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O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado da Rússia, pediu nesta sexta-feira (31) uma "trégua" na Ucrânia e negociações "sem condições prévias" entre os governos de Moscou e Kiev.

"Temos que parar agora, antes que a escalada comece. Arrisco sugerir o fim das hostilidades (....) para declarar uma trégua", disse Lukashenko, que está no poder desde 1994, em um discurso à nação.

"Todas as questões territoriais, de reconstrução, de segurança e outras devem e podem ser resolvidas na mesa de negociações, sem condições prévias", acrescentou.

Lukashenko, que culpa o Ocidente e a Ucrânia pelo conflito, também disse que teme uma guerra nuclear devido ao apoio ocidental a Kiev.

"Como resultado dos esforços dos Estados Unidos e de seus satélites, uma guerra total foi desencadeada na Ucrânia", o que significa que uma "terceira guerra mundial com incêndios nucleares surge no horizonte", afirmou em um discurso anual à nação.

"Todos vocês entendem e sabem que há apenas uma solução: negociações. Negociações sem condições prévias", insistiu.

Ao destacar que "complexo militar-industrial funciona a todo vapor na Rússia" e que a Ucrânia está "inundada de armas ocidentais", Lukashenko se declarou preocupado com uma "escalada" que provocaria muitas mortes.

Belarus não participa diretamente no conflito na Ucrânia, mas cedeu seu território ao exército russo para a ofensiva na capital ucraniana no ano passado e para a execução de ataques, segundo o governo de Kiev.

A capital da Ucrânia foi alvo de um ataque nesta segunda-feira (19) com drones, que danificou infraestruturas "críticas" da cidade, poucas horas antes de uma reunião prevista entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu colega de Belarus, Alexander Lukashenko, em Minsk.

Antes da reunião, o exército russo anunciou que os militares de Moscou participarão em "exercícios táticos" em Belarus - em outubro os países anunciaram a formação de uma força conjunta de milhares de soldados.

Além disso, a Rússia também anunciou que vários navios de guerra participarão a partir desta semana em exercícios conjuntos com a Marinha chinesa, mais uma demonstração da aproximação entre Moscou e Pequim diante dos países ocidentais.

Durante a madrugada, a capital ucraniana voltou a ser bombardeada por drones russos.

"Durante o alerta aéreo registramos 23 VANT (veículo aéreo não tripulado) inimigos no céu da capital. A defesa aérea destruiu 18 drones", anunciou o comando militar de Kiev nas redes sociais.

As forças russas utilizam munições de bombardeio conhecidas como "Shahed", com as quais atingiram a capital ucraniana nas últimas semanas, acrescentou.

O governo municipal de Kiev emitiu um alerta aéreo às 1H56 locais. A segunda sirene, às 5H24, foi cancelada meia hora depois.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou explosões nos distritos de Solomiansky e Shevchenkivskyi da capital e que várias infraestruturas críticas foram "danificadas".

Após o ataque, a operadora ucraniana de energia DTEK anunciou apagões de emergência.

"Durante toda a noite, drones inimigos tentaram atacar instalações de energia, o que provocou uma situação difícil para o sistema (...) e cortes de emergência em Kiev" e outras 10 regiões do país, afirmou a operadora Ukrenergo.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o país sofre bombardeios com frequência.

Os ataques se intensificaram a partir de outubro, depois que Moscou sofreu uma série de reveses militares.

Desde então, a Rússia optou por bombardear em larga escala as centrais e infraestruturas de energia elétrica do país, o que deixou milhões de ucranianos sem luz e água às vésperas do inverno (hemisfério norte).

O ministério russo da Defesa anunciou nesta segunda-feira que derrubou quatro mísseis HARM de fabricação americana em seu território, na região de Belgorod - fronteira com a Ucrânia.

- Reunião em Belarus -

França e União Europeia (UE) afirmaram que os ataques russos contra a infraestrutura civil constituem crimes de guerra. O chefe da diplomacia da UE chamou os atos de "bárbaros".

O ministério da Defesa da Rússia afirma que os ataques têm como alvo as Forças Armadas ucranianas e instalações de energia, com o objetivo de interromper "a transferência de armas e munições de fabricação estrangeira".

Enquanto Moscou bombardeava Kiev, Putin estava reunido com os comandantes responsáveis pela operação militar na ex-república soviética para ouvir propostas sobre futuras ações, segundo o Kremlin.

As autoridades ucranianas temem uma nova ofensiva nos primeiros meses de 2023.

