Dificuldade para dormir no Brasil dobrou na pandemia

Especialistas explicam quais casos são considerados insônia e o que pode ser feito para recuperar as noites de sono

por Rafael Sales qui, 23/09/2021 - 22:37
Flickr/Benjamin Watson Flickr/Benjamin Watson

Segundo o mais recente levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS)  feito no final de 2020, 34% dos brasileiros não dormem bem. A rotina de distanciamento social e a constante preocupação com a contaminção pelo vírus, além da crise econômica gerada pela pandemia foram fatores preponderantes para que os índices de pessoas com dificuldade de dormir aumentassem, já que no início do ano, segundo a ABMS, esse percentual era de 15%.

Vale lembrar que existe uma diferenciação entre dificuldade em dormir e de fato, a insônia. O biomédico Gabriel Pires explica que é necessário um diagnóstico realizado por médico, segundo critérios rígidos de sintomas, que devem ocorrer pelo menos três vezes por semana ao longo de três meses. “Ainda assim, muitas outras doenças que nos tiram o sono à noite ou que nos deixam cansados ao longo do dia podem se parecer com a insônia”. Pires ressalta dizendo que mesmo que o diagnóstico varie, o tratamento de terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCCi) é útil em todos os casos.

Quando o diagnóstico revela que o paciente sofre de insônia, é possível citar alguns sintomas que passam a ser mais frequentes. Segundo o biomédico, “as reações mais comuns acontecem no dia seguinte, como fadiga, indisposição, sonolência diurna, falta de atenção e problemas de memórias são os mais comuns”. Pires também explica que com o passar do tempo, e conforme a insônia se torna crônica, efeitos mais prejudiciais podem ocorrer, incluindo aumento do risco de doenças como hipertensão e obesidade, e problemas mentais como depressão e ansiedade.

Assim, existem medidas e cuidados que podem ser tomados para aqueles que notam que os sintomas estão presentes. Segundo Ksdy Sousa, psicóloga do sono e responsável técnica da SleepUp, aplicativo que oferece terapia digital e monitoramento contínuo, o TCCi tem os níveis de eficiência e não necessita de uso de medicamentos. “Atualmente esse tipo de terapia é feita por profissionais habilitados em psicologia do sono. Porém, há uma escassez de profissionais qualificados, o que acaba por tornar o tratamento mais caro”.  Por conta disso, a psicóloga explica que existem aplicativos de TCCi que tornam a terapia mais barata, e se adapta em forma de aplicativo, assim como a SleepUp.

Ainda que existam as formas primárias de tratamento, alguns casos vão necessitar o uso de medicamentos, que continua sendo importante, principalmente em casos mais graves. “É importante saber que todo tratamento para insônia com medicamentos só pode ser feito sob recomendação médica. Esses remédios apresentam efeitos colaterais que devem ser monitorados com cuidado”. Ksdy finaliza orientando que, caso haja falta de prescrição médica, pode-se recorrer aos tratamentos baseados em psicoterapia ou até mesmo a terapia mindfulness.

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