Feijão pode ser alternativa à proteína animal

Pesquisa mostra que o consumo do grão subiu durante a pandemia em diversas partes do mundo

por Alex Dinarte ter, 18/08/2020 - 14:10
Divulgação/Novelli Assessoria de Comunicação Geralmente considerado um mero acompanhamento, o feijão é fonte de proteína Divulgação/Novelli Assessoria de Comunicação

Andu, carioca, preto, branco, fradinho, vermelho ou rajado. Seja qual for o tipo, o feijão é um dos produtos mais presentes no prato da maioria dos brasileiros. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o mercado interno do país consome cerca de três milhões de toneladas do grão por ano.

Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o período de pandemia fez com que o feijão passasse a ser opção à proteína animal em diversas partes do mundo.

Segundo a FAO, as pessoas aproveitaram o maior tempo em casa para inserir o alimento em diferentes receitas do cardápio. No Brasil, quem opta por refeições vegetarianas ou veganas utiliza os mais de 35 tipos do grão para incluir o item no prato como acompanhamento ou componente de receitas.

Para o biólogo Stefano Aires, 38 anos, os tipos carioca, fradinho e andu são os mais consumidos no cotidiano. Vegano há pouco mais de um ano, Aires considera que a variedade do produto vai além da nutrição.

 

Stefano Aires

“Todos os alimentos possuem proteínas, especialmente os grãos. Então, mostrar que podemos ter uma dieta rica com itens que compramos facilmente no mercado é uma maneira fundamental de sensibilizar as pessoas para a questão da alimentação saudável”, declara.

Variedade e economia

Já a profissional de e-commerce Bruna Brito, 27 anos, aproveita a versatilidade do grão em diversas receitas. Há dois anos sem o consumo de proteína animal oriunda da carne, Bruna não dispensa o feijão em seus pratos cotidianos.

Bruna Britto é vegana e explora todo o potencial nutritivo dos vários tipos de feijão. Foto: acervo pessoal

“Sempre tenho potes no congelador. Costumo variar nos tipos, uso para engrossar o caldo de sopa e, nos dias em que eu estou mais inspirada, faço alguns pratos mais elaborados em que ele é o elemento principal, como no caso de uma feijoada vegana ou quando faço hambúrgueres de feijão”, explica Bruna, que optou pelo cardápio vegano há um ano.

De acordo com ela, outra vantagem do consumo do feijão no cardápio vegano está no bolso. “Passei a gastar muito menos, pois a maior parte dos alimentos que consumo está nas feiras e os grãos compro à granel, a economia é bastante visível”, cita.

Para Bruna, o alimento pode ser uma alternativa para que a população passe a reduzir o consumo de proteína animal. “As pessoas vão mudar a mentalidade quando perceberem a versatilidade dos alimentos. No caso do feijão, a maioria come sempre da mesma forma e não exploram todo o potencial desse grão”, completa.

Valor nutritivo

De acordo com Ken Francis Kusayanagi, chef de cozinha e professor de gastronomia do Senac EAD, os nutrientes do grão são a chave para que o feijão se tornasse opção ao consumo de carne.

“Isto se deve, sobretudo, ao fato do feijão ser rico em proteínas e ferro. Muitos adeptos do vegetarianismo restrito e do veganismo, usam o valor nutricional do grão como substitutos da proteína animal”, ressalta.

Além de ser o alimento que usa a menor quantidade de recursos naturais por quilo de proteína, o feijão é rico em fibras, previne doenças cardiovasculares e ajuda no controle da anemia.

O grão também é um dos destaques na economia em relação às exportações brasileiras. Comercializado no mercado externo para países como China, Egito, Índia, Paquistão e Vietnã, o Brasil exportou 165 mil toneladas do produto em 2019, maior volume da história.

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