Durante seu discurso diário, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky insistiu que "a proteção da fronteira com Rússia e Belarus é uma prioridade constante. Nos preparamos para todos os cenários possíveis".

Putin terá uma reunião com Lukashenko em Minsk, a capital de Belarus, onde as tropas de Moscou devem participar em exercícios militares, segundo a agência Interfax. Esta será a primeira visita do chefe de Estado russo ao país em três anos.

Em outubro, Belarus anunciou a formação de uma força conjunta com a Rússia e milhares de soldados do país foram enviados à ex-república soviética.

O presidente bielorrusso, no entanto, afirmou em várias ocasiões que não pretende enviar unidades militares de seu país à Ucrânia.

A líder da oposição bielorrussa Maria Kolesnikova, que cumpre pena de 11 anos de prisão, deu entrada em uma unidade de terapia intensiva (UTI), informaram seus apoiadores nesta terça-feira (29).

"Maria foi internada em [uma unidade de] terapia intensiva em Gomel", no sudeste de Belarus, informou o serviço de imprensa de Viktor Babaryko, outro opositor bielorrusso, em um comunicado.

De acordo com o comunicado, Kolesnikova, de 40 anos, foi internada em uma unidade cirúrgica na segunda-feira e posteriormente transferida para uma UTI.

"Que notícia terrível! Nossa querida Masha [apelido de Maria], todos esperamos que você esteja bem", escreveu a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tijanovskaya, no Telegram.

Maria Kolesnikova foi condenada em setembro de 2021 a 11 anos de prisão após ser considerada culpada de "conspirar para tomar o poder", "convocar ações que minam a segurança nacional" e "criar um grupo extremista".

Ela foi uma das três mulheres que se tornaram líderes das grandes manifestações contra o regime bielorrusso em 2020, quando o presidente Alexander Lukashenko reivindicou a vitória em uma eleição que a comunidade internacional considerou fraudulenta.

Kolesnikova foi presa em setembro de 2020 após resistir a uma tentativa de expulsá-la do país.

Outro acusado, o advogado Maxime Znak, foi condenado a 10 anos de detenção em um presídio de segurança máxima.

Maria Kolesnikova e Maxime Znak trabalharam para Viktor Babaryko, adversário do presidente bielorrusso e condenado em 2021 a 14 anos de prisão por fraude, um caso que ele denunciou como político.

Ambos pertenciam ao Conselho de Coordenação de sete membros instalado pela oposição depois das eleições presidenciais de agosto de 2020, no intuito de organizar uma transição pacífica após 25 anos de regime de Alexandre Lukashenko.

Kolesnikova é uma das três mulheres impulsionadas à liderança do movimento de protesto, juntamente com Svetlana Tijanovskaya, que concorreu à Presidência no lugar de seu marido preso, e Veronika Tsepkalo.

Tijanovskaya e Tsepkalo fugiram do país sob pressão das autoridades.

Os ocidentais adotaram sanções contra o governo bielorrusso, que é apoiado pela Rússia.

Aliada de Moscou, Belarus serviu de base de apoio para as tropas russas em sua ofensiva contra a Ucrânia no final de fevereiro, mas não participou dos combates em solo ucraniano.

Com uma eleição altamente simbólica a favor da "coexistência pacífica", o Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil da Ucrânia, Rússia e Belarus, três dos principais atores do conflito ucraniano.

O prêmio foi atribuído ao ativista bielorrusso preso Ales Bialiatski, à ONG russa Memorial - cuja dissolução foi ordenada pelas autoridades russas - e ao Centro ucraniano pelas Liberdades Civis.

"O Comitê Nobel norueguês deseja honrar três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos que são Belarus, Rússia e Ucrânia", disse sua presidente, Berit Reiss-Andersen.

Como os especialistas esperavam, o comitê do Nobel quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais séria crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.

Os cinco membros do Comitê do Nobel, porém, evitaram criticar diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro e que comemora nesta sexta-feira seu 70º aniversário.

"Este prêmio não é dirigido contra Vladimir Putin, nem por seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo fato de que seu governo, como o governo de Belarus, constitui um governo autoritário que reprime ativistas de direitos humanos", afirmou Reiss-Andersen.

Além disso, ela instou Belarus a libertar Ales Bialiatski, presidente fundador do Centro Viasna para a Defesa dos Direitos Humanos ("Primavera"), preso desde 2021, após as manifestações massivas do ano anterior contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, considerada fraudulento pelos países ocidentais.

