Precisa 3ª dose para quem tomou Coronavac? Entenda

Hipótese vem sendo discutida, especialmente diante do avanço da variante delta, que ainda não é predominante no Brasil

por Pedro Oliveira sex, 06/08/2021 - 14:49
Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo Caixa com doses da Coronavac, fabricada pelo Butantan Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo

Anunciada nessa quinta (5) pelo Chile, a decisão de autoridades sanitárias de dar uma nova vacina aos que foram imunizados com a Coronavac já vem sendo adotada em outros países.  A justificativa seria uma suposta queda na proteção da vacina de origem chinesa, de onde vem um estudo nesse sentido. O Instituto Butantan, responsável por produzir o imunizante no Brasil, afirma que a dose adicional de uma outra fabricante seria para “aprimorar o esquema vacinal de duas doses da Coronavac”.

As pesquisas que apontam a necessidade de uma terceira dose da Coronavac ainda são preliminares, assim como há estudos nesse sentido com relação à Pfizer e à Astrazeneca. Essas hipóteses vêm sendo amplamente discutidas, especialmente diante do avanço da variante delta, que ainda não é predominante no Brasil.

“Vale ressaltar que, o avanço da variante delta está sendo acompanhado por meio da Rede de Alertas das Variantes do SARS-Cov-2, coordenada pelo Butantan, e por enquanto, não foi considerado representativo do ponto de vista populacional”, diz um trecho da nota enviada ao LeiaJá.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede que países não apliquem a dose adicional de vacinas até que mais pessoas de todo o mundo estejam imunizadas.

Dose extra no Chile

A biomédica e neurocientista Mellanie Fontes-Dutra – coordenadora da Rede nacional de pesquisadores voluntários para o enfrentamento da COVID-19 – fez, em julho, uma postagem extensa no Twitter explicando como tem sido analisada a 3ª dose, usando como exemplo o caso do Chile.

Segundo Fonte-Dutra, alguns locais estão estudando a necessidade de uma terceira dose para reforçar as defesas contra a variante Delta, que está assumindo dominância global.

“Precisamos ter algo muito claro: a CoronaVac é capaz de proteger contra a doença grave”, alerta ela, que complementa. “Nas 45 pessoas do estudo (no Chile) que foram vacinadas e acabaram se infectando, os níveis de anticorpos subiram rapidamente e ficaram acima do máximo que já havia sido apresentado na 2ª ou 4ª semana após a segunda dose", disse.

Segundo a pesquisadora, essa reação do corpo mostra que, mesmo que os níveis caiam após seis meses, uma nova onda de anticorpos é induzida nessas pessoas, protegendo-as de uma infecção mais séria.

“Isso se traduz nas porcentagens obtidas: apenas 0,088% dos vacinados e infectados necessitaram de hospitalização”, tuitou.

Ainda de acordo com a Fontes-Dutra, até julho, as UTIs no Chile estavam com 90% de ocupação, porém 85% dos internados em UTI não tinham tomado nenhuma vacina.

“Para o Chile, considerando todo o seu cenário, e diante da dificuldade de reduzir os números de contágios, mortes e internações, a discussão está sendo considerada. Ainda não se sabe se seria uma 3ª dose homóloga (mesma vacina) ou heteróloga”, detalhou.

Mellanie Fontes-Dutra explicou ainda que populações mais vulneráveis, como a população mais velha, tem uma queda natural da imunidade com o tempo.

“Uma terceira dose, no futuro, pode ser importante para uma manutenção dessas defesas. Da mesma forma que não podemos afirmar que hoje a 3ª dose é necessária, também não podemos afirmar que ela nunca seria necessária”, disse a pesquisadora.

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