UE diz que poderá bloquear novas exportações de vacinas
Os governos tentam encontrar o equilíbrio entre as restrições e a economia, à espera de que a distribuição das vacinas se generalize
A União Europeia poderá bloquear novas exportações de vacinas anticovid, advertiu nesta segunda-feira (8) a Comissão, braço executivo do bloco, em um mundo desesperado por conseguir as preciosas doses e frear a pandemia, que evolui de forma desigual na Europa.
Assim, enquanto no Reino Unido e na Alemanha começa a ser suspensa parte das restrições impostas após a detecção de novas cepas do coronavírus, a Hungria e a Finlândia decidiram fortalecê-las.
As reuniões de pequenos grupos em locais fechados sem máscaras serão permitidas nos Estados Unidos, mas só para pessoas vacinadas, informaram as autoridades sanitárias.
Esta é uma nova notícia para a primeira economia mundial, depois que o Senado aprovou no sábado um plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares, apresentado pelo presidente Joe Biden para reativá-la.
Os governos tentam encontrar o equilíbrio entre as restrições e a economia, à espera de que a distribuição das vacinas se generalize.
Na UE, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que o bloco comunitário poderá bloquear outras exportações de vacinas anticovid, depois que a Itália reteve uma remessa de vacinas destinadas à Austrália.
"Não foi um caso isolado", explicou a chefe do Executivo europeu ao jornal WirtschaftsWoche sobre o caso da Itália, que superou as 100.000 mortes pela covid-19 nesta segunda-feira.
Na quinta-feira, Roma anunciou que tinha bloqueado, com o aval de Bruxelas, a exportação de 250.700 doses da vacina da AstraZeneca, produzidas em território europeu e destinadas à Austrália.
- "Roleta russa" -
Por outro lado, Von der Leyen afirmou que esperava a entrega de "100 milhões de doses por mês" de vacinas anticovid no segundo trimestre na UE, e afirmou que o ritmo de entregas se aceleraria.
Por enquanto, a UE autorizou as vacinas de BionNTech/Pfizer, AstraZeneca/Oxford e Moderna, e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) decidirá na quinta-feira se aprova a da Johnson & Johnson.
Além disso, a agência europeia começou a analisar o imunizante russo, Sputnik V.
No entanto, Christa Wirthumer-Hoche, presidente do conselho de direção da EMA, "desaconselhou" que os países da UE autorizem esta vacina com caráter de urgência, o que comparou a uma "roleta russa" porque a agência ainda não tem "dados sobre os efeitos colaterais nos vacinados".
A pandemia causou pelo menos 2,5 milhões de mortos no mundo desde dezembro de 2019, segundo um balanço divulgado nesta segunda pela AFP.
O último dirigente a contrair a covid-19 foi o presidente sírio, Bashar Al Assad, informou a Presidência nesta segunda, acrescentando que tanto ele quanto sua esposa, Asma, que também se contagiou, passam bem.
Na América Latina, o Peru iniciou nesta segunda-feira a imunização de idosos, militares e policiais com uma mulher de 104 anos, María Eudocia Araya, que "se sentiu muito contente", segundo seu filho, Fernando.
- Contrastes -
Enquanto isso, a esperança renasce no Reino Unido, onde 22 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose da vacina.
Na Inglaterra, as crianças voltaram às aulas na manhã desta segunda-feira, um passo crucial no plano do governo para tirar progressivamente o país de um terceiro confinamento.
Segundo esta diretriz, a partir de 29 de março serão permitidas as reuniões de seis pessoas em ambientes externos. A reabertura de pubs, restaurantes e lojas não essenciais está prevista para 12 de abril.
Na Alemanha, o governo também suspendeu algumas restrições: as livrarias, floriculturas e autoescolas, que já tinham reaberto em alguns estados, podem receber clientes em todo o país.
A opinião pública avalia que a campanha de vacinação é muito lenta (apenas 5% da população se vacinou) e o descontentamento pelas restrições aumenta, apesar de Berlim ter começado a abrandá-las.
O cansaço e às vezes a raiva contra as medidas restritivas impõe uma cautela extrema aos governos, divididos entre a necessidade de conter a epidemia e a indispensável aprovação da população.
Na Holanda, onde foram registrados distúrbios quando foi decretado o toque de recolher noturno, seu primeiro-ministro, Mark Rutte, decidiu prorrogar esta medida até 31 de março, com exceções durante as eleições legislativas da semana que vem.
A Finlândia, por sua vez, decidiu endurecer as medidas, fechando bares e restaurantes. E a Hungria, que também enfrenta um recrudescimento da pandemia, também previa fechar colégios e a maioria das lojas e empresas a partir desta segunda-feira.
Uma situação que contrasta com a de Israel, que praticamente recuperou a normalidade com a supressão das restrições neste fim de semana.
Desde o domingo, os israelenses podem se sentar em terraços para tomar um café e restaurantes podem reabrir para quem tiver o "passaporte verde", uma permissão concedida a quem tiver recebido as duas doses da vacina ou tiver se curado da covid-19.
O país lançou oficialmente nesta segunda a campanha de vacinação para palestinos que trabalham em território israelense ou nas colônias da Cisjordânia ocupada.