Sarí diz que fez o possível para evitar a queda de Miguel

'Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava', afirmou a acusada de abandonar o menino, de cinco anos, que morreu após cair de 35 metros de altura

por Victor Gouveia seg, 06/07/2020 - 08:34
Reprodução/TV Globo Ela pode pegar até 12 anos e prisão e garantiu que está à disposição da Justiça Reprodução/TV Globo

Em entrevista ao Fantástico nesse domingo (5), a primeira-dama do município de Tamandaré e ex-patroa de Mirtes Renata, Sarí Côrte Real, deu sua versão sobre a morte de Miguel Otávio, de cinco anos, que caiu do 9º andar de um condomínio de luxo no Recife. O caso comoveu o Brasil no início de junho devido à conduta irresponsável da acusada, que abandonou o garoto no elevador do edifício. Ela diz estar arrependida e classificou o episódio como uma “tragédia”.

"Eu sinto que fiz tudo que eu podia. E se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava. Se eu soubesse que ia acontecer. Eu esperava mais, não sei, só sei que naquela hora eu fiz tudo que eu podia. Não fiz nada temendo o que ia acontecer", afirmou.

Com um terço em mãos e uma blusa branca, Sarí deixou de lado a vaidade e respondeu às perguntas sem maquiagem ou joias extravagantes. No momento da queda, ela era atendida por uma manicure, que relatou em depoimento que, mesmo após o garoto cair de uma altura de aproximadamente 35 metros, a contratante tinha o desejo de finalizar as unhas.

Nas mãos da Justiça 

A criança ainda aprendia os números e passou a frequentar o condomínio Píer Maurício de Nassau durante a pandemia, pois a falta de acompanhantes obrigou a mãe a levá-lo ao trabalho. Ele não estava habituado ao prédio, nem ao uso do elevador, ainda assim foi deixado sozinho por Sarí, que aparentemente acionou o botão para a cobertura após retirar o menino do elevador em quatro oportunidades. “O maior contato que eu tive com Miguel foi na pandemia e nas vezes que precisou chamar atenção dele, solicitei a mãe ou a avó. Nunca repreendi ele. Não me senti segura pra isso”, contou.

Sarí chegou a ser acusada de homicídio culposo, mas pagou fiança e foi liberada horas depois. Ela também foi ao velório do menino e chegou a ser expulsa por familiares da sua ex-empregada. Com o término do inquérito e da rodada de depoimentos, houve uma mudança na tipificação do crime e ela responderá por abandono de incapaz, com pena de até 12 anos de reclusão. “Até hoje eu tô aqui firme, porque muita gente depende de mim. Se lá na frente o resultado for esse, vou cumprir o que a lei pedir. Está na mão de Justiça. Eu vou aguardar o que a Justiça determinar”, garantiu ao entender que precisa cuidar dos seus dois filhos.

"Não tenho mais meu filho por causa da vaidade dela"

Para Mirtes, não há sinceridade, nem arrependimento nas palavras da ex-patroa. A doméstica e a avó de Miguel pediram demissão da residência, contudo, após mais de um mês, elas ainda não receberam nenhuma indenização ou quantia garantida pelos serviços prestados. “Tenho certeza que se fosse o contrário, se fosse com a filha dela, eu estaria indo para a delegacia dentro de um camburão”, ressaltou.

“Ela não tem arrependimento nenhum pelo que ela fez com meu filho. Não tenho como perdoar, ela acabou com a minha vida. Não tenho mais meu filho por causa da vaidade dela. Eu não tenho mais meu filho pra dar carinho, amor, atenção. Quero que ela pegue a pena máxima”, concluiu.

COMENTÁRIOS dos leitores