Pacientes com covid-19 exigem atenção odontológica

A falta de uma adequada limpeza bucal e higienização dental tem relação com as complicações da nova doença em pacientes hospitalizados

qui, 27/05/2021 - 10:25
UNINASSAU Cuidados odontológicos são importantes nos casos de covid-19 UNINASSAU

A pandemia de covid-19 afetou vários setores da saúde. Um desses, o odontológico e de franquias odontológicas, foi bastante prejudicado, principalmente pelo fato de haver contato direto entre os especialistas e os pacientes, por meio até de saliva e sangue. Apesar de não ficarem completamente paralisados, os dentistas tiveram que buscar caminhos para manter suas receitas.

“Nós tivemos que nos adaptar às novas regras para atender os pacientes; não têm  diferenças entre os atendimentos de conveniados e os de particulares. A diferença entre agora e antes da pandemia é que os conveniados precisavam de uma perícia presencial, para autorização de certos procedimentos, além de haver a necessidade de um tempo maior entre as consultas. O consultório é higienizado e desinfetado, para que haja maior segurança aos pacientes e profissionais e para evitar a contaminação e a infecção de quem estiver presente", afirma Santana Miranda, odontóloga e especialista em Periodontia e Implantodontia.

Segundo a odontóloga, as principais mudanças no atendimento em consultório estão no uso de EPIs (equipamentos de proteção individual, como as máscaras N-95 e os face-shields) para proteção e no tempo entre consultas, que deve garantir segurança na sala de procedimentos e distanciamento na sala de espera. 

A especialista afirma que é importante manter uma rotina de autolimpeza bucal e destaca a necessidade das visitas ao dentista, pela relação que a boca e os dentes têm com a doença causada pelo novo coronavírus. “Além das técnicas de escovação, a pessoa necessita visitar o cirurgião dentista, pois é o melhor profissional para orientar sobre a melhor técnica de escovação, melhor uso do fio dental, utilização de soluções bucais, além de orientar sobre a presença de lesões bucais e patologias", assinala.

As visitas para acompanhamento devem ocorrer de seis em seis meses (no caso de quem possui as chamadas comorbidades, o tempo diminui), para fazer profilaxia, limpeza e remoção dos cálculos salivares: "Principalmente agora, na pandemia, quando foi alertado sobre a presença do Sars-CoV-2 nas gengivas - para manter a área saudável, com a correta higiene bucal, para ajudar a prevenir as complicações da doença”.

Nas UTIs, protocolos operacionais de higiene oral também sofreram alteração. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) elaborou um manual para orientar os profissionais. "Foi demonstrado aos dentistas como aplicar os processos nos pacientes intubados, para diminuir a chance de pneumonias associadas à ventilação mecânica. Após essa implementação dos protocolos, foi observado um menor índice de pneumonias associadas à ventilação mecânica. Com isso, os pacientes ficavam menos tempo internados, ocupando leitos, e os custos de tratamento diminuíram, além de oferecer mais conforto para o paciente, já que a área bucal faz parte de um sistema de saúde", informa Santana. 



Os atendimentos odontológicos no SUS (Sistema Único de Saúde) também exigem cuidados. "As principais diferenças que ocorreram foram o número de pacientes (que foi reduzido, para higienização do consultório) e a paramentação e desparamentação (utilização dos equipamentos de proteção individuais, como a máscara N95, a touca, o face-shield, a proteção ocular e o capote cirúrgico)", informa.

A desparamentação, retirada dos equipamentos após uma consulta, deve ser realizada em uma sala fechada, com os itens sendo colocados em um recipiente fechado, para não contaminar outros pacientes.

O professor Theodorico Netto, odontólogo e coordenador da Clínica de Odontologia da UNAMA - Universidade da Amazônia, reforça a necessidade de se procurar ajuda profissional na pandemia, para não deixar de lado a rotina de higienização bucal e limpeza dental. “Se nós mantivermos o hábito de escovação após cada refeição, de bochechos com flúor após cada escovação, o hábito de uso de fio dental (pelo menos uma vez ao dia, de preferência na escovação noturna), e também não exagerar nos alimentos açucarados durante as refeições, estaremos seguindo um bom caminho, sem esquecer do uso da máscara, pois ela salva vidas”, destaca.

Em relação à imunização e ao combate ao novo coronavírus, o professor analisa o papel dos EPIs utilizados pelos especialistas, antes e durante a pandemia: “Os profissionais de odontologia, pela própria natureza da ocupação, sempre trabalharam extremamente protegidos com os EPIs (máscara, gorro, luvas, óculos de proteção, face-shield, capote cirúrgico, que é o avental). Os procedimentos é que mudaram um pouquinho a sua característica. Agora, os procedimentos eletivos, ou seja, aqueles que são os menos urgentes, estão voltando a fazer parte do rol de atendimentos na odontologia, quando a gente enfim enxerga a esperança de que um novo normal surja, claro, sempre tomando todos os devidos cuidados de prevenção à covid-19”.

Theodorico também justifica a restrição aos atendimentos de urgência nas clínicas e nos hospitais do SUS, reprimindo uma demanda que vai voltando à medida que a vacinação da população avança: “Pelo fato de os cirurgiões dentistas e outras especialidades médicas, como os otorrinolaringologistas, os endoscopistas, precisarem pedir ao paciente para retirar a máscara, ao invés de pedir para colocar, como habitualmente vemos, a odontologia esteve durante algum tempo, nesta pandemia, restrita ao atendimento de casos graves e urgentes, apenas. Então, nesse momento em que enxergamos a esperança de que as coisas, ainda que lentamente, voltem e caminhem para o novo normal, estamos percebendo um aumento no número de atendimentos, pois temos uma demanda que ficou reprimida".

Por Vinícius Santos.

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