- Crimes de guerra -

"Nossa mensagem é exortar as autoridades bielorrussas a libertar Bialiatski", disse Reiss-Andersen. "Mas há milhares de presos políticos em Belarus e temo que meu desejo não seja muito realista".

A esposa de Ales Bialiatski, Natalia Pinchuk, declarou à AFP que estava "cheia de emoção" e aplaudiu "o reconhecimento do trabalho de Ales, seus colaboradores e sua organização".

Por sua vez, a chefe do Centro ucraniano para as Liberdades Civis, Alexandra Matviïtchuk, pediu a criação de um tribunal internacional para julgar o presidente russo, Vladimir Putin.

"É necessário criar um tribunal internacional e levar Putin, o presidente bielorrusso Alexander) Lukashenko e outros criminosos de guerra à justiça", declarou no Facebook.

Mais cedo, sua organização disse estar "feliz" por receber este prêmio altamente simbólico, segundo uma das líderes da ONG, Olexandra Romantsova, acrescentando que ainda há "muito trabalho pela vitória".

Desde a invasão russa da Ucrânia, a organização intensificou seus esforços para identificar e documentar crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças russas contra civis ucranianos.

Já a presidência da Ucrânia expressou que "o povo ucraniano é hoje o principal construtor da paz, na qual devemos existir sem agressão".

Outro assessor da presidência ucrânia, Mikhaïlo Podoliak, comentou, porém, que "o Comitê do Nobel tem um entendimento interessante de 'paz' se representantes de dois países que atacam um 3º recebem juntos o Prêmio Nobel".

A organização Memorial, a maior em defesa dos direitos humanos na Rússia, recebeu a ordem de dissolução da Suprema Corte em dezembro de 2021.

Além de montar um centro de documentação sobre as vítimas do stalinismo, Memorial coleta e arquiva informações sobre a repressão e violações de direitos humanos na Rússia.

Logo após o anúncio do prêmio, a ONG denunciou o processo aberto contra ela na Rússia. "Enquanto o mundo inteiro nos parabeniza pelo Prêmio Nobel, está ocorrendo um processo no tribunal de Tverskoi [em Moscou]" contra o grupo, denunciou.

- "Poder da sociedade civil" -

A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, considerou no Twitter que "o prêmio é um importante reconhecimento para todos os bielorrussos que lutam pela liberdade e pela democracia".

Os premiados "demonstram o verdadeiro poder da sociedade civil na luta pela democracia", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter.

No ano passado, o Nobel da Paz premiou dois jornalistas defensores da liberdade de expressão, a filipina Maria Ressa e o russo Dmitri Muratov, cujos respectivos meios de comunicação estão ameaçados.

O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 900.000 dólares) a serem divididos entre os vencedores.

Será entregue em uma cerimônia em Oslo em 10 de dezembro, aniversário da morte do criador dos prêmios, o inventor e filantropo sueco Alfred Noble, falecido em 1896.

É o único dos prêmios Nobel entregue em Oslo, já que os demais são concedidos em Estocolmo.

A temporada do Nobel deste ano terminará na próxima segunda-feira, com o anúncio do vencedor do prêmio de Economia.

O Comitê Executivo da Uefa se reuniu nesta terça-feira e confirmou que a seleção russa não participará do sorteio para a fase qualificatória da Eurocopa de 2024, mas permitiu a participação de Belarus, decisão que vai contra o posicionamento da Alemanha, anfitriã do torneio. Em pronunciamento recente, Nancy Faeser, ministra do Interior alemã, pediu que os dois países fossem banidos da competição.

A exclusão da Rússia dá continuidade à série de sanções direcionadas ao país desde o início da invasão à Ucrânia promovida pelo presidente Vladimir Putin. A Uefa decidiu, em fevereiro, suspender os clubes e a seleção russa de suas competições. Com isso, a Rússia foi proibida de disputar as Eliminatórias da Copa do Mundo e a Liga das Nações da Uefa, e os times ficaram de fora dos campeonatos europeus.

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Belarus também vinha sofrendo com punições nos mais diversos esportes, já que é um aliado militar importante dos russos, muito em razão de sua localização, por isso a Alemanha defendia o veto. Liberado para jogar a Euro, o país não poderá ficar no mesmo grupo que a Ucrânia, conforme decidido pelo Comitê.

A Federação Russa de Futebol informou que estuda formas de tomar "novas medidas no âmbito de proteção jurídica". A confirmação da ausência dos russos foi celebrada nas redes sociais por Andriy Pavelko, presidente da Federação Ucraniana de Futebol.

