Covid-19: brasileiras sofrem com Natal recluso na Europa
Além da distância da família, o enrijecimento das medidas contra a pandemia as isolou ainda mais em um Natal diferente
Fora do Brasil há cerca de dois anos, três pernambucanas dividem a incerteza de se adaptar ao Natal em meio ao agravamento da Covid-19. Além da distância da família e dos altos índices da pandemia na Europa, elas lamentam a necessidade de se isolar justamente em um período em que os encontros e a união são exaltados. Com planos restritos para esta quinta-feira (24), a tradicional ceia na véspera da comemoração precisou ser abreviada.
"Natal para mim é reunir todo mundo. Envolve abraço e carinho, e infelizmente não poderemos ter isso esse ano", lamenta a jornalista Nicole Simões. Moradora da cidade alemã de Düsseldorf, ela vai reforçar o combate à infecção em razão das mais de 29 mil mortes no país. "Minha noite de Natal vai ser apenas em casa com minha família alemã. Estamos novamente em lockdown e não é permitido encontrar mais de 10 pessoas. Além disso, as 10 precisam ser apenas de duas famílias ou casas diferentes", explicou.
Ela não esconde a saudade de casa, por isso, pretende contornar o fuso-horário para tentar curtir um pouco da data com os familiares por chamada de vídeo. "Nossa, eu sinto muita falta. Às vezes eu choro por saudade, mas essa semana vai ser pesada não ter cada um por perto. Não vejo a hora de voltar ao Brasil e poder abraçá-los", mencionou.
A designer Ana Lira, moradora de Lisboa, também reserva um sentimento especial nos dias que antecedem à celebração. “Amo essa energia de juntar quem se ama, sabe? Não necessariamente trocar presentes, mas juntas todos ao redor de uma mesa e rir das piadas que só sua família entende é bom demais", garante. Ela recorda como foi triste passar o Natal em Portugal. "Foi o primeiro ano longe e fiquei bem emotiva. Esse ano já estou mais conformada com a distância, mas sinto pela minha família, que mesmo estando na mesma cidade, vai ter que passar as festividades em casas separadas", relata.
Em virtude de aproximadamente 6.413 mortes pela Covid-19, Ana relembra a dificuldade do início da pandemia na Europa. "Foi um momento bem tenso e de muita incerteza. Não que agora as coisas estejam tranquilas. Até esse vírus ser controlado nada será realmente tranquilo, mas é que o ser humano se adapta a tudo, né? Até como viver a vida diante de uma pandemia", projeta. Para este ano, o jeito será partilhar a ceia com o casal que a recebeu junto ao marido, quando saíram do Brasil.
Com o marido alemão, mas atualmente em Londres, Joana Sampaio já adaptou-se à distância, após três períodos natalinos na Europa. Em 2019, ela esteve com a família do companheiro, mas pretende ficar no Reino Unido, neste ano. "Londres entrou no nível 4 de alerta o que significa que estamos em lockdown e ninguém pode se reunir em espaços fechados. Nem mesmo no natal", assegura.
Embora não considere o Natal uma data necessariamente importante, Joana admite que a festa era bastante aguardada. "Acredito que é mais frustrante por estarmos a tanto tempo trancados e com pouca socialização. Prefiro pensar que a situação é esta e que precisamos aceitar e ficar bem. Estamos vivos e com saúde e precisamos segurar as pontas um pouco mais", sugere.
Diante de 69.157 mortos, parte do Reino Unido já começou a imunizar a população e aposta na conscientização para frear o vírus. "Pelo menos as pessoas de meu convívio não estão dispostas a correr o risco de se contaminar ou de contaminar outras pessoas, então é uma questão de consciência coletiva mesmo. Mas só posso falar da minha pequena bolha", complementa.