Pandemia é oportunidade para adquirir boas práticas

Conheça histórias de quem aproveita o período de isolamento para aprender novas atividades sem sair de casa

por Alex Dinarte qua, 13/05/2020 - 15:28

A mudança da rotina, trazida pela pandemia do novo coronavírus, também serviu para despertar a criatividade em novos afazeres. Com a recomendação de isolamento social, as opções que estão ao alcance das mãos, dentro da própria casa, passaram a ser as atividades diárias de quem respeita a quarentena. Em alguns casos, as novidades deixaram de ser apenas hobbies e devem virar companhia para os novos tempos.

Aposentada há mais de uma década, a dona de casa Vera Lucia Pires, 69 anos, nunca teve uma rotina tranquila. Ela cuida do marido que tem Alzheimer, de três cães e dois gatos, além do cotidiano de casa. Com o distanciamento social, ela divide o tempo restante entre o zelo pela casa e as aulas de francês que passaram a ser online.

A aposentada Vera Lucia Pires tem feito jardinagem no quintal | Foto: arquivo pessoal

Vera também passou a se dedicar ainda mais a um estilo de terapia: a jardinagem em seu quintal. "Trato de minhas plantas todos os dias, começo pela manhã e muitas vezes vou até a tarde", comenta. Apaixonada pelo verde e com um espaço ocupado por várias espécies, ela acompanha o crescimento dos brotos. "Gosto de fazer mudas e plantar sementes de frutas, principalmente para vê-las brotam. Atualmente, meu xodó são as Rosas do Deserto. Já tenho 20 variedades e estudei muito para cultivá-las", complementa.

Já a paisagista Rayra Lira, 29 anos, deixou o trabalho com os projetos de decoração natural um pouco de lado para assumir seu perfil gastronômico. Acostumada a cozinhar para amigos e familiares aos finais de semana, agora é ela quem está no comando do fogão todos os dias. "Com a rotina agitada, não comia em casa ou não parava para apreciar a refeição. Agora tenho aproveitado mais e acaba sendo a hora mais gostosa do dia. Eu mesma invento e preparo meus pratos", conta.

Bebida e prato elaborados por Rayra Lira | Foto: arquivo pessoal

O período de isolamento social tem servido tanto para Rayra preparar novas receitas quanto para ficar mais atenta a uma alimentação que alivie as tensões. "Mesmo em casa direto e às vezes ansiosa, tenho procurado montar pratos bem coloridos e mais saudáveis", afirma. A paisagista ainda usa o espaço no apartamento em que mora para cultivar os próprios temperos, aqueles que vão fazer parte do cardápio. "O que me deixa satisfeita nos dois [paisagismo e gastronomia] é que ambos mexem com os nossos sentidos, geram pensamentos positivos, trazem alegria e são 100% manuais", acrescenta.

Outra que encontrou um amor do passado na quarentena foi turismóloga Milene Giese, 39 anos. Morando sozinha há cerca de um ano e meio em Londres, na Inglaterra, a veia musical da infância voltou à tona, e o ukulele, instrumento de cordas, é seu mais novo companheiro. "Tem feito muito bem para mim, pois ocupo muito a minha mente. Estou afastada do trabalho, em casa sozinha, então começar a tocar o ukulele foi uma coisa que mudou a minha vida", declara ela, que estudava piano quando criança e tem familiaridade com música. "Dediquei a aprender acordes, depois fazer exercícios para as mãos e dedos, escolhi uma música e comecei a praticar. Pego músicas em inglês e fico traduzindo, estudando. Passo umas cinco, seis horas do meu dia tocando", complementa ela, que usa canais no YouTube para aprender as lições musicais.

Milene Giese passou a tocar ukulele no isolamento | Foto: arquivo pessoal

Como o restaurante em que trabalha se mantém fechado devido ao isolamento social, Milene afirma que o ato de aprender a tocar o ukulele soma-se a outras atividades que a fazem preencher o dia. "Continuo fazendo exercícios físicos no quintal e me alimento melhor. Assim me sinto em paz, esperando esse momento passar, aproveitando o tempo livre para cuidar da saúde e da mente", ressalta. Ainda segundo a turismóloga, a música tem sido uma terapia durante os dias da pandemia. "O novo hobby virou uma grande paixão. A música alimenta a alma e tem sido minha terapia nessa quarentena. Com certeza vou continuar tocando", complementa.

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