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Mês dedicado à prevenção do suicídio, o ‘Setembro Amarelo’ terá programação especial na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), promovida pela Superintendência de Saúde e Medicina Ocupacional. As atividades começam na terça-feira (19) com o lançamento da campanha ‘Estamos com Você’. A iniciativa visa chamar a atenção de servidores e da população em geral para o problema e a necessidade de cuidar da saúde mental.

A programação inclui palestras, oficinas voltadas para motivação pessoal e profissional e de combate à ansiedade, além de práticas integrativas para promoção do bem-estar. Atividades de integração aplicadas por uma equipe multidisciplinar da Superintendência de Saúde, formada por psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, darão início à programação, na terça-feira (19). A ideia é mobilizar todos os setores da Alepe em torno da participação e importância do evento.

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Para o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, é preciso a união de todos para tratar de um tema desafiador, mas necessário como o das doenças mentais. “Trata-se de um tema delicado, mas urgente, que exige o estímulo ao autocuidado e ao cuidado com o outro. As ações do Setembro Amarelo desenvolvidas pela Superintendência de Saúde da Casa, voltadas para a prevenção ao suicídio e ao adoecimento mental, contam com total apoio da Mesa Diretora. É fundamental que as pessoas que enfrentam algum tipo de angústia e conflitos de ordem emocional compreendam que é importante pedir ajuda para que sejam acolhidas e tenham acompanhamento profissional”, afirmou Porto.

Segundo o primeiro secretário da Casa, deputado Gustavo Gouveia, o Setembro Amarelo é necessário para falar sobre a saúde mental e os sinais que podem ser lidos quando alguém precisa de ajuda. “Por isso, devemos respeitar a dor do outro, escutar e acolher. Nessas situações, agir pode salvar vidas. Seguiremos engajados, não só durante o mês de setembro, mas no restante do ano, em direcionar políticas públicas de combate ao suicídio”, informou Gouveia.

Trabalho e prevenção

Ainda na terça-feira (19), a campanha segue com a palestra “A Importância de um Ambiente de Trabalho Emocionalmente Cuidado”, proferida pela psicóloga e professora Ana Cristina Fonseca, coordenadora geral da graduação da UNIFAFIRE (Centro Universitário Paula Frassinetti). Ela é especialista em psicologia da educação e em psicologia clínica.

O trabalho será direcionado para os superintendentes e chefes de gabinete dos deputados.

Em paralelo à palestra, será realizado um circuito de práticas integrativas com equipes de fonoaudiólogos e fisioterapeutas da Alepe. Trata-se de recursos terapêuticos que buscam a prevenção de doenças e recuperação da saúde. Serão oferecidas sessões de fonoaudiologia, estética e motricidade orofacial; práticas de medicina chinesa como auriculoterapia não invasiva, shiatsuterapia, aromaterapia associada a exercícios respiratórios, entre outras. As sessões acontecerão no hall da Biblioteca da Alepe e serão direcionadas aos servidores da Casa.

Aberto ao público

Na quinta-feira (21), a programação segue com duas palestras. Um dos momentos mais aguardados será a proferida pela suicidologista Fernanda Luma sobre “O Mundo Pede Saúde Mental”. Aberta ao público, a palestra acontece às 10h30 no auditório Sérgio Guerra. Na ocasião, Fernanda Luma lançará o livro ‘Suicídio, O Que Sabemos e o Que Há Para Além do Discurso Hegemônico’.

Assistente social e doutora em saúde mental, Fernanda coordena um grupo que desenvolve ações de promoção de saúde, prevenção do suicídio e acolhimento de enlutados. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 100% dos casos de mortes provocadas por suicídios estão relacionados a transtornos mentais, principalmente as doenças não diagnosticadas ou tratadas incorretamente

Fechando a programação na quinta-feira (21), haverá a palestra da psicóloga Inês Rocha sobre “A importância de um ambiente de trabalho emocionalmente cuidado”, às 15 horas, no auditório Enio Guerra. Inês é pós-graduada em intervenções psicossociais com grupos em situação de risco e vulnerabilidade social.

*Da assessoria de imprensa

Basta abrir as redes sociais para se deparar com vários relatos de pessoas que dizem sofrer transtornos psiquiátricos. Parece que nossos amigos e familiares foram atingidos por uma onda de depressão, TDAH e crises de ansiedade depois de ver vídeos no Youtube, podcasts e publicações.

Essa tendência expõe mais um prejuízo do exagero de informações ao qual somos submetidos em uma rotina debruçada sobre telas. O presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o doutor em Neuropsiquiatria Leonardo Machado, alertou para os perigos de substituir a psicoterapia por dicas no Instagram.

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"Quando você pega informações da internet, elas nem sempre são passadas de maneira correta. Nem sempre são profissionais, às vezes são pessoas que têm o diagnóstico e vão fazer algum comentário sobre. Além de a pessoa se identificar, ela pode supervalorizar alguns pontos e, eventualmente, pegar informações equivocadas", destacou Leonardo.

Dificuldade na produção de laudos

O especialista mencionou que a 'moda' do autodiagnóstico também se deve à dificuldade de produzir laudos psiquiátricos por sua característica dimensional. Nesse sentido, faltam exames com marcadores biológicos para ajudar a definir o quadro do paciente, como ocorre com a tuberculose e a gripe, por exemplo.

Como os transtornos primários partem de características comuns - como a procrastinação -, os diagnósticos só são cravados após a avaliação da intensidade, da persistência e do impactos dos sintomas na vida do paciente.

As pessoas que queimam as etapas do tratamento acabam submersas em um campo do conhecimento que não dominam e, geralmente, passam a se enxergar com uma condição mais grave do que realmente é. 

"Isso acontece até com estudante de medicina quando está aprendendo psiquiatria", citou o neuropsiquiatria.

Normalização do debate

Apesar da banalização do assunto, por outro lado, a abordagem recorrente do tema  vem ampliando o debate entre os jovens, saiu das redes sociais, e, aos poucos, vem quebrando o preconceito entre os mais velhos.

"Eu percebo a procura de ajuda em todas as faixas etárias a partir de informações que viram na internet. Eu acho que isso é muito bom. É diferente quando a pessoa pensa que tem porque viu na internet, mas procurou ajuda e fica aberta a uma avaliação, do que quando ela fecha o diagnóstico e pronto", observou. 

Maria Arraes apresenta projeto de lei para certificar empresas que promovem saúde mental  Em vez do silêncio e do estigma, a empatia e a ação. No contexto do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio, a deputada federal Maria Arraes (SD-PE) apresentou o Projeto de Lei 4.358/2023, que busca transformar o cenário corporativo brasileiro, incentivando empresas a priorizarem a saúde mental de seus colaboradores.

A iniciativa visa instituir o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, reconhecendo companhias que adotam medidas concretas em prol do bem-estar dos funcionários para promover um ambiente de trabalho mais saudável e integrativo. "O grande propósito deste PL é prevenir o adoecimento do trabalhador e trabalhadora, assim como potencializar ações de inclusão. Um ambiente de trabalho saudável cria um espaço seguro de diálogo, o que se reflete em estabilidade no âmbito pessoal e familiar das pessoas", aponta Maria Arraes.

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O projeto surge em meio a um cenário alarmante. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 18 milhões de brasileiros sofrem com distúrbios relacionados à ansiedade, sendo que o Brasil detém o terceiro pior índice de saúde mental do mundo entre 64 países, conforme o relatório Estado Mental do Mundo 2022, da Sapiens Labs.

Os critérios para a certificação englobam desde a implementação de programas de promoção da saúde mental, capacitação de lideranças e oferta de recursos de apoio psicológico e psiquiátrico até incentivos ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e estímulo à alimentação saudável.

Maria Arraes enfatiza o impacto positivo que a valorização da saúde mental pode trazer para o universo empresarial: "Investir nisso não só diminui afastamentos, mas também potencializa a produtividade e o desenvolvimento saudável das atividades profissionais". 

As empresas interessadas passarão por uma avaliação de uma comissão designada pelo Ministério da Saúde. Aquelas que atenderem aos critérios poderão ostentar o certificado em suas comunicações, demonstrando ao mercado e à sociedade seu compromisso com a saúde mental.

*Da assessoria 

A campanha do Setembro Amarelo enfatiza sobre a valorização da vida e a proteção da saúde mental, um importante fator que possibilita o ajuste necessário para lidar com as emoções positivas e negativas. Investir em estratégias que possibilitem o equilíbrio das funções mentais é essencial para um convívio social mais saudável. Ela também está relacionada à qualidade da interação individual e coletiva. Confira a seguir, três filmes que retratam que forma positiva e negativa sobre o cuidado da mente dos indivíduos: 

Holocausto Brasileiro (2016) - Com direção, produção da autora Daniela Arbex, o documentário acompanha o emocionante relato da maior e mais silenciosa tragédia já ocorrida no Brasil, a morte de 60 mil pessoas dentro da instituição psiquiátrica do país, o Hospital Colônia de Barbacena, fundado em 1903 na cidade de mesmo nome, que depois teve o apelido de “Cidade dos Loucos”, em Minas Gerais. No fim, ficou conhecido por oferecer um tratamento desumano aos pacientes. Disponível no YouTube. 

