Brasil projeta vacinação contra Covid-19 em farmácias

Abrafarma está em conversas 'avançadas' com o Ministério da Saúde para realizar vacinação gratuita. Entidade do setor farmacêutico diz que pode aplicar, por mês, 10 milhões de doses

por Nathan Santos qua, 05/05/2021 - 12:53
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Vacinação é o principal recurso contra o novo coronavírus Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

As grandes redes de farmácia poderão se tornar pontos de vacinação gratuita contra a Covid-19 a nível nacional. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (5), em coletiva de imprensa virtual sobre os 30 anos de atuação da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A entidade estima que conseguirá aplicar, por mês, 10 milhões de doses, caso o Governo Federal aumente a compra, produção e distribuição dos imunizantes.

Segundo o CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, a Associação se reuniu com o Ministério da Saúde para discutir a possibilidade. O gestor garante que, se for autorizada, a imunização nas lojas farmacêuticas ocorrerá de maneira gratuita para a população. “É uma parceria com o sistema público no sentido de prestar um serviço. Isso não tem custo, as vacinas são aplicadas gratuitamente. Nós somos um defensor, inclusive nesta pandemia da Covid-19, de que o setor privado não deveria vender vacina. A gente quer fazer milhões de atendimentos. Já está pronto um projeto chamado ‘Vacina na farmácia’. É um aplicativo para celular e a ideia é que se possa usar 5.500 farmácias brasileiras para aplicar vacina. A gente pode aplicar 10 milhões de doses por mês, pelo menos”, disse o CEO da Abrafarma.

“É uma maneira de ajudar o Brasil neste momento, sem gerar ônus para ninguém. A gente já está em conversas avançadas com o Ministério da Saúde, e assim que o Brasil tiver mais vacinas disponíveis - a gente estima que em junho ou julho -, vamos sim ajudar o SUS. A gente pode, facilmente, bater 2 milhões de doses por dia”, acrescentou Barreto.

Durante a coletiva de imprensa, funcionalidades do aplicativo mencionado foram apresentadas. A ideia é que os preenchimentos de dados na ferramenta para agendamentos da vacinação contra o novo coronavírus ocorram conforme as exigências do Plano Nacional de Imunização (PNI), respeitando, principalmente, a ordem dos públicos a serem imunizados, sem “furo de fila”, conforme definições dos governos estaduais e das prefeituras. “Uma vez que o governo autorize, a pessoa baixa o aplicativo, escolhe o agendamento e com base no CEP, o sistema já indica a farmácia mais próxima. Nossa ideia de fazer o agendamento é para que não tenha fila, a gente não quer tumulto”, revelou o CEO.

De acordo com a Abrafarma, 40 centros de distribuição das grandes redes, distribuídos em todas as regiões brasileiras, estão à disposição do Governo Federal para que as doses sejam levadas às farmácias, bem como a entidade garante que possui condições estruturais de armazenar as vacinas. A Associação ainda liberou suas equipes técnicas para ajudar no processo imunização.

Questionado se as farmácias podem comercializar o imunizante, Sergio Mena Barreto descartou, mais uma vez, a possibilidade. “Não existe previsão de venda de vacina. A gente acha que a fila é única, ela só precisa andar mais rápido”, afirmou.

Hoje, 8.364 lojas compõem a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias. São marcas como Pague Menos, São Paulo e Drogasil. Conforme dados da instituição, o faturamento do setor em 2020 passou de R$ 58 bilhões.

Em 3.760 farmácias, foram realizados, até 2 de maio, 6.003.867 testes rápidos de Covid-19. Segundo a Abrafarma, cerca de 20% foram positivos e 4.750.296 se mostraram como negativos para a doença.

O levantamento mais atual do Ministério da Saúde indica 64.384.978 doses foram distribuídas para os Estados. Até o momento, segundo a pasta, mais de 43 milhões de doses foram aplicadas.

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