Nigerinos vão às ruas para 2º turno em meio à insegurança

Eles vão ter que escolher entre o favorito, Mohamed Bazoum, herdeiro do atual presidente Mahamadou Issoufou, e o ex-presidente e opositor Mahamane Ousmane

dom, 21/02/2021 - 12:40
Issouf SANOGO Mulher deposita seu voto, em Niamey, 21 de fevereiro de 2021 Issouf SANOGO

Apesar da insegurança imperante no Níger, 7,4 milhões de eleitores votam, neste domingo (21), no segundo turno da eleição presidencial, escolhendo entre o favorito, Mohamed Bazoum, herdeiro do atual presidente Mahamadou Issoufou, e o ex-presidente e opositor Mahamane Ousmane.

Quase dois meses após o primeiro turno, realizado em 27 de dezembro, os nigerinos escolherão entre os dois candidatos mais votados, Bazoum, beneficiado pela imponente máquina do governista Partido Nigerino para Democracia e Socialismo (PNDS) e Ousmane, presidente entre 1993 e 1996.

Bazoum teve 39,3% dos votos no primeiro turno, e Ousmane, 17%.

O estudante Idrissa Gado, de 29 anos, foi votar logo cedo em Niamey. "O próximo presidente terá que combater os rebeldes. É a grande preocupação do Níger, queremos calma e segurança", pediu.

Bazoum votou na prefeitura de Niamey, onde veículos blindados e caminhões equipados com metralhadoras garantiam a segurança.

"Espero que o vencedor tenha sorte, e que ela esteja do meu lado. E tenho muitos motivos para acreditar que seja esse o caso", disse ele após votar, manifestante o desejo de que "a consulta transcorra em paz".

Acompanhado de suas duas esposas, o presidente em final de mandato, Mahamadou Issoufou, votou na mesma circunscrição. Ele destacou que "o Níger enfrenta imensos desafios: segurança, demografia, clima, desenvolvimento econômico e social, incluindo a questão sanitária, a covid-19 de imediato".

"Tenho orgulho de ser o primeiro presidente eleito democraticamente da nossa história a entregar o cargo a outro também eleito democraticamente. É um marco muito importante na vida política do nosso país", acrescentou.

Esta será a primeira vez que um presidente eleito sucederá a outro, em um país que sofreu golpes de Estado desde sua independência em 1960.

Já Mahamane Ousmane votou em um bairro popular de Zinder (sudeste), seu reduto e cidade natal.

- Milhares de soldados nas ruas -

Em todo território, votar é um dos principais desafios destas eleições, uma vez que o oeste é palco da violência de grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico (EI) e, no leste, operam jihadistas nigerianos do Boko Haram.

Milhares de soldados foram destacados para garantir a segurança da votação, "especialmente em áreas expostas à insegurança", disse um funcionário do Ministério da Defesa à AFP.

No Níger, as alianças mudam constantemente, mas são essenciais para ganhar a Presidência. Importantes partidos políticos deram seu apoio ao candidato da situação, algo crucial para Bazoum. Muitos duvidam, porém, que tal apoio se transforme em votos.

"A vitória não está garantida", disse à AFP Ibrahim Yahya Ibrahim, pesquisador do International Crisis Group (ICG).

Embora os eleitores da capital tendam a votar na oposição, em Zinder (sudeste), a segunda cidade, isso é menos previsível.

"O resultado em Zinder determinará o resultado eleitoral", disse um observador da política local à AFP, pedindo para não ser identificado.

Dezenas de observadores da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO) foram destacados para acompanhar o processo. A oposição, que no primeiro turno se recusou a participar da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), agora participa dela.

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