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Nise: o coração da loucura (2016) - Com direção e roteiro de Roberto Berliner, o drama retrata nos anos 1950 sobre uma psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais de esquizofrenia da época que é isolada pelos outros médicos. Ela  assume o setor de terapia ocupacional, o que indica uma nova forma de lidar com os pacientes, pelo amor e a arte. Foi indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de Melhor Longa-Metragem. Disponível no YouTube, Amazon Prime Video, HBO Max, Star+ e Google Play. 

O silêncio dos homens (2019) - Com produção do grupo Papo Homem, o filme/documentário  pesquisa e discute a masculinidade e fornece ferramentas para que a sociedade ajude a educar meninos sensíveis, e também  para que homens já adultos se tornem mais humanos. Apresenta dados e conversas sobre personagens reais e especialistas ligados à saúde mental e sociologia; também sobre as dores, qualidades, omissões e processos de mudança dos homens. Disponível no YouTube.  

É indiscutível o fato de que o índice de suicídio no Brasil é maior entre os homens, com 12,6% a cada 100 mil brasileiros, enquanto são 5,4% a cada 100 mil mulheres. No entanto, pouco se é falado que o índice de tentativa de suicídio, automutilação, é maior entre as mulheres, de 339.730 registros, 67% das vítimas destes casos são mulheres, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), entre 2011 e 2018. 

Jovens entre 15 a 29 anos são a faixa etária mais afetada. Em 2018, eles foram 47,32% das vítimas de violência autoprovocada. Desde 44.990 casos, 39,9% foram tentativas de suicídio. Em todos eles as mulheres são maioria. 

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Estes dados demonstram com clareza, em números, a sobrecarga que as mulheres têm em relação ao homem no Brasil, sobretudo quando o assunto é “cuidar do outro”, o protagonismo é delas. Essa função que é pouco problematizada, geralmente é dada pelo fato de a mulher ser vista como cuidadora e quem deve dedicar a vida a cuidar do outro. Mas quem é que cuida dessas mulheres que também precisam de cuidados?

De acordo com a psicóloga e professora universitária Larissa de Oliveira, primeiramente é preciso entender que o lugar do feminino é colocado na sociedade “como o lugar da passividade, do cuidado, do holding, que é aquela pessoa e aquele papel que dá o colo, que cuida, é o lugar do privado”. “A mulher na sociedade é colocada neste lugar de cuidado, a que cuida, ensina e ampara. Isso já é um papel social intrínseco dentro da nossa sociedade. Levando isso em consideração, é problemático a gente perceber que muitas mulheres se colocam no lugar de cuidadoras porque a gente retoma aquele papel virginal, de que é uma mulher santificada, pura e angelical. Ou seja, anjos. E anjos não precisam ser cuidados porque anjos são aqueles que cuidam”, afirmou. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as mulheres dedicam 10,4 horas semanais a mais que os homens, para o cuidado de pessoas e/ou aos afazeres domésticos, totalizando 21,4 horas semanais. Das 146,7 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade que realizaram afazeres domésticos em 2019, 92,1% era feminino e 78,6% masculino. O Nordeste apresentou a maior diferença entre as taxas e realização de afazeres domésticos por sexo, com 21% a mais para as mulheres. 

Larissa chamou atenção para a concepção que se tem de que a mulher detém o poder de cuidar, mas que não é bem assim. “A gente precisa desmistificar esse lugar angelical da mulher, porque elas acabam sendo sobrecarregadas nesse papel social de cuidadoras. A gente precisa entender que, assim como qualquer outro ser humano, as mulheres adoecem, são frágeis e também cansam. Então, a gente precisa redefinir esses papéis sociais para que a gente entenda que o cuidado é daquele que faz parte da relação, seja ele homem ou mulher”, destacou.

Ela observou que esse local que é dado a mulher interfere na vida delas com altos índices de depressão e tentativa de suicídio. “Ainda temos essas discrepâncias científicas com relação ao suicídio efetivo e as tentativas. Existem números que mostram que as tentativas são realizadas mais por mulheres. A gente tem um adoecimento psíquico e social muito significativo por causa desses lugares e papéis que são impostos a esses atores que fazem parte da sociedade”. 

Um maior número de mulheres sobrecarregadas mental e fisicamente foi pontuado pela psicóloga. Há um maior adoecimento. “Temos percebido um adoecimento mental bastante significativo, principalmente em questões de transtorno de personalidade, transtornos do afeto, como a gente chama de ansiedade, transtornos de humor, que são a ansiedade e depressão. Temos percebido, inclusive, um aumento do transtorno de pânico, estresse pós-traumático, que é muito característico e incidente nas mulheres justamente pela sobrecarga que vem acontecendo em relação a este papel social que é imposto a estes atores sociais”, afirmou.

A psicóloga Larissa Oliveira disse que uma das formas de cuidar de quem cuida é ressignificar o lugar do cuidado, que deve ser comunitário. “Todos cuidam de todos. Não sou eu que cuido de alguém ou alguém que cuida de mim. Todos nós cuidamos de todos. A sociedade também é responsável pelo cuidado dos seus atores sociais, mas aqueles que estão próximos a nós precisam ressignificar esses papéis e lugares sociais para que a gente entenda que o cuidado daquele que faz parte da relação - independente se for homem, mulher, criança, jovem, idoso -, é responsabilidade de todos cuidarem uns dos outros”, indicou. 

Ressignificar as práticas diárias foi uma das sugestões dadas por Larissa, com relação a alimentação e outros cuidados. “Não é só responsabilidade minha fazer a comida. Vamos redefinir isso durante a semana? Dois dias eu faço, dois dias você faz, e um dia a gente pede comida pelo aplicativo”.

“Eu não consigo levar as crianças/adolescentes todos os dias na escola. Vamos ressignificar também essa logística e refazê-la para que um não se sobrecarregue em detrimento do outro? Eu levo e você pega, ou eu levo dois dias, você leva dois dias e no outro a gente faz o transporte comunitário, que é a rotatividade dos próprios cuidadores que se responsabilizam por levar as crianças que moram próximo”, propôs. 

Ela explicou que o transporte comunitário é um grande exemplo de “ressignificar ainda mais esse cuidado”. “A gente coloca a nossa comunidade junto no papel do cuidado. Quando eu falo de um transporte comunitário, eu, enquanto mãe, tenho o meu filho e os coleguinhas que moram próximos a nós. Então, eu fico responsável por pegar esses coleguinhas na escola e trazê-los. Isso fortalece os laços sociais e redefinem esses papéis sociais de que o cuidado é apenas de um ou apenas no seio familiar, mas o cuidado precisa ser comunitário”, recomendou. 

 

Neste sábado (10), é realizado oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma realidade que atinge a população do planeta e gera grandes prejuízos à sociedade. Só no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Em campanhas como o Setembro Amarelo, o Governo de Pernambuco incentiva os municípios a realizarem estratégias e ações sobre o tema. No Recife, a Secretaria de Saúde realiza, através de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), assistência aos munícipes que buscam atendimento por estarem passando por algum sofrimento psiquico ou transtorno mental, prevenção ao suicídio ou necessidades decorrentes do uso de álcool ou alguma substância.

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Os atendimentos são realizados nas 17 unidades dos Caps (a lista pode ser conferida aqui) espalhadas pelos Distritos Sanitários da cidade e contam com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. 

Esses centros funcionam de segunda a sexta-feira e o cidadão pode buscar o serviço de forma espontânea ou por encaminhamento de uma unidade da Atenção Básica. Além dos Caps, há também o serviço desenvolvido pelo Samu Psiquiátrico, com uma Unidade de Suporte Básico (USB) exclusiva para atender aos chamados de pacientes em surto psiquiátrico. A população pode contatar o serviço através do 192. 

Camaragibe

A Secretaria de Saúde de Camaragibe disponibiliza atendimento gratuito para os munícipes por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Veja quais são:

CAPS Transtorno Casa da Primavera - Rua Severina Francisca do Nascimento, nº 27, Timbi. Contato: 3484 - 2949

CAPS Camará Mirim - Rua Afonso Pena, nº 81 A, Timbi. Contato: 3456 - 3665

CAPS AD Campo Verde - Rua Candelária, nº 10, Santa Maria, Alberto Maia. Contato: 3484 - 3382

Olinda

A Secretaria de Saúde de Olinda também disponibiliza, de graça, atendimento psicológico nos Centros de Atenção Psicossocial da rede de saúde mental do município, bem como oferta consultas especializadas com profissionais psiquiatras e psicólogos nas Policlínicas.

Sobre o Setembro Amarelo

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) foi responsável pela criação da campanha Setembro Amarelo, juntamente com o Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2014. Neste ano, o lema é: "A vida é a melhor escolha!".

"Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha", aponta a ABP em campanha.

Por isso, é importante que toda a população fique vigilante. Para auxiliar, o Conselho Federal de Medicina tem uma cartilha informando como prevenir o suicídio. Acesse!

“A vida é a melhor escolha” é o lema da campanha do Setembro Amarelo deste ano, celebrada no Brasil há oito anos, a partir de uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). A data oficial da celebração é todo 10 de setembro, mas o mês todo é marcado por ações de prevenção ao suicídio, que mata mais gente no mundo do que guerra, homicídios, HIV, malária ou câncer de mama, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Suicídio também foi a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, ficando atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpesoal. No Brasil, 12,6% a cada 100 mil homens, em comparação a 5,4% a cada 100 mil mulheres, cometem suicídio. Os números apenas refletem a necessidade e importância de um mês que trate sobre a prevenção, autocuidado e cuidado com o outro. 