"Os russos simplesmente não têm nada para se prepararem. Como solicitado, a federação russa não estará em Frankfurt, na Alemanha, no dia 9 de outubro. E, ao menos até 2024, eles não poderão participar de uma competição internacional de futebol. A Euro 2024 será realizada sem um país agressor", escreveu o dirigente.

O sorteio marcado para 9 de outubro distribuíra 53 seleções em dez grupos da fase qualificatória da Eurocopa 2024. A Alemanha, por ser o país-sede do torneio, já tem vaga garantida na fase final, portanto não participará da qualificação.

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou neste sábado (2) que seu Exército interceptou mísseis lançados da Ucrânia, em meio ao auge de versões sobre o envolvimento crescente de seu país, um aliado da Rússia, na guerra na Ucrânia.

"Ele nos provocam. Devo dizer que há cerca de três dias, talvez mais, tentaram bombardear diretamente da Ucrânia alvos militares em Belarus. Graças a Deus, nossos sistemas antiaéreos Pantsir interceptaram todos os mísseis disparados pelas forças ucranianas", disse Lukashenko, citado pela agência estatal bielorrussa Belta.

"Repito, como disse há mais de um ano: não pretendemos lutar na Ucrânia", assinalou o presidente de Belarus. "Iremos combater em apenas um caso: se vocês entrarem em nossa terra, se matarem nossa gente."

Desde o início da ofensiva contra a Ucrânia em 24 de fevereiro, Belarus serviu como base de retaguarda para as forças russas. Nos primeiros dias, as colunas russas que tentaram avançar para Kiev, a capital ucraniana, partiram de Belarus, mas encontraram uma resistência inesperada que os obrigou a se retirar.

O governo de Lukashenko enfrenta duras sanções internacionais e é altamente dependente da Rússia no campo militar e econômico.

Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que seu país entregará mísseis Iskander-M, capazes de transportar ogivas nucleares, à Belarus "nos próximos meses".

Lukashenko afirmou hoje que responderia "instantaneamente" a qualquer ataque inimigo contra o território de Belarus, em mensagem visivelmente destinada à Ucrânia e aos países ocidentais. "Há menos de um mês, ordenei a nossas Forças Armadas que mantenham na mira os centros de decisão de suas capitais", declarou, mencionando os mísseis prometidos por Putin e o sistema lançador de foguetes bielorrusso Polonez.

Os Estados Unidos anunciaram na terça-feira (15) novas sanções econômicas contra o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e sua esposa, assim como outras pessoas e uma entidade russa, por corrupção e violações de direitos humanos, disse o Tesouro em comunicado.

Essas sanções miram em Lukashenko, aliado do presidente russo Vladimir Putin, e "chefe de um governo corrupto em Belarus, cuja rede de patrocínio beneficia sua comitiva e seu regime", bem como sua esposa, afirmou o Tesouro.

As medidas fazem parte de um conjunto de sanções internacionais contra a Rússia e Belarus, devido a algumas das tropas russas terem invadido a Ucrânia pelo país.

Três funcionários chechenos e o ministério ao qual estavam ligados também foram incluídos na lista de restrições do Tesouro por sua participação na prisão de Oyub Titiev, chefe da ONG russa de direitos humanos Memorial na Chechênia, condenado por porte de drogas em um caso envolvendo seus apoiadores, considerado pelo Ocidente como uma montagem.

"As decisões de hoje demonstram que os Estados Unidos continuarão a impor consequências concretas e significativas àqueles que cometem atos de corrupção ou estão ligados a graves abusos dos direitos humanos", disse a diretora do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro (OFAC), Andrea Gacki, citada no comunicado.

"Condenamos os ataques da Rússia aos corredores humanitários na Ucrânia e pedimos à Rússia que encerre sua guerra brutal e não provocada contra a Ucrânia", completou.

As sanções do Tesouro congelam todos os ativos que os envolvidos possam ter nos Estados Unidos e proíbem qualquer transação através do sistema financeiro dos EUA.

O Departamento de Estado dos EUA na terça-feira também anunciou medidas contra 11 funcionários do Ministério da Defesa russo em resposta à invasão da Ucrânia.

A Rússia "desacelerou o ritmo da ofensiva" militar na Ucrânia no início do quinto dia da invasão, quando são aguardadas negociações em Belarus, afirmou nesta segunda-feira (28) o exército ucraniano.

"Os ocupantes russos desaceleraram o ritmo da ofensiva, mas continuam tentando obter êxitos em algumas áreas", afirma um comunicado divulgado pelo Estado-Maior ucraniano.

