Variante Delta coloca em xeque os hospitais de Louisiana
O sul dos Estados Unidos, que suspendeu as restrições sanitárias na primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), agora está em xeque pela onda gerada pela variante delta do vírus
Na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital North Oaks de Hammond, Louisiana, atrás dos respiradores artificiais, os rostos dos pacientes se apresentam pálidos e abatidos, consumidos pela Covid-19.
Como nos outros centros de saúde do estado, suas instalações estão voltadas para atender vítimas da pandemia. De seus 330 leitos, 81 estão ocupados por pacientes com coronavírus, metade deles em estado crítico.
O sul dos Estados Unidos, que suspendeu as restrições sanitárias na primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), agora está em xeque pela onda gerada pela variante delta do vírus.
Louisiana é, de longe, o estado mais afetado, com mais de 5.800 casos diários em média, 50% a mais do que durante o pico de meados de janeiro, quando registrou o pior momento da pandemia até agora.
"Não só estamos recebendo mais pacientes durante esta onda, como sua condição também é mais crítica", disse o médico Justin Fowlkes, especialista em doenças respiratórias. "Infelizmente, também estamos vendo mais pacientes morrendo".
Nesta unidade especializada em doenças graves, um dos 18 leitos acaba de ser liberado. Não por muito tempo, porque um novo paciente já está sendo preparado para ocupar este lugar, onde será imediatamente conectado a um respirador.
Os 17 pacientes atuais estão sedados e a maioria está, inclusive, em coma induzido.
Uma pequena cruz cristã adorna o pescoço do médico de 53 anos, de cabeça raspada e voz suave. Ele tenta fingir estar melhor para tranquilizar as enfermeiras. "Me preocupo com elas", confessa com dificuldade, antes de fazer uma pausa.
Por trás de sua máscara, seus olhos brilham. Depois de longos segundos, continua: "Mas devido à situação, acredito que estão aguentando bem".
Em uma tentativa de deter a onda da variante delta e aliviar os profissionais do hospital, Louisiana restabeleceu o requisito de usar máscara em lugares fechados e teve que pedir apoio às autoridades federais.
O Departamento de Saúde enviou ao estado cerca de 150 enfermeiros e médicos como reforço, 15 deles para o hospital North Oaks. A vacinação, apesar de um leve impulso recente, permanece muito abaixo do nível nacional.
Apenas 38,3% dos habitantes de Louisiana estão completamente imunizados, em comparação com mais da metade (51,2%) de todo os Estados Unidos. Em Hammond, 72 dos 81 pacientes de Covid-19 internados não estavam vacinados.
Há duas semanas, quase dez pacientes morreram em três dias. Em 31 anos de carreira, "isso nunca havia acontecido", disse Fowlkes. "E espero que nunca volte a acontecer".