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A psicóloga Maria Eduarda Brandão Vaz, CRP 02/22764, detalhou que existe uma real eficácia no objetivo do mês, mas destacou que “não se cuida com eficiência da saúde mental de uma população sem olhar para questões de saúde pública como moradia, emprego, alimentação e educação”. “O suicídio é multifatorial. A criação de diálogos sobre a temática, indicação de profissionais, apoio com familiares e com a comunidade precisam existir, mas não são iniciativas suficientes. É preciso olhar a saúde como um todo, o mês de setembro representa isso, mas saúde nós fazemos o ano inteiro mesmo”. 

Outros dados importantes a serem destacados é que, de acordo com os últimos números divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2016, o risco de jovens entre 10 e 29 anos que se autodeclaram pretos e pardos no Brasil é 45% maior do que entre os brancos. Jovens e adolescentes negros do sexo masculino têm 50% a mais de chances de cometer suicídio, em comparação ao mesmo grupo entre os brancos na mesma faixa etária. 

A taxa de suicídio entre pessoas brancas permaneceu estável de 2012 a 2016, mas aumentou em 12% na população negra. 

Pela prevenção ao suicídio e a indicação da procura de um profissional para ajudar tenha maior evidência neste mês, que também tem como objetivo ofertar um maior espaço e cuidado, a procura por psicólogas e psicólogos acaba sendo maior em comparação a outros meses. “O suicídio existe e por existir ele precisa ser falado. Mas há uma grande diferença entre falar com atenção, explicando o momento em que ele existe, como podemos cuidar desse ato e como há tratamento, e falar com julgamento. Identificar pensamentos suicidas e tentativas fazem parte da sensibilização que a campanha busca ofertar”, disse Eduarda. 

Para ela, o acolhimento é imprescindível na prevenção, que pode ser a partir da “fala de alguém, ser o ombro amigo, um espaço sem julgamento, já é um grande começo”. “Após esse acolhimento, acompanhe essa pessoa no contato com profissionais de saúde mental, seja psicólogos ou psiquiatras. A sua escuta é válida, mas não é qualificada como de um profissional que se capacita e sabe das condutas para aquele momento. Você também pode se comprometer em ser rede de apoio no dia a dia, procurar saber como a pessoa está, falar com a família dela, explicar o que está acontecendo e o tipo de cuidado que o momento pede”, sugeriu. 

Eduarda elucidou que a depressão e a tendência suicida “não necessariamente” andam juntas. “O suicídio é o ato de finalizar a vida por vontade própria. Segundo  a Associação de Brasileira de Psiquiatria (ABP), 50% das pessoas que vivenciaram o suicídio tinham transtornos mentais, ou seja, pode ser um agravante, mas não é uma regra, uma determinação. O suicídio é multifatorial, não está só relacionado ao fato da pessoa ter diagnóstico ou não a respeito dos transtornos mentais, mas pode ocorrer devido a um luto, condições sociais, problemas relacionais, entre outras coisas”, detalhou. 

Questionada sobre “o que não se deve falar” para quem tem depressão, a psicóloga problematizou ser um assunto delicado de se falar pelo estigma que se tem sobre a saúde mental. “Ninguém pontua para uma pessoa que tem diabetes, por exemplo, que ela deve “pensar positivo” e assim não passará mal quando sua glicose baixar”, observou. “ A mesma coisa funciona quando se trata das doenças mentais: elas acontecem e precisam de cuidado tanto quanto. Enquanto pessoa e profissional, acredito que o acolhimento pode mudar o mundo. Ao invés de procurar julgar, ver o que está errado, intitular como “frescura” ou “falta de Deus”, procure ouvir o que a pessoa tem a dizer. Procure encaminhar o contato de profissionais”. Ela destacou, ainda, que não existe sofrimento “maior ou menor”, e que “eles são válidos e podem e devem ser cuidados”. “Procure não reduzir o sofrimento dela, pois cada pessoa sente de uma forma”, orientou. 

Setembro Amarelo e a rede de ajuda nas redes sociais

Quem navega na internet se depara com algumas publicações de internautas abrindo um canal de conversa com quem precisa desabafar, “entrando na campanha” do Setembro Amarelo e na tentativa de ser alguma rede de apoio para prevenir o possível suicídio de alguém. No entanto, Maria Eduarda afirmou que “nem toda ajuda é verdadeiramente uma ajuda”, apesar de reconhecer a tentativa do apoio e do “ombro amigo”. “Mas a pessoa que se propõe a escutar pode não saber lidar com aquela demanda, pode tomar para si o movimento que o outro esteja passando, por exemplo. Ao invés de abrir esse espaço para diálogo, proponho que seja um espaço para falar sobre o suicídio, que está tudo bem procurar ajuda profissional, que você pode auxiliar essa pessoa na procura desse profissional”, orientou. 

A especialista indicou que perfis que falem sobre saúde mental, como blogs ou sites, além do contato do Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo pessoas de forma voluntária e gratuitamente 24h por dia, sejam encaminhados para as pessoas. “Então, ao invés de disponibilizar o direct para uma escuta ou conversa, disponibilize um pouquinho do seu tempo para ofertar um cuidado qualificado que seja eficaz na vida das pessoas”. 

Serviço

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Contato: 188 (atende 24 horas)

Endereço: Av. Manuel Borba, 99/102 - Boa Vista

Horário: 24 horas

O CVV também tem um chat aberto para conversas com voluntários, respeitando o anonimato e com sigilo sobre tudo o que for dito. Você pode conferir os horários disponíveis para atendimento neste link

O Mês Nacional de Prevenção ao Suicídio foi aprovado pela Comissão de Educação nesta quinta-feira (12), e será comemorado anualmente, a partir deste ano, em setembro. A proposta é de autoria do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que propõe a realização de palestras e campanhas sobre o tema, além da iluminação de órgãos na cor amarela. 

Girão apontou dados da Organização Panamericana de Saúde de que o Brasil é o 8º País com mais suicídios. Além disso, mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida em todo o mundo, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 20 anos, de acordo com o senador. "Nós acabamos de sair de uma pandemia mundial, que está nos fazendo olhar com mais ênfase para uma nova pandemia, que já está a algum tempo mas que se agravou muito nesses dois últimos anos, que é a pandemia da automutilação de nossas crianças e jovens e do suicídio. Ele vai unir todos numa corrente do bem para mostrar que sempre há uma luz. Por mais que o fim do túnel a gente não consiga perceber".

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Para ele, há a necessidade de uma resposta rápida para catástrofes humanitárias. "Melhor coordenados para prover as populações em situações de crise, a ajuda que precisam. Uma logística rápida, ágil e flexível, e portanto  capaz de reduzir o impacto dos desastres e salvar vidas".

 

O Brasil é o país com maior índice de depressão da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 6% dos brasileiros sofrem com a doença, sendo 7,7% das mulheres e 3,6% dos homens. Este é um dos pontos mais discutidos no Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio, com comunicados que incentivam a promoção da saúde mental. No mundo, o ato de se suicidar também continua sendo uma das principais causas de morte — uma em cada cem — e as pessoas já morrem mais por esse motivo do que pela Aids, malária, câncer de mama ou guerras e homicídios. A comparação alarmante foi divulgada no relatório “Suicide worldwide in 2019”, também da OMS. 

O suicídio é frequentemente associado a problemas de saúde mental, pois vai contra o instinto de sobrevivência do ser humano. A decisão, que é influenciada por fatores psicossociais, também pode ter ligação com uma predisposição genética, problemas pessoais, baixa adesão ao tratamento terapêutico, além da falta de apoio e escuta. No entanto, persiste a ideia de que o suicídio e as patologias associadas são “para chamar a atenção”, ou que quem precisa de psicólogos e psiquiatras é “louco” ou “fraco”, contribuindo para que nem todas as pessoas procurem ajuda. 

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Desde 2015, ocorre no Brasil a campanha “Setembro Amarelo”, com o objetivo de prevenir o suicídio. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A escolha do mês de setembro se deve à proximidade do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (10 de setembro), e a cor amarela fica por conta de Dale Emme e Darlene Emme, que iniciaram uma campanha da fita amarela depois que seu filho Mike se suicidou com um carro amarelo. 

O tema ainda é considerado tabu em algumas sociedades, incluindo a brasileira, e a ausência de debate pode ser prejudicial aos índices do país, já consideram alguns especialistas. O doutor e neurocientista Pablo Vinicius se manifesta contra o debate enxuto sobre o assunto e alerta que o suicídio é um problema “biopsicossocial”, logo, além das questões genéticas e do estado de saúde mental da pessoa que sofre com ideações suicidas, o fator social pesa e noções hostis sobre suicídio e doenças mentais podem afastar a vontade de procurar ajuda. 

