assad desde que o início do conflito no país, em 2011

ter, 29/10/2019 - 09:56
- (Arquivo) Forças de segurança usaram a força para interromper uma manifestação antigovernamental na cidade síria de Douma -

Dois sírios, ex-membros do serviço secreto do regime de Bashar Al Assad, foram acusados de crimes contra a humanidade na Alemanha, anunciou nesta terça-feira (29) o Ministério Público Federal.

A decisão abre caminho para o primeiro julgamento no mundo de autoridades sírias pelos abusos cometidos sob o regime de Assad desde que o início do conflito no país, em 2011, informou a ONG alemã ECCHR, que prevê que a audiência aconteça no início de 2020.

Ambos, apresentados pela imprensa como Anwar Raslan e Eyad al Gharib, foram detidos em fevereiro, de acordo com o escritório do MP na cidade de Karslruhe (sudoeste).

No mesmo dia das detenções, um terceiro suspeito, também sírio, foi detido na França, afirma o comunicado do MP.

Os dois homens detidos na Alemanha, sobretudo Anwar Raslan, são suspeitos de desempenhar um papel ativo em uma prisão de Damasco em que foram cometidos atos de tortura.

Anwar Raslan comandava a prisão, na qual, segundo o MP, ao menos 4.000 pessoas sofreram torturas do fim de abril de 2011 ao início de setembro de 2012.

"Pelo menos 58 personas morreram em consequência dos abusos", afirmou o Ministério Público.

Anwar Raslan, ex-integrante da direção do serviço secreto sírios, desertou do regime de Assad en 2012 e entrou na Alemanha, como refugiado, dois anos depois.

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