Falta de material médico causa mortes no Tigré, na Etiópia
No hospital Ayder Referral, o maior da região, 18 pessoas, entre elas uma criança, morreram devido à falta de um cateter para diálise
A falta de material médico tem consequências fatais na conflituosa região do Tigré, no norte da Etiópia, com pacientes que sucumbem a hemorragias pós-parto ou falta de produtos para diálise, alertou a ONU nesta quinta-feira (7).
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) denunciou que "não foi autorizado" material médico de primeira necessidade, apesar de que entre 28 de setembro e 5 de outubro 50 caminhões de ajuda entraram no Tigré.
"A situação sanitária é particularmente preocupante, devido à ausência de medicamentos e material médico", acrescentou.
No hospital Ayder Referral, o maior da região, 18 pessoas, entre elas uma criança, morreram devido à falta de um cateter para diálise, informou o escritório.
"A vida de 34 pacientes está ameaçada se os equipamentos para diálise não chegarem imediatamente", acrescentou.
O OCHA também denuncia que cinco mulheres morreram no distrito de Selwa, no sul do Tigré, por "falta de atendimento médico" no tratamento de hemorragias pós-parto.
A falta de combustível e de liquidez é outro problema, que obriga os grupos humanitários a reduzir seu apoio às infraestruturas médicas.
Alguns hospitais da região "já não têm medicamentos nutricionais para tratar a desnutrição severa nas crianças jovens", o que aumenta o temor de uma mortalidade elevada provocada pela fome.
Desde novembro, o Tigré é palco de combates entre as forças do governo etíope, lideradas pelo primeiro-ministro e Nobel da Paz Abiy Ahmed, e as tropas leais às autoridades regionais da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).
Com acesso limitado à ajuda, teme-se uma enorme crise humanitária na região.
Este temor acentuou-se na semana passada, quando a Etiópia expulsou sete dirigentes de agências da ONU, entre elas o Unicef (Fundo para a Infância) e o próprio OCHA.