“O suicídio é uma somatória de fatores de risco. Nesse contexto, podemos considerar sim que o meio familiar, o meio acadêmico e o meio de trabalho podem funcionar como fatores protetores ou de risco para o suicídio. Então, não é que um meio familiar por si só indica o fator de risco. Inclusive, ele pode ser protetor e a gente sabe hoje que é porque nós sabemos do ponto de vista epidemiológico. O fator que mais protege as pessoas de entrarem em depressão e de cometerem o suicídio é a rede de apoio social, é como ela interage com as pessoas, é a qualidade dessas interações”, explica o especialista. 

Para as redes de apoio e círculos sociais de uma pessoa com histórico suicida ou que apresenta comportamento próximo, Dr. Pablo deixa o recado: “é preciso estar atento aos sinais”. De acordo com o médico, o suicídio é precedido e há fases até a sua consumação.  

“No primeiro momento, a pessoa não fala que quer se matar. O primeiro sinal é apenas um desejo de estar morto, é um desejo de não estar vivo. A partir do momento em que vai ficando mais grave, o pensamento de morte vai evoluindo para um desejo de se matar e uma terceira fase é quando ela já começa a pensar em métodos de cometer o suicídio. O paciente ou a pessoa também pode começar a registrar as suas vontades. Deixar uma cartinha de despedida, fazer um testamento, isso mostra a ideação suicida. Um outro sinal, é a falta de interesse que essas pessoas começam a ter pelo seu bem-estar. Tomar banho já não é tão importante, arrumar o cabelo e fazer a maquiagem vão perdendo a importância”, continua. 

Dando continuidade à discussão, Dr. Pablo responde às perguntas feitas pelo LeiaJá, em uma entrevista voltada à conscientização e conhecimento sobre o comportamento suicida. Confira abaixo: 

— Dr. Pablo Vinicius, psiquiatra especialista em saúde mental e neurocientista (Universidade Federal de Uberlândia) 

LJ: Toda pessoa suicida tem quadro depressivo? Por que a associação? 

PV: É comum as pessoas acharem que todo suicida é depressivo, mas isso não é uma verdade. Podemos afirmar é que a depressão é a causa mais frequente de suicídio, mas nem todo suicida sofre da doença. Existem outras doenças psiquiátricas que podem levar ao suicídio ou que podem contribuir para o suicídio, como transtornos relacionados ao álcool ou às drogas ilícitas, a esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar, transtornos de personalidade e também condições não psiquiátricas. Síndromes dolorosas crônicas também aumentam o risco de suicídio e é uma das formas de ocorrer o suicídio entre pessoas sem diagnóstico clínico psiquiátrico. Por outro lado, é importante deixar registrado que a depressão é a principal doença que relacionada ao risco de suicídio aumentado. Usei esse termo porque o suicídio tem causas multifatoriais. Normalmente falamos em riscos de suicídio, o envolvendo de uma doença psiquiátrica, como a depressão; tentativa de suicídio, fatores genéticos e até a rede de apoio social e familiar da pessoa. Por isso que nós [profissionais] não falamos de causa de suicídio, nós falamos de fatores de risco para o suicídio. Geralmente o suicida apresenta mais de um fator e o conjunto o leva a cometer o ato. 

LJ: Quais as principais inverdades sobre o comportamento suicida? Como combatê-las? 

PV: A primeira grande inverdade, acreditada por muitos, é a seguinte a seguinte frase: “falar de suicídio com as pessoas aumenta o risco de suicídio”. “Não devemos falar sobre suicídio na sociedade, não devemos divulgar os dados de suicídio”. Isso é um grande mito e nós da saúde mental sabemos que é exatamente o oposto. A gente sabe que as pessoas precisam falar do seu sofrimento, precisam colocar para fora as suas dores e se a gente inibe essas pessoas de falarem do seu pensamento de morte, elas vão falar com quem? Às vezes o próprio ato suicida é uma forma de extravasar a tensão que não conseguiu ser compartilhada com os outros. Nós [profissionais] da saúde mental damos muito valor ao conflito para que as pessoas possam falar de suas dores e de seus pensamentos, ainda que sejam os mais esdrúxulos. Podemos considerar que falar de forma bem orientada e profissional sobre o sofrimento humano ajuda as pessoas a buscarem. É isso que devemos proporcionar às pessoas em relação aos pensamentos de morte e aos de suicídio. Falar de suicídio diminui o risco de suicídio. 

Um outro conceito muito comum na sociedade e que também se trata de uma grande inverdade é que o suicídio é coisa de gente “fraca da cabeça” e que “gente forte” não se mata e se resolve. O suicídio não é um sinal de fraqueza, nem um sintoma, ele é um fenômeno complexo e multifatorial que está acontecendo na vida da pessoa e esses componentes do suicídio não representam a expressão de uma fraqueza do ser humano. Por que as pessoas não falam que o diabético é fraco? Porque elas sabem que é uma doença, elas sabem que não é uma escolha. Com a depressão, nós falamos que esses pacientes são fracos, que precisam se fortalecer, porque na verdade as pessoas não sabem que estamos falando de uma doença. Ninguém escolhe estar depressivo, ninguém quer estar depressivo. Suicídio não é uma fraqueza, o suicídio é um desfecho trágico na vida de qualquer pessoa que pensa nisso e que chega a executar.  

LJ: Como identificar os sinais de ideação suicida? 

PV: Na grande maioria das vezes, o ato de tentativa de autoextermínio é precedido. Inclusive, é aqui que nós falamos de prevenção de suicídio. Podemos considerar a prevenção de suicídio em dois momentos. No primeiro, a prevenção do suicídio é o estilo de vida saudável. Se exercitar, se alimentar bem, estar no peso, dormir bem, fazer terapia, meditar, fazer ioga. É fazer com que essas pessoas fiquem longe de uma doença mental, de um pensamento de morte. Um outro ponto da prevenção é a identificação precoce dessas doenças que aumentam o risco de suicídio. Ajuda identificar precocemente a depressão ou uso e abuso de substâncias, um transtorno afetivo bipolar, por exemplo. A primeira coisa que a pessoa começa a apresentar é uma alteração do comportamento e dos pensamentos. Essa pessoa normalmente começa a ficar mais isolada, introspectiva, menos expansiva e mais pensativa. Ao conversar, se tornam mais negativistas. Sem esperança de futuro, sem perspectiva de futuro. Começa a achar e falar frases como “eu já não queria estar mais aqui”, “eu acho que a morte pra mim seria lucro”. 

No primeiro momento, a pessoa não fala que quer se matar. O primeiro sinal é apenas um desejo de estar morto, é um desejo de não estar vivo. A partir do momento em que vai ficando mais grave, o pensamento de morte vai evoluindo para um desejo de se matar e uma terceira fase é quando ela já começa a pensar em métodos de cometer o suicídio. 

O paciente ou a pessoa também podem começar a registrar as suas vontades. Deixar uma cartinha de despedida, fazer um testamento, isso mostra a ideação suicida. Um outro sinal, é a falta de interesse que essas pessoas começam a ter pelo seu bem-estar. Tomar banho já não é tão importante, arrumar o cabelo e fazer a maquiagem vão perdendo a importância. Ela deixa de se cuidar progressivamente, isso também é um sinal de abandono da própria vida. Então, poderíamos falar nesses sinais que indicam uma ideação suicida. 

LJ: Quais os danos que um meio familiar acadêmico ou de trabalho podem causar ao não serem engajados ou conscientes de transtornos psiquiátricos? 

PV: Há de se considerar o suicídio como um fenômeno biopsicossocial. Nós temos componentes genéticos envolvendo o suicídio, que estão o tempo todo interagindo com componentes socioambientais. O suicídio é uma somatória de fatores de risco. Nesse contexto, podemos considerar sim que o meio familiar, o meio acadêmico e o meio de trabalho podem funcionar como fatores protetores ou de risco para o suicídio. O fator que mais protege as pessoas de entrarem em depressão e de cometerem o suicídio é a rede de apoio social, é como ela interage com as pessoas, é a qualidade dessas interações. E, com uma rede de apoio social, eu estou falando de família, amigos e parentes. Mas esse meio também pode ser um fator de risco. 

Relacionamentos tóxicos ou até a própria falta deles, como a solidão, estão relacionados no momento do risco e isso vale para o meio acadêmico e para o meio de trabalho. Hoje, nós entendemos como um dos grandes causadores de adoecimento mental na sociedade contemporânea por meio de trabalho nos locais extremamente tóxicos por seres humanos. O indivíduo que geneticamente tem uma condição que aumenta o risco de suicídio, trabalha num ambiente tóxico, de assédio moral e ele não tem uma rede de apoio social familiar. Os fatores vão somando e já se torna mais fácil entender que esse indivíduo está mais próximo do suicídio e do adoecimento mental pelos fatores de risco, ou por outro lado, podemos entender esses fatores também como protetores. 

LJ: Além da ajuda médica, que é sempre indicada com urgência nesses casos, o que as pessoas do círculo mais próximo a um suicida devem fazer para amenizar o sofrimento dessa pessoa? Como trabalhar para um acolhimento eficaz? 