A Rússia invadiu a Ucrânia na quinta-feira, o que marcou o início de uma guerra que chocou o mundo.

As forças ucranianas, apoiadas por armamento ocidental, lutam de maneira intensa para resistir ao avanço do exército russo, segundo o governo dos Estados Unidos, que lidera as condenações e a campanha do Ocidente de sanções.

"Em violação ao direito humanitário internacional, os ocupantes executaram um ataque com míssil contra edifícios residenciais nas cidades de Zhytomyr e Chernigov", afirmou o Estado-Maior das Forças Armadas, em referência a cidades do noroeste e norte do país.

"Ao mesmo tempo, todas as tentativas dos invasores russos de alcançar o objetivo da operação militar fracassaram", acrescentou.

"O inimigo está desmoralizado e sofre muitas perdas. Observamos casos frequentes de deserção e desobediência. O inimigo percebeu que a propaganda e a realidade são diferentes", conclui a nota do exército ucraniano.

A Polônia iniciou nesta terça-feira (25) a construção de uma nova cerca na fronteira com Belarus para impedir a chegada de migrantes ilegais, após a crise entre Varsóvia e Minsk no ano passado.

Com 186 quilômetros de comprimento, quase metade do tamanho total da fronteira de 418 quilômetros, a barreira metálica de cinco metros e meio de altura custará cerca de 353 milhões de euros (407 milhões de dólares) e deve ser concluída em junho.

O projeto gera preocupação entre os defensores dos direitos humanos e os ativistas ambientalistas. Os primeiros temem que os migrantes que fogem de situações de conflito não poderão apresentar pedidos de asilo. Os segundos acreditam que terá efeitos nefastos para a fauna e a flora das florestas dessa área fronteiriça.

A União Europeia (UE) forneceu seu apoio à Polônia e criticou energicamente Belarus.

Por sua vez, o governo polonês rejeitou a proposta de Bruxelas de participação da agência europeia do Frontex na vigilância da fronteira. Além disso, votou uma lei que permite expulsar os migrantes ilegais sem esperar que apresentem sua solicitação de asilo.

"Temos a intenção de reduzir os danos ao máximo", declarou a porta-voz da guarda fronteiriça polonesa, Anna Michalska, citada pela agência PAP.

"A derrubada de árvores será limitada ao mínimo possível. O muro será construído ao longo da estrada fronteiriça", acrescentou, destacando que utilizará apenas as estradas já existentes.

Milhares de migrantes, procedentes do Oriente Médio, principalmente do Curdistão iraquiano, Síria, Líbano e Afeganistão, tentaram no ano passado cruzar a fronteira polonesa para entrar no território da UE. Alguns deles conseguiram passar e seguiram seu percurso.

Polônia e os países ocidentais acusam o governo bielorrusso de incentivar, inclusive de planejar e ajudar, este fluxo de migrantes, prometendo a eles um acesso fácil à UE.

O governo do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko rejeita essas acusações e critica a Polônia por tratamento desumano aos migrantes.

Essas medidas de bloqueio, além da morte por frio e fome de uma dezena de migrantes nas florestas polonesas, provocaram um debate intenso na Polônia entre os defensores da fronteira nacional, que também é um dos limites da UE, e os defensores dos direitos humanos. Esses últimos exigem que os migrantes tenham a opção de solicitar o asilo e que não sejam expulsos enquanto o pedido está sendo analisado.

Polônia e Belarus trocaram acusações nesta terça-feira (9) pela presença de milhares de migrantes que tentavam entrar no território polonês, o que, segundo Varsóvia, ameaça a segurança da União Europeia (UE).

Minsk fez uma advertência contra as "provocações" na fronteira, para onde os dois países mobilizaram soldados em um momento de grande tensão.

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas.

A UE acusa o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise em represália pelas sanções ocidentais contra Minsk. Ele nega.

Na segunda-feira (8), a Polônia bloqueou uma tentativa de milhares de migrantes de ultrapassarem o arame farpado da linha de fronteira.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou nesta terça-feira que Varsóvia continuará impedindo sua entrada.

"Fechar a fronteira polonesa é nosso interesse nacional. Mas agora é a estabilidade e a segurança de toda União Europeia que estão em jogo", escreveu o chefe de Governo polonês no Twitter.

"Este ataque híbrido do regime de (Alexander) Lukashenko está direcionado para todos nós. Não seremos intimidados e defenderemos a paz na Europa com nossos sócios da Otan e da UE", completou.

Em resposta, o Ministério bielorrusso da Defesa considerou a versão como "infundada e injustificada", ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de aumentar "deliberadamente" as tensões.

