Setembro amarelo: como lidar com quem pensa em suicídio

Psicóloga dá dicas de como ajudar pessoas nessa situação

por Alfredo Carvalho qui, 10/09/2020 - 15:31
PxHere 800 mil pessoas se suicidam no mundo a cada ano, revela um relatório da OMS PxHere

Embora o suicídio seja um tema desconfortável para muitas pessoas, é importante saber identificar os sinais de que alguém próximo esteja em risco e estar preparado para ajudar essa pessoa.

Não é frescura, não é fraqueza, não é falta de religião: é um problema de saúde mental que mata uma pessoa a cada 40 segundos. O número é de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), que contabiliza 800 mil casos de suicídio por ano no mundo. Só no Brasil, são 13 mil vítimas por ano.

A campanha de prevenção ao suicídio "Setembro Amarelo" foi criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em 2015, para conscientizar e educar as pessoas para esse tema.

 Procurar ajuda profissional em momentos extremos de angústia é fundamental. “A busca por uma estratégia multidisciplinar e relacional é extremamente importante, para que essa pessoa possa falar sobre suas ideias, dores e sofrimentos”, explica a psicóloga Michele Silveira. 

Aqueles que cuidam de pessoas com tendências suicidas devem ficar atentos a alguns indicadores, que podem ser pensamentos de que seria melhor estar morto, o que pode levar a planos de acabar com a própria vida.

“Caso o sofrimento psíquico se intensifique e não sejam construídas outras saídas, a verbalização de ideias suicidas ou tentativas de suicídio podem ocorrer, marcando o aumento do risco”, relata a psicóloga.

Uma tentativa de suicídio é o maior indicador de risco para o futuro. “A contemplação da morte, o pensamento e a comunicação suicida e a tentativa de suicídio alertam para a necessidade de uma escuta qualificada e profissional que possa ajudar o sujeito a encontrar caminhos que lhe possibilitem uma religação com a vida”, afirma.

Um longo caminho

Mas para chegar ao ponto do suicídio, a vítima passa por várias etapas, que podem ser consequências de fatores internos, como transtornos mentais, dependências químicas e esquizofrenia, ou externos, como questões culturais, situações de estresse e perturbações mentais.

“O alerta começa com a mudança de pensamentos, que se tornam negativos, geralmente devido ao sentimento de tristeza, desesperança e desamparo. O suicídio é apenas a ponta de um iceberg. Quando os pensamentos mudam com relação à morte, devemos acender o sinal vermelho de alerta”, detalha Michele.

Sem julgamentos

Mesmo sem entender os motivos que levam alguém a tentar tirar a própria vida, é  possível ajudar. Para isso, a pessoa deve evitar julgar ou dizer coisas que só pioram a situação.

“Não adianta dizer que a pessoa que pensa em suicídio é porque não tem Deus, que é fraca, que não tem razão para isso, que tem problemas menores que muita gente, que deve pensar positivo que tudo passará”, orienta a psicóloga.

“Na verdade, não se trata de acabar com a própria vida, essa pessoa só quer acabar com seu sofrimento e ‘frases feitas’ não amenizam essa dor na alma”, explica.

A pessoa com pensamentos suicidas deve ser ouvida com paciência e empatia. Pode ser preciso acompanhar essa pessoa aos profissionais de saúde (psicólogo e psiquiatra), para garantir que ela receba a assistência e o tratamento necessários. 

 

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