PV: A primeira coisa que as pessoas em um círculo próximo de alguém que esteja passando pelo risco de suicídio é entender que esta pessoa não está naquela situação que quer. Frases como “você precisa tirar umas férias pra melhorar”, “você precisa arrumar um namorado”, “você precisa arrumar alguma coisa pra melhorar”: elas fazem mais mal do que bem, porque isso traz uma cobrança para uma pessoa que já não está dando conta nem de viver, quanto mais mais de namorar, viajar, de cuidar de uma outra coisa. O familiar e/ou pessoa do círculo próximo devem entender a situação de vulnerabilidade que aquela pessoa está e que ela precisa de ajuda e apoio, não de mais compromissos e cobranças. O mais aconselhado nesse momento é nunca deixar a pessoa sozinha, principalmente quando ela está em alto risco pro suicídio. É preciso sempre conversa e um acolhimento de forma empática, sem julgamento e sem preconceito. Isso é o que chamamos de acolhimento eficaz. Conseguir ouvir sem pré-julgamento. É muito importante que alguém que esteja sofrendo confie em quem o está ouvindo. O suicídio muitas vezes será a falta dessa escuta, dessa oportunidade. Acolhimento eficaz passa pela consideração, pelo respeito com a dor do outro. 

LJ: Quais grupos sociais e etários são mais acometidos com esse tipo de ideação? 

PV: O Ministério da Saúde nos traz uma pesquisa que diz que homens negros e jovens são os mais acometidos pelo suicídio. Na relação homens e mulheres, os homens morrem por suicídio mais do que as mulheres, porém as mulheres tentam o suicídio mais do que os homens. Isso quer dizer que, normalmente, quando o homem tenta o suicídio, ele costuma usar métodos mais letais, como arma de fogo. As mulheres costumam usar métodos com risco menor de morte, como o medicamentoso. Do ponto de vista etário, duas faixas etárias são preocupantes: a dos adolescentes de 14 a 19 anos, grupo no qual o suicídio é a segunda maior causa de morte. O número cresce no mundo e a taxa de suicídio nesse grupo, em relação aos outros, é três vezes maior. Um outro grupo etário de risco é o de idosos. Nesse grupo há geralmente a presença de algumas doenças que aumentam o risco de suicídio, a exemplo da depressão, doenças neurodegenerativas, Parkinson, Alzheimer, doenças clínicas crônicas; doenças que causam uma terceira idade mais sofrida, com muitas dores e limitações. 

LJ: Quais as características que mais afastam a população de um bom entendimento sobre o suicídio? Seria preconceito? 

PV: Seriam os mitos. Por exemplo, dizer que falar do suicídio aumenta o risco. Esse é o mito que mais afasta as pessoas de uma conversa sobre o assunto. Talvez não seja tão interessante para a mídia trazer esse assunto, pelo entendimento de que falar de suicídio é falar de sofrimento, de dor, de morte, mas é o oposto. É falar de plenitude de vida, é falar de saber viver bem, de prazer, de alegria, de felicidade. Quando a sociedade começar a entender que falar de suicídio não é falar de morte, mas falar de vida, talvez a gente consiga espaços maiores para falar melhor disso. Debater o suicídio é promover e estimular a vida, é falar em prevenção. 

Esta sexta-feira (10) é  o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data é lembrada desde 2003 e chegou a inspirar a criação da campanha nacional Setembro Amarelo. De acordo com os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio está entre as três maiores causas nos índices de morte de jovens entre 15 e 29 anos.Além disso, pesquisas mostram que no Brasil cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos.

De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Rosana Cibok, existem indícios que mostram se uma pessoa possui tendência suicida ou quadros de depressão. “Pode ser reconhecido quando se observa uma pessoa que antes tinha um convívio social equilibrado e agora vive sozinha, fechada no quarto, sem apetite, sem conseguir executar suas tarefas e com choro fácil”. A psicóloga ressalta dizendo que um profissional vai saber avaliar corretamente cada paciente, ao levantar todo o histórico para saber o período e a frequência das emoções.

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Mesmo que seja possível observar esses tipos de comportamento, Rosana comenta que o ideal é oferecer ajuda para que a pessoa não sofra com casos extremos, como o suicídio. “Em alguns casos, os sintomas são silenciosos levando ao suicídio sem que a família e os amigos entendam os reais motivos. Em outros casos, as pessoas demonstram a tendência através de falas e até de comportamentos, como por exemplo a automutilação”, revela.

Como contraponto, existem medidas ao alcance de todo mundo para evitar gatilhos que proporcionem malefícios à saúde mental. “Falar o que sente e dividir as dores e anseios com o próximo ajudam a deixar a situação mais leve e evitam o disparo dos gatilhos que fazem com que as emoções fiquem entristecidas. Ao falar, também nos ouvimos e alinhamos nosso discurso. Cada vez que falamos, nos escutamos e estamos nos abrindo para as opiniões. Desta forma, temos entendimentos e perspectivas diferentes”. A psicóloga explica que apesar de cada caso ser único, a comunicação é um grande aliado na preservação da saúde mental.

Além disso, em aspectos tecnológicos, também é necessário realizar uma higiene digital. “Muitas pessoas estão insatisfeitas com suas vidas e acabam ‘vivendo’ a vida do outro e quando se dão conta da sua realidade, se entristecem e não percebem o mal que estão causando a si próprios”.  Rosana sugere que as pessoas invistam em uma espécie de “aeróbico do cérebro”, que consiste em ter uma alimentação mais equilibrada, diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas, e praticar alguma atividade que traga prazer e conforto. “Assim como a atividade física desenvolve os músculos, a atividade intelectual e social estimula o cérebro prevenindo diversas doenças”, afirma.

A importância de campanhas sociais

Para a psicóloga, a campanha Setembro Amarelo, por exemplo, é muito importante e funciona como uma espécie de alerta. “Muitas pessoas passam por momentos difíceis e não se dão conta que estão no processo de depressão. Sentem-se sem energia, apáticas e sem disposição física para realizarem as atividades do dia a dia e, quando percebem, já estão com tendências suicidas”. Rosana explica que o ato de suicídio acontece em um emaranhado de emoções, e quando a pessoa passa a ter consciência de que ela pode conseguir ajuda por meio das campanhas, o pior muitas vezes pode ser evitado.

 

Na paleta de cores dos meses que compõem um ano, setembro é o amarelo. É durante o nono mês do calendário que acontece, no Brasil, uma campanha de conscientização e prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo. O projeto é um trabalho conjunto entre o Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e, desde 2015, vem alertando a sociedade para este problema de ordem global. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 800 mil pessoas se matam por ano em todo o planeta. Os dados da OMS indicam também que no Brasil houve um aumento de 7% nos casos de suicído entre 2010 e 2016. Outros dados apontam que 96,8% dos casos estão relacionados com transtornos mentais e a depressão aparece como sendo a principal doença, nesse sentido. Logo, a enfermidade é considerada pela OMS como o mal do século e, acredita-se atualmente que 300 milhões de pessoas sofrem desse mal. 

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Vírgina Almeida, psicóloga clínica, explica como a arte pode ser usada como remédio ou 'gatilho'. Foto: Cortesia 

Várias são as maneiras de lidar com a depressão e a arte está dentro do rol de estratégias disponíveis aos convalescentes. Filmes, livros e músicas podem atuar como ferramenta de apoio e alívio para aqueles que sofrem com dores na emoção. Segundo a psicóloga clínica Virgínia Almeida, a arte - sendo ela uma forma de expressão do ser humano -, pode ser muito benéfica para a saúde mental não só de quem a produz, como de quem a consome. "Quando falamos em quem observa a arte, podemos dizer que a pessoa pode se sentir representada por aquela arte. Quem nunca sentiu que aquela música tinha sido feita especialmente para você? Esse sentimento de que você não está sozinho, e que está sendo compreendido de alguma forma, faz com que a arte seja um instrumento que alivia as dores de quem está passando por uma fase difícil". 

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Porém, é preciso estar atento ao emocional para que aquele conteúdo artístico não tenha o efeito contrário e acabe potencializando alguns desconfortos já existentes através do famoso 'gatilho'. "Nesse caso (as pessoas) podem reviver momentos traumáticos que o sujeito esteja evitando escutar por que ainda é um assunto doloroso. Por isso, é preciso perceber quais os assuntos que são mais sensíveis e o que traz compreensão", orienta a psicóloga. Ela ainda aconselha evitar séries, filmes ou músicas e livros que possam despertar algum trauma ainda não tratado durante um momento difícil. 

Já pessoas emocionalmente saudáveis podem até se sentir um pouco tristes ao consumir alguma obra de arte de teor mais melancólico, o que é considerado normal segundo a especialista. No entanto, caso o 'gatilho' aconteça, desencadeando uma crise depressiva, é preciso pedir ajuda. "Talvez essa pessoa esteja em um momento em que qualquer outra situação poderia gerar essa crise. Ou seja, não é um filme que pode causar depressão em uma pessoa saudável, mas a forma como essa pessoa está se relacionando com as questões da vida é que pode fazer ela entrar em quadro depressivo. Para quem já está sensível, não só o filme mas como qualquer situação da vida pode fazer com que ela entre em uma crise", explica Virgínia. 