Também afirmou que a Polônia mobilizou 10.000 militares para a fronteira sem aviso prévio às autoridades de Belarus, o que classificou de violação dos acordos de segurança mútua.

"Queremos advertir de antemão à parte polonesa que evite qualquer provocação direcionada à República de Belarus para justificar o uso ilegal da força contra pessoas indefesas e desarmadas, incluindo crianças e mulheres", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Belarus em um comunicado.

Em um cenário de crise, Estados Unidos e UE pediram a Belarus para deter o que chamaram de "fluxo orquestrado de migrantes".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acusou Minsk de usar os migrantes como peões políticos, enquanto a UE pediu novas sanções contra o regime bielorrusso.

- Bloqueados -

Muitos migrantes que desejam entrar na Polônia fogem de conflitos e da pobreza em países do Oriente Médio.

Eles afirmam que estão bloqueados: Belarus impede o retorno a Minsk para uma viagem de retorno a seus países, enquanto a Polônia não permite a entrada para a solicitação de asilo.

"De acordo com nossos cálculos, pode haver entre 12.000 e 15.000 migrantes em Belarus", disse o porta-voz dos serviços especiais da Polônia, Stanislaw Zaryn.

Quase 4.000 estariam na área de Kuznica, perto da fronteira com a Polônia.

A agência de notícias bielorrussa Belta informou a presença de 3.000 pessoas em um acampamento perto da fronteira.

O porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, advertiu na segunda-feira que "pode acontecer uma escalada deste tipo de ação na fronteira em um futuro próximo".

Hoje, o ministro bielorrusso do Interior, Ivan Kubrakov, afirmou que os migrantes estão "legalmente" na ex-república soviética e que "até agora não aconteceu violação da lei por parte dos migrantes".

burs-amj/mas/yad/mas/es/fp/tt

A velocista belarussa Krystsina Tsimanouskaya, que deixou o Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 por enfrentar ordens de técnicos e dirigentes compatriotas, colocou em leilão nesta segunda-feira uma medalha que conquistou para arrecadar fundos e apoiar atletas de Belarus.

Tsimanouskaya postou a oferta, que tem nove dias de duração, no portal "ebay". Trata-se da medalha de prata que conquistou na prova dos 100 metros dos Jogos Europeus, realizados em 2019. O valor inicial é de 17 mil euros (R$ 104,7 mil na cotação atual).

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A Fundação de Solidariedade Esportiva Belarussa, que apoiou a velocista de 24 anos na decisão de abandonar a equipe nacional, deixar os Jogos Olímpicos e viajar para a Polônia, confirmou em comunicado oficial a decisão da velocista de leiloar a medalha.

"Em apoio aos atletas que sofreram com as ações do regime de (Aleksander) Lukashenko", disse o texto, em referência ao atual presidente de Belarus.

Na última quinta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) retirou as credenciais de dois dos técnicos da equipe belarussa de atletismo - Artur Shimak e Yury Maisevich -, acusados de terem coagido Tsimanouskaya.

A velocista, que disputaria os 200 metros, afirma ter recebido ordem de voltar ao país de origem, no último dia 1.º, após reclamar em público de uma ordem que recebeu de mudar de prova e participar do revezamento 4x100 metros.

No Aeroporto de Haneda, em Tóquio, para onde foi levada com o objetivo de tomar um voo de volta ao país de origem, a velocista pediu proteção a policiais japoneses, segundo explicou em declarações à emissora de televisão japonesa NHK.

O Comitê Olímpico de Belarus, presidido por Viktor Lukashenko, filho do presidente do país, garantiu em comunicado oficial que a velocista teve que suspender a participação nos Jogos Olímpicos por decisão dos médicos devido ao "estado emocional e psicológico" que apresentava. Por sua vez, Tsimanouskaya negou a versão, que afirmou se tratar de uma "mentira".

Na última quinta-feira, a velocista chegou à Polônia, segundo o vice-ministro de Relações Exteriores do país, Marcin Przydacz, que garantiu que a atleta estava em local "seguro", em meio ao temor de represálias do governo belorusso.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira que irão impor uma série de sanções contra Belarus, após o desvio de um voo da Ryanair no último domingo e a prisão de um opositor político em Minsk.

Além das medidas anunciadas nas últimas semanas, a Casa Branca informou que elabora com a União Europeia "uma lista de sanções seletivas contra membros-chave do regime de Alexander Lukashenko".

