Pence: americanos "não estarão a salvo" se Biden vencer
Diante dos crescentes protestos por um novo caso de violência policial que deixou Jacob Blake, um homem negro, com graves sequelas em Wisconsin, Pence advertiu que nestas eleições 'estão em jogo a lei e a ordem'
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, atacou na quarta-feira (26) o candidato democrata Joe Biden, a quem acusou de ser um "cavalo de Troia da esquerda radical", e advertiu os eleitores que se Donald Trump for derrotado "não estarão a salvo".
No terceiro e penúltimo dia da convenção republicana, que termina nesta quinta-feira (27) com um discurso de Trump nos jardins da Casa Branca, Pence advertiu os eleitores que "não estarão a salvo nos Estados Unidos governado por Joe Biden".
Diante dos crescentes protestos por um novo caso de violência policial que deixou Jacob Blake, um homem negro, com graves sequelas em Wisconsin, Pence advertiu que nestas eleições "estão em jogo a lei e a ordem".
Depois dos protestos pelo incidente na localidade de Kenosha, Trump anunciou que enviaria agentes federais para conter as manifestações, nas quais duas pessoas morreram depois que um homem branco abriu fogo contra a multidão.
O incidente aconteceu quase três meses depois que George Floyd, um homem negro, foi morto por um policial branco que ajoelhou em seu pescoço por quase nove minutos, o que desatou a maior onda de protestos contra o racismo no país em décadas.
"Não se trata de saber (...) se o país será republicano ou democrata. A eleição é se os Estados Unidos continuarão sendo Estados Unidos", afirmou Pence.
Outros republicanos também fizeram advertências sobre a segurança durante a terceira noite da convenção e destacaram Trump como um defensor da "lei e da ordem".
"De Seattle e Portland a Washington e Nova York, as cidades governadas pelos democratas estão sendo invadidas por violentas turbas. A violência está desenfrenada", declarou a governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem.
Pence tomou a palavra para aceitar a indicação como candidato a vice-presidente no Forte McHenry, em Baltimore, um local emblemático na história dos Estados Unidos por ter sido a fonte de inspiração para o hino nacional.
"Joe Biden não vai ser outra coisa que um cavalo de Troia da esquerda radical", afirmou o vice-presidente de 61 anos.
Pence, sempre em um discreto segundo plano, pode ganhar outra dimensão em caso de vitória de Trump em novembro e se posicionar como candidato à sucessão em 2024.
O presidente apareceu de modo surpreendente ao lado da primeira-dama para cumprimentar Pence após o discurso.
O vice apelou para o voto ideológico, com base nas crenças religiosas conservadoras e motivado por temas como a oposição ao aborto.
Durante a quarta-feira, vários oradores destacaram a oposição de Trump ao aborto.
Pence também ressaltou que o governo Trump nomeou "mais de 200 juízes conservadores" e sua defesa do direito à vida.
Em quase quatro anos de administração, Pence assumiu o papel de contrapeso ante o drama e as controvérsias que cercam Trump. Também se apresenta como uma pessoa de reputação que não pode ser atacada e tendências religiosas inquestionáveis.
Diante da imagem de Trump de magnata e "playboy" com três casamentos, Pence apresenta as credenciais de um homem piedoso, que supostamente se recusa a jantar sozinho com qualquer outra mulher que não seja sua esposa.
- A questão do coronavírus -
O vice-presidente, responsável por coordenar a resposta da Casa Branca à pandemia, discursou no momento em que o balanço de mortes provocadas pelo coronavírus supera 178.000. Além disso, a economia, principal ativo de Trump, saiu dos trilhos e a taxa de desemprego superou 10%.
O presidente está atrás de Biden nas pesquisas nacionais e aparece empatado em muitos estados chaves para chegar à Casa Branca, o que indica uma campanha acirrada.
Dois terços dos americanos se declaram descontentes com a gestão do governo para a pandemia.
Os democratas devem aproveitar o flanco e nesta quinta-feira a candidata a vice na chapa de Biden, a senadora Kamala Harris, vai criticar a estratégia de Trump para o coronavírus em um discurso em Washington, coincidindo com o discurso de Trump na última noite da convenção republicana.