Arte 'tarja preta'

O “mal do século”, a depressão não escolhe idade, etnia ou classe social. De tão recorrente, o problema saiu dos consultórios médicos e invadiu, também, o mundo da arte. São inúmeras as obras, dos mais variados segmentos artísticos, que abordam o tema e que podem atuar como instrumento não só de informação como de auxílio para os que buscam a cura. A psicóloga Virgínia indica dois filmes: As Vantagens de Ser Invisível e Ela. "São dois filmes que conseguem falar sobre como é se sentir depressivo e como precisamos desse apoio de quem está ao nosso lado. Uma rede de apoio é extremamente importante nesses casos, e por isso, acho filmes muito interessantes, não só para quem está passando pela depressão como para quem não a tem, para que possam compreender mais essas pessoas e oferecer mais apoio a elas”.

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Mais dicas

Confira outras dicas de livros, discos e músicas que falam sobre a depressão. 

Livros

O Lado Bom da Vida, de Mathew Quick

A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath

Mrs. Dalloway, de Virginia Wolf

O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger

Filmes

The Babadook, de Jennifer Kent

As Horas, de Stephen Daldry

Garota Interrompida, de James Mangold

Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris

Divertida Mente, de Pete Docter

Músicas

Fucking Perfect - Pink

Prtty Hurts - Beyoncé

Boulevard of Broken Dreams - Green Day

Minha Cabeça - Clarice Falcão

Ansiejazz - Tássia Reis

Conflitos - Dexter

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Procure e/ou ofereça ajuda

Pedir ajuda é um passo fundamental para quem sofre de depressão. A atitude, no entanto, pode ser de grande dificuldade para quem está doente, sendo assim, reconhecer e acolher quem passa pelo problema é de extrema importância. Além da arte, uma rede de apoio e acompanhamento profissional podem promover a cura e a retomada de uma vida plena e saudável. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço gratuito que presta auxílio por telefone, e-mail e chat para pessoas que precisam de apoio emocional. O atendimento pode ser feito via internet ou pelo telefone 188. 

Solidão, tédio, ansiedade e depressão precisaram de maior atenção durante a pandemia. Os problemas desencadeados durante esse período se juntam à preocupação do Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos, e o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Em meio a pandemia, onde muitos estão lidando com o luto da perda de entes ou amigos, tratar o assunto com sensibilidade, empatia e cautela se faz ainda mais necessário. 

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A psicóloga clínica Ana Carolina Boian afirma que, normalmente, o ato tem ligação com alguma patologia, como depressão, esquizofrenia e dependência química. Porém, a especilista ressalva que essa não é uma regra. "Entendemos que, um tema de tamanha complexidade e importância, ainda é tratado com muita relutância e preconceito. O que se dá pela falta de informação e diálogos sobre o assunto", diz Ana.

De acordo reportagem publicade pela Folha de São Paulo, durante a pandemia, publicações sobre suicídio aumentaram no Brasil. A psicóloga Ana afirma que em comunidades específicas, como LGBTQIA+ e mulheres que sofrem algum tipo de violência o suicídio cresceu, assim como em casos de policiais, que supera o número de mortes por operações no país.

Entre os dogmas e achismos que permeiam o assunto, a psicóloga esclarece que os mitos são os maiores inimigos na hora de estabelecer um diálogo e que falar sobre o assunto é extremamente necessário. "Muitas vezes, pelo medo do julgamento e do preconceito, o indivíduo guarda para si seus sentimentos, alimentando negativamente. Abrir diálogos onde tais questões possam ser abordadas, ser empático e estar disposto a ouvir é a melhor forma de ajudar", orienta.

Segundo a psicóloga, tratar do assunto com seriedade apenas no mês de setembro não traz grandes mudanças. É necessário abordagem e educação que tragam o assunto de forma didática e informativa. "Casos de depressão e outros transtornos que levam ao suicídio acontecem em qualquer momento. Por isso, devemos levar o espírito desse Setembro Amarelo, de empatia e auxílio ao próximo, para todos os meses do ano", finaliza. 

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento voluntário e gratuito 24 horas por dia, por meio do número 188, a quem está com pensamentos suicidas ou enfrenta outros problemas.

 

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe) promoverá lives sobre prevenção ao suicídio durante este mês de setembro, em alusão à campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo conscientizar a população a respeito do tema. Em 2020, a campanha terá um viés diferente do habitual, mais voltado a questões como isolamento, solidão, violência doméstica, luto, desemprego e problemas financeiros, que se tornaram mais fortes devido à pandemia de Covis-19. 

As transmissões serão feitas através do canal do conselho no YouTube e também em sua página do Facebook, na próxima quinta-feira (17), às 19h, sobre a quarta onda da pandemia da Covid-19 envolve os impactos da doença na saúde mental da população. Na terça-feira da próxima semana (22), o tema será suicídio e no dia 24 de setembro, uma quinta-feira, o tema será “comportamento suicida: o que o clínico precisa saber”. Ambas as transmissões serão às 20h. 

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“O suicídio é uma emergência médica, por isso é importante alertar a comunidade a respeito dos números alarmantes que envolvem este problema. No mundo a cada 40 segundos acontece um suicídio. Isso é estarrecedor, é preciso agir”, afirmou a conselheira do Cremepe e médica psiquiatra, Milena França. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano em todo o mundo. No Brasil são quase 12 mil casos por ano e o aumento do risco de suicídio pode estar associado a fatores diversos, mas especialmente transtornos mentais (96,8%).

A pandemia de Covid-19 tem agravado a situação por ter servido de gatilho para desencadear ou agravar crises e transtornos mentais pré-existentes. De acordo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, a pandemia tem efeitos diretos na saúde mental da população. 

“Eventos estressores, como a pandemia, podem desencadear e/ou agravar os sintomas. Eles intensificam o medo, o sentimento de vazio, a angústia e a sensação de perda de forças, o que resulta no aumento dos sintomas. É necessário, portanto, buscar tratamento adequado antes que o quadro se agrave”, explicou ele.

Serviço:

Dias: 17; 22 e 24/09/2020

Horário: 19h e 20h, respectivamente

Canal do Youtube do Cremepe: https://www.youtube.com/user/Cremepe

Página do Facebook do Cremepe: https://www.facebook.com/cremepe

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Em meio à campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio, uma iniciativa junta instituições e volta os olhares para o diagnóstico de Depressão. A ação do Movimento Falar Inspira Vida passa a falar da doença, que atinge cerca de 11,5 milhões de pessoas no país, por meio de citações mais abrangentes para o entendimento do grande público.

De acordo com a empresa Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson que lidera a ação, a campanha vai facilitar a comunicação da sociedade com quem precisa de ajuda para detecção ou tratamento da síndrome psíquica.

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Ajuda

Segundo o médico psiquiatra Sergio Perocco, a iniciativa também pode desmistificar o problema e incentivar pessoas a procurarem o acompanhamento correto. “Queremos encorajar as pessoas a falarem sobre o sofrimento e a buscarem ajuda profissional, além de qualificar o debate sobre o assunto na sociedade com o objetivo de que, no futuro, o transtorno mental seja enfrentado sem estigma, com acolhimento e tratamento médico”, explica.

Segundo Perocco, a depressão exige acompanhamento e quanto antes houver diagnóstico e ajuda especializada, maiores as expectativas de o paciente levar uma vida sem transtornos. Porém, o médico considera que as pessoas ao redor podem auxiliar melhor se souberem como lidar com o depressivo nas primeiras iniciativas em que se identifica a doença.

“Dar o primeiro passo para uma pessoa que tem depressão nunca é fácil, então elaboramos um guia com situações comuns. Além dos exemplos, oferecemos sugestões de como mudar a forma de como abordar o tema, acolher quem precisa e engajar na busca por ajuda médica”, cita o psiquiatra.

O conteúdo com as dicas está disponível no site www.falarinspiravida.com.br. Segundo a organização, todo o material pode ser baixado e compartilhado de maneira gratuita.

Além da Janssen, a iniciativa tem como componentes a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), o Centro de Valorização da Vida (CVV), a Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Instituto Crônicos do Dia a Dia (CDD), o Instituto Vita Alere, o Vitalk e a revista VEJA Saúde.

Números

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a doença acomete, aproximadamente, 300 milhões de pessoas em todo o planeta.

De acordo com Perocco, embora seja considerada uma síndrome aflorada por diversos fatores, as condições biopsicosociais do país podem contribuir de modo negativo para o aumento dos diagnósticos.

“Em um país desigual, com falta de acesso a saneamento básico e outros itens essenciais, além da violência crescente, é de se esperar que ocorra um número alto de casos”, aponta.

Ainda segundo o médico, o momento pandêmico é outro ponto preponderante para desencadear a depressão. “Vale ressaltar que o cenário de pandemia e o consequente isolamento social também podem contribuir para o surgimento de novos quadros”, complementa.

Embora o suicídio seja um tema desconfortável para muitas pessoas, é importante saber identificar os sinais de que alguém próximo esteja em risco e estar preparado para ajudar essa pessoa.

Não é frescura, não é fraqueza, não é falta de religião: é um problema de saúde mental que mata uma pessoa a cada 40 segundos. O número é de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), que contabiliza 800 mil casos de suicídio por ano no mundo. Só no Brasil, são 13 mil vítimas por ano.

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A campanha de prevenção ao suicídio "Setembro Amarelo" foi criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em 2015, para conscientizar e educar as pessoas para esse tema.

 Procurar ajuda profissional em momentos extremos de angústia é fundamental. “A busca por uma estratégia multidisciplinar e relacional é extremamente importante, para que essa pessoa possa falar sobre suas ideias, dores e sofrimentos”, explica a psicóloga Michele Silveira. 