Duas jornalistas bielorrussas foram condenadas nesta quinta-feira a dois anos de prisão por sua cobertura do movimento de protesto de 2020 no país, informou o canal Belsat.

Daria Shultsova e Katerina Bakhvalova, correspondentes do Belsat, canal de televisão da oposição com sede na Polônia, foram detidas em 15 de novembro em um apartamento a partir do qual haviam filmado a violenta dispersão de uma manifestação em homenagem ao ativista Roman Bodarenko, assassinado poucos dias antes.

"Eu mostrei os fatos no ar e me colocaram na prisão por isso, inventando acusações", disse Bakhvalova na quarta-feira à noite, em sua última intervenção antes da deliberação do tribunal.

As duas jornalistas, de 23 e 27 anos, se declararam inocentes e se consideram vítimas da repressão que atingiu o movimento de protesto organizado após a polêmica reeleição do presidente Alexander Lukashenko em agosto de 2020. A votação foi marcada por acusações de fraude.

Mais de 400 manifestantes foram presos, neste domingo (8), em Belarus durante protestos da oposição em Minsk pedindo a saída do presidente Alexander Lukashenko.

Há três meses, os opositores se reúnem todos os domingos na capital e outras cidades para pedir a renúncia do presidente após a disputada eleição presidencial de 9 de agosto, marcada por acusações de fraude.

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Eles exigem que Lukashenko, no poder desde 1994, dê lugar a sua adversária na eleição presidencial, Svetlana Tikhanovskaya, que teve que fugir para o exterior nas semanas seguintes à eleição para escapar da repressão.

Milhares de manifestantes, muitos vestindo as cores vermelho e branco da oposição, aglomeraram-se no centro de Minsk, cercados por uma grande força policial e onde várias estações de metrô foram fechadas.

De acordo com a organização de direitos humanos Viasna, mais de 400 manifestantes foram presos em Minsk e em algumas outras cidades. Uma dezena de jornalistas estão entre eles, além de atletas, como o medalhista olímpico do decatlo Andrei Krauchanka ou a Miss Belarus 2008, Olga Jinikova, de acordo com a mídia independente Tut.by.

"O país se transformou em uma prisão. É uma junta militar, é impossível suportar essa situação, essa repressão, essas pessoas presas à toa na rua", denunciou Elena Vassilevich, uma aposentada de 65 anos dizendo que espera "viver em um país livre e democrático".

Refugiada na Lituânia, Svetlana Tikhanovskaïa estimou neste domingo que esses 90 dias de manifestações mostram que o "poder perdeu sua legitimidade".

"Ele não quer nos dar o direito de decidir o que vai acontecer em nosso país", escreveu ela no Telegram, acrescentando que os protestos vão continuar "até a vitória".

Tikhanovskaya, que reivindica vitória nas eleições de 9 de agosto, recebeu o apoio de vários líderes europeus que se recusaram a reconhecer o resultado da eleição.

- Esperança em Biden -

No sábado, ela parabenizou Joe Biden por sua eleição para a Casa Branca. "Foi uma verdadeira corrida de ideias, programas e equipes, ao contrário de Belarus, onde os votos foram simplesmente roubados", disse.

Ela acrescentou que acredita que "o novo presidente dos Estados Unidos em breve se encontrará com o presidente justamente eleito de um novo Belarus livre", destacando que Joe Biden "várias vezes assumiu posições firmes de apoio ao povo bielorrusso".

Alexander Lukashenko descreveu no sábado a eleição nos Estados Unidos como uma "paródia da democracia" e disse que não esperava que suas relações com Washington mudassem.

Fora de Minsk, manifestações foram organizadas em grandes cidades do país, mas também por categorias socioprofissionais. No sábado, cerca de cinquenta enfermeiros, por exemplo, protestaram em frente a um hospital em Minsk, segundo a mídia local que garante que vários deles foram presos.

As manifestações de domingo em Belarus reúnem dezenas de milhares de pessoas, às vezes mais de 100.000, constituindo os maiores encontros desde a independência do país em 1991.

As primeiras manifestações, nos dias que se seguiram às eleições que Lukashenko afirma ter ganho com 80% dos votos, foram marcadas por uma repressão violenta que deixou pelo menos três mortos e acusações de tortura apresentadas por manifestantes detidos.

Alexander Loukachenko, que exclui a renúncia, multiplicou suas declarações marciais, por exemplo, tendo garantido que a polícia em breve atiraria com munição real ou pedindo à polícia na semana passada para "não fazer prisioneiros".

