Bolsonaro cria comitê de crise contra coronavírus

O presidente informou que o grupo se reunirá semanalmente com autoridades para decidirmos o rumo do combate ao coronavírus

qua, 24/03/2021 - 16:38
EVARISTO SA O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (C), o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (D) e a Secretaria-Geral da Presidência da República Onix Loranzoni chegam para fazer uma declaração à imprensa após reunião com chefes dos três poderes EVARISTO SA

O presidente Jair Bolsonaro, pressionado pelo agravamento da pandemia de coronavírus no país, anunciou nesta quarta-feira (24) a criação de um comitê de crise, traçando uma mudança de rumo diante de uma tragédia que, muitas vezes, buscou minimizar.

O presidente de extrema direita informou sobre a iniciativa após reunião em Brasília com representantes de outras potências e com um grupo de governadores, um dia após o Brasil registrar pela primeira vez mais de 3 mil mortes por coronavírus em 24 horas, com um total que se aproxima dos 300 mil.

“Resolvemos que será criado uma coordenação junto com os governadores, que presidirá o presidente do Senado”, e “um comitê que se reunirá semanalmente com autoridades para decidirmos o rumo do combate ao coronavírus”, disse Bolsonaro.

Na reunião, "imperou a solidariedade e a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. A vida em primeiro lugar", declarou.

Bolsonaro já havia defendido sua política contra a covid-19 em um discurso à nação na noite de terça-feira, resultando em 'panelaços' de protesto nas principais cidades do país.

Porém, esses contornos de "reorientação" dificilmente o tirarão dos holofotes das críticas, no momento em que os hospitais alertam para o risco de colapso devido à falta de leitos de terapia intensiva, tubos de oxigênio e outros insumos médicos.

"O presidente mentiu ao falar que, 'em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes para combater o coronavírus como para combater o caos na economia'. Nos últimos 12 meses, Bolsonaro minimizou a pandemia, provocou aglomerações, falou contra o uso de máscaras e brecou negociações de imunizantes", escreveu o jornal Folha de S. Paulo.

Bolsonaro, que questionou repetidamente a eficácia dos imunizadores, disse que na reunião de quarta-feira houve "unanimidade para nos dedicarmos à vacinação em massa".

Mas essa mudança de atitude não o impediu de se referir mais uma vez a "tratamentos precoces", que incluem medicamentos sem evidências científicas de eficácia contra a covid, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.

"Tratamos também da possibilidade do tratamento precoce. Isso fica a cargo do Ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label tratar os infectados", disse Bolsonaro se referindo ao uso de um medicamento fora de suas indicações clínicas.

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