Mundo tenta conter possível segunda onda de coronavírus
O Reino Unido defendeu nesta terça-feira (28) sua decisão de impor quarentena a todos os viajantes procedentes da Espanha, um medida criticada por Madri
Das quarentenas aos fechamentos de praia e à obrigação de usar uma máscara, mesmo ao ar livre, os governos de todo mundo impõem novas restrições para tentar impedir uma segunda onda do novo coronavírus, que começa a isolar a Espanha mais uma vez.
Inicialmente considerada um exemplo de gestão da crise da Covid-19, a Alemanha ligou o alerta nesta terça-feira (28) com o aumento de novos casos nos últimos dias e desaconselhou viagens não essenciais a três regiões da Espanha (Aragão, Catalunha e Navarra).
Já o Reino Unido defendeu nesta terça-feira sua decisão de impor quarentena a todos os viajantes procedentes da Espanha, um medida criticada por Madri, que a chamou de "desajustada", apesar do aumento de casos de coronavírus.
A Espanha registrou "um aumento de 75% dos casos entre a metade e o final da semana passada, por isso tomamos essas medidas", disse o secretário de Estado do Crescimento Regional e Governo Local, Simon Clarke.
A decisão repentina de Londres chegou de surpresa no domingo para milhares de britânicos que estavam na Espanha de férias.
Nesta terça, o governo espanhol reafirmou que o país é "seguro" para os turistas. "Queremos enviar uma mensagem clara de confiança", disse a porta-voz do governo, Maria Jesús Montero.
A Espanha é "um destino seguro que se preparou e se fortaleceu para lidar com o vírus e novos surtos", acrescentou ela.
O turismo mundial sofreu perdas de 320 bilhões de dólares entre janeiro e maio, devido à pandemia viral, informou a Organização Mundial de Turismo (OMT).
Para a Espanha, a pandemia também tem tido sérias consequências sociais, com mais de um milhão de empregos destruídos no país no segundo trimestre - a grande maioria nos setores de serviço e turismo, conforme dados oficiais divulgados nesta terça-feira.
E, mundialmente, a desnutrição pode afetar cerca de sete milhões de crianças adicionais por causa da crise econômica e social, estimou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
- Avanço contínuo -
Com 16,5 milhões de pessoas infectadas e 654.000 mortes, a pandemia continua seu avanço inexorável, forçando as autoridades a tomarem novas medidas.
A região de Madri reforçou nesta terça-feira o uso obrigatório da máscara e impôs a limitação de reuniões para mais de dez pessoas.
O governo francês decidiu manter um limite de 5.000 pessoas nos estádios até o final de agosto, enquanto a agência de saúde alemã aconselhou usar máscara ao ar livre, se a distância física for impossível de respeitar.
As autoridades na China, onde o vírus apareceu em 2019 e parecia estar controlado agora, anunciaram a disseminação de surtos em cinco províncias, incluindo a da capital, Pequim.
Já o Irã registrou 235 óbitos por coronavírus nas últimas 24 horas, um recorde para este país, o mais afetado do Oriente Médio.
Em Bruxelas, um homem de 36 anos foi preso por tentar lançar um coquetel molotov contra o Parlamento belga. O indivíduo garantiu que queria agir em "retaliação pela má administração da crise da saúde".
E a crise da saúde também continua a ter consequências terríveis no esporte: o Open da Austrália de golfe de 2020, programado para novembro, foi adiado, assim como o Pan Pacific de tênis em Osaka, Japão, um dos torneios mais importantes da WTA da Ásia, também previsto para novembro.
- Outro golpe ao turismo -
Em Washington, onde a Casa Branca anunciou que outro conselheiro do presidente Donald Trump foi infectado, a prefeita Muriel Bowser decidiu que as pessoas que visitarem o distrito federal provenientes de 27 estados com alta prevalência da COVID-19 terão de se isolar por duas semanas, um sinal desanimador para o turismo doméstico.
Na América Latina, região com o maior número de infecções, uma multidão enfurecida incendiou um edifício municipal de um povoado indígena no oeste da Guatemala, em reação a um anúncio sobre medidas para conter a pandemia.
As restrições de movimento continuam sendo uma parte importante da estratégia de muitos países para combater o novo coronavírus, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda-feira que é inviável manter as fronteiras fechadas.
"As economias devem reabrir, as pessoas devem trabalhar, o comércio deve retomar", afirmou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.
Já o presidente americano, Donald Trump, insistiu em que a solução para a pandemia está na rápida descoberta de uma vacina e em novos tratamentos.
Longe de paralisar a economia antes das eleições presidenciais de 3 de novembro, nas quais ele busca um novo mandato, Trump quer resolver a crise da saúde, graças ao "gênio científico americano".