Brasil projeta vacinação contra Covid-19 em farmácias
Abrafarma está em conversas 'avançadas' com o Ministério da Saúde para realizar vacinação gratuita. Entidade do setor farmacêutico diz que pode aplicar, por mês, 10 milhões de doses
As grandes redes de farmácia poderão se tornar pontos de vacinação gratuita contra a Covid-19 a nível nacional. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (5), em coletiva de imprensa virtual sobre os 30 anos de atuação da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A entidade estima que conseguirá aplicar, por mês, 10 milhões de doses, caso o Governo Federal aumente a compra, produção e distribuição dos imunizantes.
Segundo o CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, a Associação se reuniu com o Ministério da Saúde para discutir a possibilidade. O gestor garante que, se for autorizada, a imunização nas lojas farmacêuticas ocorrerá de maneira gratuita para a população. “É uma parceria com o sistema público no sentido de prestar um serviço. Isso não tem custo, as vacinas são aplicadas gratuitamente. Nós somos um defensor, inclusive nesta pandemia da Covid-19, de que o setor privado não deveria vender vacina. A gente quer fazer milhões de atendimentos. Já está pronto um projeto chamado ‘Vacina na farmácia’. É um aplicativo para celular e a ideia é que se possa usar 5.500 farmácias brasileiras para aplicar vacina. A gente pode aplicar 10 milhões de doses por mês, pelo menos”, disse o CEO da Abrafarma.
“É uma maneira de ajudar o Brasil neste momento, sem gerar ônus para ninguém. A gente já está em conversas avançadas com o Ministério da Saúde, e assim que o Brasil tiver mais vacinas disponíveis - a gente estima que em junho ou julho -, vamos sim ajudar o SUS. A gente pode, facilmente, bater 2 milhões de doses por dia”, acrescentou Barreto.
Durante a coletiva de imprensa, funcionalidades do aplicativo mencionado foram apresentadas. A ideia é que os preenchimentos de dados na ferramenta para agendamentos da vacinação contra o novo coronavírus ocorram conforme as exigências do Plano Nacional de Imunização (PNI), respeitando, principalmente, a ordem dos públicos a serem imunizados, sem “furo de fila”, conforme definições dos governos estaduais e das prefeituras. “Uma vez que o governo autorize, a pessoa baixa o aplicativo, escolhe o agendamento e com base no CEP, o sistema já indica a farmácia mais próxima. Nossa ideia de fazer o agendamento é para que não tenha fila, a gente não quer tumulto”, revelou o CEO.
De acordo com a Abrafarma, 40 centros de distribuição das grandes redes, distribuídos em todas as regiões brasileiras, estão à disposição do Governo Federal para que as doses sejam levadas às farmácias, bem como a entidade garante que possui condições estruturais de armazenar as vacinas. A Associação ainda liberou suas equipes técnicas para ajudar no processo imunização.
Questionado se as farmácias podem comercializar o imunizante, Sergio Mena Barreto descartou, mais uma vez, a possibilidade. “Não existe previsão de venda de vacina. A gente acha que a fila é única, ela só precisa andar mais rápido”, afirmou.
Hoje, 8.364 lojas compõem a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias. São marcas como Pague Menos, São Paulo e Drogasil. Conforme dados da instituição, o faturamento do setor em 2020 passou de R$ 58 bilhões.
Em 3.760 farmácias, foram realizados, até 2 de maio, 6.003.867 testes rápidos de Covid-19. Segundo a Abrafarma, cerca de 20% foram positivos e 4.750.296 se mostraram como negativos para a doença.
O levantamento mais atual do Ministério da Saúde indica 64.384.978 doses foram distribuídas para os Estados. Até o momento, segundo a pasta, mais de 43 milhões de doses foram aplicadas.