Crise de migrantes provoca tensão entre Polônia e Belarus

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas

ter, 09/11/2021 - 11:20
Leonid Shcheglov A Polônia enviou milhares de policiais e soldados à fronteira Leonid Shcheglov

Polônia e Belarus trocaram acusações nesta terça-feira (9) pela presença de milhares de migrantes que tentavam entrar no território polonês, o que, segundo Varsóvia, ameaça a segurança da União Europeia (UE).

Minsk fez uma advertência contra as "provocações" na fronteira, para onde os dois países mobilizaram soldados em um momento de grande tensão.

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas.

A UE acusa o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise em represália pelas sanções ocidentais contra Minsk. Ele nega.

Na segunda-feira (8), a Polônia bloqueou uma tentativa de milhares de migrantes de ultrapassarem o arame farpado da linha de fronteira.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou nesta terça-feira que Varsóvia continuará impedindo sua entrada.

"Fechar a fronteira polonesa é nosso interesse nacional. Mas agora é a estabilidade e a segurança de toda União Europeia que estão em jogo", escreveu o chefe de Governo polonês no Twitter.

"Este ataque híbrido do regime de (Alexander) Lukashenko está direcionado para todos nós. Não seremos intimidados e defenderemos a paz na Europa com nossos sócios da Otan e da UE", completou.

Em resposta, o Ministério bielorrusso da Defesa considerou a versão como "infundada e injustificada", ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de aumentar "deliberadamente" as tensões.

Também afirmou que a Polônia mobilizou 10.000 militares para a fronteira sem aviso prévio às autoridades de Belarus, o que classificou de violação dos acordos de segurança mútua.

"Queremos advertir de antemão à parte polonesa que evite qualquer provocação direcionada à República de Belarus para justificar o uso ilegal da força contra pessoas indefesas e desarmadas, incluindo crianças e mulheres", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Belarus em um comunicado.

Em um cenário de crise, Estados Unidos e UE pediram a Belarus para deter o que chamaram de "fluxo orquestrado de migrantes".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acusou Minsk de usar os migrantes como peões políticos, enquanto a UE pediu novas sanções contra o regime bielorrusso.

- Bloqueados -

Muitos migrantes que desejam entrar na Polônia fogem de conflitos e da pobreza em países do Oriente Médio.

Eles afirmam que estão bloqueados: Belarus impede o retorno a Minsk para uma viagem de retorno a seus países, enquanto a Polônia não permite a entrada para a solicitação de asilo.

"De acordo com nossos cálculos, pode haver entre 12.000 e 15.000 migrantes em Belarus", disse o porta-voz dos serviços especiais da Polônia, Stanislaw Zaryn.

Quase 4.000 estariam na área de Kuznica, perto da fronteira com a Polônia.

A agência de notícias bielorrussa Belta informou a presença de 3.000 pessoas em um acampamento perto da fronteira.

O porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, advertiu na segunda-feira que "pode acontecer uma escalada deste tipo de ação na fronteira em um futuro próximo".

Hoje, o ministro bielorrusso do Interior, Ivan Kubrakov, afirmou que os migrantes estão "legalmente" na ex-república soviética e que "até agora não aconteceu violação da lei por parte dos migrantes".

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