Aqueles que cuidam de pessoas com tendências suicidas devem ficar atentos a alguns indicadores, que podem ser pensamentos de que seria melhor estar morto, o que pode levar a planos de acabar com a própria vida.

“Caso o sofrimento psíquico se intensifique e não sejam construídas outras saídas, a verbalização de ideias suicidas ou tentativas de suicídio podem ocorrer, marcando o aumento do risco”, relata a psicóloga.

Uma tentativa de suicídio é o maior indicador de risco para o futuro. “A contemplação da morte, o pensamento e a comunicação suicida e a tentativa de suicídio alertam para a necessidade de uma escuta qualificada e profissional que possa ajudar o sujeito a encontrar caminhos que lhe possibilitem uma religação com a vida”, afirma.

Um longo caminho

Mas para chegar ao ponto do suicídio, a vítima passa por várias etapas, que podem ser consequências de fatores internos, como transtornos mentais, dependências químicas e esquizofrenia, ou externos, como questões culturais, situações de estresse e perturbações mentais.

“O alerta começa com a mudança de pensamentos, que se tornam negativos, geralmente devido ao sentimento de tristeza, desesperança e desamparo. O suicídio é apenas a ponta de um iceberg. Quando os pensamentos mudam com relação à morte, devemos acender o sinal vermelho de alerta”, detalha Michele.

Sem julgamentos

Mesmo sem entender os motivos que levam alguém a tentar tirar a própria vida, é  possível ajudar. Para isso, a pessoa deve evitar julgar ou dizer coisas que só pioram a situação.

“Não adianta dizer que a pessoa que pensa em suicídio é porque não tem Deus, que é fraca, que não tem razão para isso, que tem problemas menores que muita gente, que deve pensar positivo que tudo passará”, orienta a psicóloga.

“Na verdade, não se trata de acabar com a própria vida, essa pessoa só quer acabar com seu sofrimento e ‘frases feitas’ não amenizam essa dor na alma”, explica.

A pessoa com pensamentos suicidas deve ser ouvida com paciência e empatia. Pode ser preciso acompanhar essa pessoa aos profissionais de saúde (psicólogo e psiquiatra), para garantir que ela receba a assistência e o tratamento necessários. 

 

Um mês de mobilização preventiva contra o suicídio. A campanha Setembro Amarelo foi criada para informar sobre depressão e outros transtornos mentais, uma vez que pensamentos que podem levar ao suicídio têm relação com diversos quadros clínicos. O esforço para combater essas doenças não está restrito ao Sistema Único de Saúde (SUS). A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) usou a data para incentivar planos de saúde a oferecerem programas preventivos. Atualmente, o cadastro da autarquia já totaliza 42 iniciativas, que abrangem várias áreas de atenção, incluindo a de saúde mental.

A Agência Brasil contatou duas operadoras de saúde, para conhecer seus respectivos programas. O Única Mente, da SulAmérica, e o Reinventar, da Caixa de Assistência à Saúde da Universidade/UFMG (Casu), que tratam especificamente de saúde mental.

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O programa Reinventar foi lançado este ano e contou a adesão de cerca de 30 pessoas, demanda que, segundo a gerente de Promoção da Saúde da Casu, Janaína Baronto, superou as expectativas. Na avaliação da profissional, um foco maior na Atenção Primária tem impulsionado a expansão do que chama de "metodologia de autocuidado aplicado".

Janaína afirma que essa tendência reforça a noção de que a saúde do indivíduo deve tratada como um todo. Alguém com diagnóstico de depressão grave, exemplifica ela, não pode ser instruído apenas sobre diabetes, mas também sobre a importância de se alimentar corretamente, porque, com tal estado mental, poderia até mesmo estar pulando refeições. "Se um [aspecto da saúde] não estiver bem, [o tratamento] não vai dar certo ", diz.

A coordenadora do setor de Práticas de Saúde Integradas da Casu, Larissa Garbocci, comenta que não é a primeira vez que o plano desenvolve um programa na área de saúde mental, tendo implantado outro há alguns anos. O projeto foi descontinuado por volta de 2011, devido a mudanças na diretoria da associação.

Foi por notar um aumento nos atendimentos de psiquiatria e psicologia que a Casu decidiu implantar novamente a ação. O balanço anual da ANS confirma a alta procura por profissionais de saúde mental. Tanto em 2017 quanto em 2018, a consulta com psicólogos foi o segundo procedimento ambulatorial mais frequente, perdendo apenas para as sessões com fisioterapeutas. Nessa lista, entram também consultas e sessões com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas.

No segundo semestre de 2017, foram realizadas 8,2 milhões de consultas ou sessões com psicólogos. No mesmo período de 2018, o número de atendimentos superou os 9 milhões. As consultas psiquiátricas também apresentaram aumento. No segundo semestre de 2017 foram 2.312.341. No mesmo período do ano seguinte foram 2.515.989 consultas ou sessões.

"O objetivo do programa é visar o autoconhecimento, a inteligência emocional, estando pautado na história de cada um, no reconhecimento de habilidades individuais. Não foca em associado que já esteja adoecido, porque, no trabalho em grupo, a gente tem que tomar cuidado com isso. Por isso, é pensado de uma forma mais preventiva, porque tem questões que a gente não consegue trabalhar em grupo", esclarece Larissa.

Para a assistente social, trabalhar de forma coletiva faz com que os participantes do programa percebam seus problemas sob outro ângulo. "Às vezes, sozinho, ele acha que é uma coisa só dele", diz.

Acolhimento

O Única Mente, da SulAmérica, conta com 70 psiquiatras e 40 psicólogos. Um dos principais objetivos é agilizar e priorizar pacientes com transtorno mental no agendamento de procedimentos médicos.

A diretora técnica médica da SulAmérica, Tereza Veloso, ressalta que, de 2017 para 2018, houve um crescimento de 180% em consultas psiquiátricas e 79% em sessões de psicoterapia, entre os usuários do plano. Segundo ela, muitas demandas de saúde mental também têm aparecido nos demais programas que a operadora mantém.

O programa tem duas linhas: a disponível para os beneficiários do plano em geral e a empresarial, que leva o serviço a companhias interessadas. "O programa tem um braço que cuida do individuo, alguém que procurou a gente, seja através de uma consulta ou através de um programa de gestão em saúde ou porque ligou pra nossa central de orientação e pediu uma ajuda, ele é acolhido e passa a ser atendido por uma equipe multiprofissional, de psicólogos, psiquiatras e enfermeiros especializados em doenças psiquiátricas. Nesse período, ele passa a não ter mais limite na quantidade de acesso a consultas, psicoterapia. O programa é desenhado com base nas necessidades do indivíduo", detalha.

"No país, ainda existe um receio muito grande de se expor, quando você tem alguma doença psiquiátrica. Mais do que qualquer coisa, esses pacientes precisam ser acolhidos de alguma forma e entender que precisam ser cuidados e reabilitados. Em paralelo, existia um pedido forte das empresas para que a gente pudesse ter um braço de atuação dentro delas, pra ajudar na prevenção", acrescenta.

Rol de procedimentos

Para garantir que pacientes com transtornos dessa natureza tenham um atendimento adequado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também exige das operadoras de planos de saúde que cumpram uma série de regras. Os procedimentos estão previstos na Resolução Normativa nº 428/2017 e visam resguardar os direitos dos pacientes quanto a consultas médicas, internação hospitalar, consultas com psicólogo e terapeuta ocupacional e atendimento em hospital-dia psiquiátrico.

Pessoas com diagnóstico de transtornos de personalidade, por exemplo, têm assegurado um mínimo de 18 sessões de psicoterapia por ano. A quantidade também é garantida a pacientes com transtornos do humor, como depressão e transtorno afetivo bipolar.

Na resolução, a ANS também destaca que os planos de saúde devem colaborar para desestigmatização de pessoas com transtornos mentais. As operadoras têm, ainda, o compromisso de contribuir para disseminar uma cultura contra a institucionalização desses pacientes. A posição da autarquia é de que a internação psiquiátrica seja empregada apenas em último caso e mediante indicação de um médico assistente. O entendimento é de que se priorize o atendimento ambulatorial e em consultórios.

 

A Corte Constitucional da Itália deu um parecer favorável nesta quarta-feira (25) que abre caminho para a prática de suicídio assistido no país. Segundo a entidade, não é passível de punição quem facilita a execução do "propósito de suicídio de um paciente afetado por uma patologia irreversível, fonte de sofrimentos físicos e psicológicos e o qual é plenamente capaz de tomar decisões livres e conscientes sobre a adoção do suicídio".

Com o parecer, a Corte abre um precedente para que as pessoas que dão auxílio a pacientes que buscam o suicídio não sejam punidas pela lei italiana, que prevê até 12 anos de prisão para tal infração. Os magistrados tinham adiado em 2018 a sessão sobre o tema, que se refere ao artigo 580 do Código Penal.

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A consulta teve como pivô o caso do DJ Fabo, de 39 anos, que morreu em fevereiro de 2017, na Suíça, após decidir passar pelo procedimento. Em 2014, ele sofreu um acidente que o deixou tetraplégico e cego.

