Israel de luto após tumulto que matou 45 pessoas

Mortes aconteceram durante uma peregrinação de judeus ortodoxos

sab, 01/05/2021 - 10:03
Menahem KAHANA Judeus ultraortodoxos durante o funeral em Jerusalém Menahem KAHANA

Israel se prepara neste sábado (1) para mais funerais das vítimas de um tumulto que matou 45 pessoas na véspera durante uma peregrinação de judeus ortodoxos, uma das catástrofes mais graves da história do país.

O Estado hebreu iniciou na sexta-feira os sepultamentos das vítimas da tragédia que aconteceu durante uma peregrinação ao Monte Meron (norte), um dos maiores eventos organizados no país desde o início da pandemia de covid-19, com a presença de dezenas de milhares de pessoas.

"A catástrofe do Monte Meron é uma das mais graves que atingiu o Estado de Israel", declarou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que decretou um dia de luto no domingo.

"Os corpos de 32 vítimas da catástrofe de Meron foram identificados", anunciou o ministério da Saúde em um comunicado. Vinte e dois corpos já foram enterrados.

"Devido ao 'Sabbath' (dia de descanso semanal judaico) e por ordem do grande rabino de Israel, não é possível prosseguir com o processo de identificação, assim como com os enterros, proscritos durante o 'Sabbath' pela lei judaica", explicou o ministério. "Prosseguiremos após o final do 'Sabbath'", no sábado à noite, completa a nota.

"Desolador"

Na quinta-feira à noite, dezenas de milhares de pessoas se reuniram para peregrinação com o objetivo de celebrar a festa judaica de Lag Baomer, no Monte Meron, ao redor do suposto túmulo de Rabino Shimon Bar Yojai, um talmudista do século II, que é creditado por escrever o Zohar, uma obra central do misticismo judaico.

Antes da tragédia, uma grande multidão cantava e celebrava a data. Homens e mulheres estavam separados, e muitas crianças estavam presentes, entre velas acesas. De acordo com depoimentos ouvidos pela AFP, muitos peregrinos tentaram passar por um corredor muito estreito.

"Chegava mais gente, cada vez mais. (...) A polícia não deixava sair e eles começaram a se pressionar e depois a se esmagar”, contou à AFP Shmuel, de 18 anos, uma testemunha da tragédia. "Dezenas de pessoas morreram esmagadas, é uma catástrofe", acrescentou.

Ambulâncias e helicópteros foram enviados ao local para resgatar os feridos. Mas as equipes de emergência tiveram muitas dificuldades para chegar aos 150 feridos, devido ao tamanho da multidão, informou o Magen David Adom, equivalente da Cruz Vermelha em Israel.

"O que aconteceu aqui é desolador. Algumas pessoas foram esmagadas até a morte, inclusive crianças", declarou Netanyahu, que prometeu uma "investigação exaustiva" sobre a tragédia.

Nos bairros ultraortodoxos de Jerusalém e Bnei Brak, na periferia de Tel Aviv, milhares de homens vestido trajes típicos foram vistos na sexta-feira, pouco antes do início do repouso semanal, por ocasião dos primeiros funerais.

Entre as vítimas estão "vários cidadãos americanos", segundo um porta-voz do Departamento de Estado.

"Estados Unidos estão ao lado do povo de Israel e das comunidades judaicas de todo o mundo e choram pela terrível tragédia do Monte Meron", afirmou o presidente americano, Joe Biden, em um comunicado

Em uma carta enviada ao presidente israelense, Reuven Rivlin, o presidente palestino, Mahmud Abas, expressou sua "tristeza pela tragédia" e afirmou que "rezava pelas vítimas".

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