"A Corte decidiu: quem está nas condições como Fabo tem o direito de ser ajudado. A partir de hoje, todos somos mais livres, até quem não está de acordo", celebrou o italiano Marco Cappato, que correu o risco de ser condenado por ter ajudado o DJ a se mudar para Suíça. Na sessão de hoje, a Corte, porém, estabeleceu "condições específicas" para que o auxílio ao suicídio seja permitido na Itália e não vire pretexto para outros casos de vulnerabilidade.

A decisão, que é histórica, mas também gera polêmica, foi duramente criticada pela Associação de Médicos Católicos Italiano (Amci). Em entrevista à ANSA, o vice-presidente da entidade, Giuseppe Battimelli, disse que cerca de quatro mil médicos católicos estão prontos para impedir que uma lei que regulamente o tema seja aprovada pelo Parlamento.

O ex-ministro do Interior e líder do partido nacionalista Liga Norte, Matteo Salvini, também foi contra o parecer. "Sou e permaneço contrário ao suicídio de Estado imposto pela lei", disse. "Devemos falar com os médicos, com as famílias, mas a vida é sagrada e nunca deixarei de acreditar neste princípio", ressaltou.

Da Ansa

O mês de setembro é dedicado a uma campanha de conscientização mundial em prol do combate ao suicídio. Lançado em 2014 no Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto com o Conselho Federal de Medicina e em parceria com o Centro de Valorização à Vida (CVV), o ‘Setembro Amarelo’ estimula a empatia com quem sofre de problemas psíquicos e emocionais, e principalmente, que as ações e campanhas promovidas no período sejam realizadas durante todo o ano. De frente nesta luta estão os profissionais da saúde mental. Para eles, falar sobre o assunto é um ponto essencial para evitar a perda precoce de vidas. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o suicídio como a segunda causa da morte de jovens entre 15 a 29 anos, perdendo somente para os acidentes de trânsito. Contar com a ajuda de psicólogos, psiquiatras e psicopedagogos para perceber algum tipo de comportamento fora do comum pode ser primeiro passo. E esses profissionais, sempre dispostos a ouvir relatos, muitas vezes tristes, como se sentem a cada atendimento realizado? O LeiaJá conversou com alguns deles para entender como é cuidar de outras pessoas e trazer para elas novas possibilidades de vida. 

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Para o psicoterapeuta Alessandro Rocha, conseguir tratar uma pessoa com depressão, por exemplo, lhe traz uma sensação de leveza, de contribuição. “É marcar ou se deixar marcar pela aquela pessoa. Cuidar das emoções, da saúde emocional, da saúde psicológica é uma necessidade de todos. A gente procura fazer de forma imparcial, mas de alguma maneira a gente fica envolvido na emoção”. 

Já Rosemeri Souza atua como psicopedagoga. Seu consultório recebe mães e pais preocupados com o desempenho escolar dos filhos. Ela busca primeiro entender como as relações familiares podem estar afetando o aprendizado, antes mesmo de partir para a indicação de um tratamento psicológico. “É bem gratificante, faz valer o nosso trabalho, os estudos de anos. Na verdade a profissão da gente é um chamado, para cuidar do outro, trazer esse olhar com o coração. Muitas vezes a criança chega no consultório e ela precisa ir além do terapêutico, ela precisa que a gente chegue naquela necessidade afetiva que ela tem. É um trabalho de parceria com os pais também. Tem somado muito. Pessoalmente eu me sinto enriquecida”, contou.

A psiquiatra Adriana Zenaide atende pacientes em Recife e em Caruaru, Agreste de Pernambuco, auxiliando na busca da qualidade de vida ou a cura dos indivíduos. De acordo com ela, sua função é diagnosticar e tratar de forma correta, orientando para a necessidade de tratamentos multidisciplinares, muito em busca do alívio dos sofrimentos alheios. “Eu sou apaixonada pelo que eu faço. Você devolver o sorriso de uma pessoa é a coisa mais gratificante que existe. Essa é uma missão que a gente abraça e leva para vida, que muita gente acha pesado, mas é recompensador quando a gente vê o resultado final. Eu sou muito realizada com o que faço”, encerrou a médica. 

Ajuda especializada a baixo custo

Falar de problemas psicológicos, como dito pelos especialistas, é muito importante. Contudo, mesmo sendo indicado procurar alguém de confiança para desabafar, pessoas em sofrimento emocional e psíquico precisam buscar ajuda especializada. Diversas entidades, sobretudo as universidades, que formam novos profissionais para o mercado de trabalho, possuem clínicas escolas com atendimento a baixo custo, algumas até de graça.

Uma dessas instituições é a UNINASSAU-Centro Universitário Maurício de Nassau. A clínica atende alunos e funcionários, porém também está aberta ao público externo, e com preços acessíveis. Os atendimentos são realizados de segunda a sexta-feira, das 08h às 22h. Os valores são de R$ 13 para a comunidade em geral, e R$ 6 para alunos da casa. Funcionários não pagam.

Há duas modalidades de acompanhamento. A primeira é o plantão, gratuito, destinado a pacientes que estejam precisando de cuidados imediatos.  Após esse primeiro contato, é possível agendar até duas consultas por mês. A segunda modalidade é a demanda sistemática, procedida por agendamento semanal.

O responsável técnico da clínica é o professor Isaac Alencar Pinto, que fez questão de enfatizar que o trabalho é feito com dedicação de toda uma equipe. “A gente trabalha dando supervisão, eu acompanhando enquanto supervisor, todos os atendimentos que os estagiários fazem. É muito importante porque a gente está colaborando na construção de um profissional de psicologia ético, comprometido com a escuta do outro, com o acolhimento oferecido ao outro. É muito satisfatório porque a gente tem a possibilidade de a partir da nossa ferramenta principal de trabalho, que é a escuta e e a fala, poder oferecer algum tipo de alívio para esse sofrimento”, explicou o professor. 

Junto com a psicóloga clínica Tatiana Nunes Cavalcanti, professora atuante na clínica escola, Isaac Alencar conta como é trabalhar dedicando-se ao próximo. Assista:

Para mais informações sobre o atendimento da clínica escola ligue para  (81) 3412-6371. O espaço fica na Rua Ana Angélica, 45, bairro do Derby, área central do Recife.

 

A campanha Setembro Amarelo propõe um período de alerta e busca por informações para prevenir o suicídio, ato decorrente de uma série de questões e que pode afetar indivíduos de diferentes classes sociais e idades. Um assunto que deve ser tratado com empatia e solidariedade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. Para cada ato de suicídio, há muito mais pessoas que tentam tirar a própria vida. A tentativa é o fator de risco mais importante para o suicídio. "Nem todos que cometem suicídio tinham depressão e, nem todos depressivos são suicidas. A vontade de pôr fim à vida vem mediante ao despreparo do ser humano em tratar os momentos ruins da vida", explica a psicóloga chefe do aplicativo FalaFreud, Sabrina Ferrer.

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Muitas tentativas de suicídio são sucessivas de grandes perdas, tragédias ou até mesmo frustações. "Não somos preparados para vivenciar coisas ruins, lidar com decepções é muito doloroso para a maioria. Todos devem e podem se ajudar, com palavras e escutas, simples gestos fazem muita diferença", afirma Sabrina. Não existe a melhor maneira de lidar com situações de tragédias, perdas ou dificuldades. "As pessoas precisam aprender e entender que elas podem lidar com seus problemas, ajustando seus hábitos de maneira positiva. Fazer o que gosta é muito importante", complementa.

Segundo a especialista, é possível identificar quando alguém próximo está passando por alguma dificuldade, ou dando indícios de suicídio, com a mudança de comportamento e atitudes. Na maioria das vezes, essas pessoas não conseguem perceber a real necessidade da ajuda de um profissional da saúde. "Este é um processo que requer habilidade emocional de quem está à frente desta conversa, o principal ponto a ser abordado são as mudanças, as necessidades, o enfoque de que a vida é o bem mais precioso, e também de que todo problema tem solução", orienta.

Na Semana Mundial da Prevenção do Suicídio, a Câmara Municipal do Recife vai debater o assunto em uma audiência pública que acontece nesta quinta (12), a partir das 14h, no plenarinho da Casa. O debate é oriundo de um pedido do vereador Hélio Guabiraba (sem partido). 

Segundo o parlamentar, os dados de que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo são preocupantes. “No novo relatório da Organização Mundial da Saúde mostra que 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo, mais do que vítimas de guerra. No entanto, os estudos apontam que 90% dos suicídios podem ser evitados e por isso é tão importante falar sobre o tema para nos unirmos”, ressaltou.

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Guabiraba ainda contou que na audiência também será tratado sobre o mal do século: a depressão. “Também precisamos falar sobre a depressão, que provoca uma tristeza profunda e um forte sentimento de desesperança. A depressão não é drama, não é para chamar a atenção e muito menos é frescura”, complementou.

Devem participar da audiência representantes da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Conselho Regional de Psicologia, Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Secretaria de Saúde da Cidade do Recife e a Secretaria-executiva de Políticas sobre Drogas.

O Centro de Valorização à Vida (CVV), que realiza um trabalho de apoio emocional e prevenção ao suicídio atendendo voluntariamente e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por meio do número 188, e-mail e chat 24h também foi convidado para o debate.

*Com informações da Assessoria de Imprensa

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