Lukashenko, seu filho Viktor e treze outras autoridades bielorrussas foram oficialmente adicionados à lista de sanções da UE na sexta-feira.

Em um gesto inesperado, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, se reuniu por várias horas neste sábado (10) com opositores presos, incluindo um ex-candidato à presidência.

A presidência bielorrussa divulgou em seu canal no Telegram uma foto desta reunião organizada na prisão dos serviços especiais (KGB) em Minsk, na qual participou Viktor Babaryko, que, até sua prisão em junho, era seu principal opositor nas eleições presidenciais de 9 de agosto.

Também estiveram presentes vários opositores de destaque, bem como um membro do Conselho de Coordenação da Oposição, formado para garantir a transição de poder. Quase todos os seus líderes estão no exílio ou na prisão.

O presidente visitou adversários por quatro horas e meia, segundo o canal no Telegram. "A Constituição não será escrita na rua", disse Lukashenko, referindo-se ao projeto de reforma constitucional que está promovendo como sua solução para a crise.

"O objetivo do presidente é ouvir a opinião de todos. Porém, o conteúdo da conversa será mantido em sigilo por decisão geral dos participantes", disse a mesma fonte.

O canal no Telegram de Svetlana Tikhanovskaya, a candidata da oposição nas eleições presidenciais, também anunciou que ela conseguiu falar por telefone com seu marido detido, Serguei Tikhanovsky. Foi sua primeira conversa desde que ele foi preso em maio.

Lukashenko, no poder desde 1994, enfrenta um movimento de protesto sem precedentes que eclodiu após as eleições de 9 de agosto sob suspeitas de fraudes.

O presidente foi declarado vencedor com 80% dos votos. Tikhanovskaya, que foi para o exílio na Lituânia, também reivindica vitória.

Desde as eleições, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas de Minsk todos os domingos para exigir a renúncia de Lukashenko e exigir contas pela repressão das primeiras manifestações pós-eleitorais, que causaram pelo menos três mortes, dezenas de feridos e centenas de prisões.

A líder da oposição de Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, pediu nesta segunda-feira (28) ao presidente francês Emmanuel Macron que atue como "mediador" para resolver a crise na ex-república soviética, com a esperança de que consiga unir o presidente russo Vladimir Putin ao diálogo, em uma entrevista à AFP.

Tikhanovskaya afirmou que a União Europeia (UE) deve ampliar as sanções previstas contra o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko e incluir os empresários que apoiam o regime.

"Os protestos não vão parar", disse em uma entrevista à AFP em Vilnius, Lituânia, onde ela está exilada desde as eleições presidenciais bielorrussas de 9 de agosto, nas quais enfrentou Lukashenko, eleito com 80% dos votos, de acordo com os resultados oficiais, questionados pela oposição.

"O povo não aceitará o regime sob o qual viveu todos estes anos", completou.

A opositora bielorrussa afirmou que espera ter uma reunião com Emmanuel Macron durante a visita do presidente francês a Lituânia nesta segunda-feira e terça-feira.

"Macron é um dos líderes mais fortes da Europa e do mundo (...) Poderia ser o mediador e ter a capacidade de influenciar Putin, com quem tem boas relações", declarou Tikhanovskaya.

Caso aconteça, esta será a reunião mais importante para Tikhanovskaya desde as eleições e as semanas de protestos em Belarus.

Esta novata na política, de 38 anos, dona de casa e formada como professora de inglês, já se reuniu com os líderes da Polônia e da Lituânia, dois países vizinhos e membros da União Europeia, assim como com os ministros das Relações Exteriores da UE.

"Agora é o momento que Belarus precisa de ajuda para iniciar um diálogo", completou, em referência ao pedido a Macron.

A UE considera adotar sanções pessoais contra Lukashenko e outros funcionários do governo bielorrusso, que considera responsáveis pela violenta repressão contra os manifestantes, especialmente nas primeiras noites de protestos após as eleições.

Tikhanovskaya deseja que a UE vá mais longe e adote "sanções econômicas contras empresas e empresários que apoiam o regime de Lukashenko".

Neste sentido, ela enfatizou que as sanções não devem afetar a economia geral de Belarus porque "as pessoas comuns sofrerão mais".

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, "deve sair", afirmou o presidente da França, Emmanuel Macron, em entrevista ao Journal du Dimanche que será publicada neste domingo (27).

"O que acontece em Belarus é uma crise de poder, um poder autoritário que não consegue aceitar a lógica da democracia e que se mantém pela força. Está claro que Lukashenko tem que sair", declarou Macron, citado pelo jornal.

O presidente francês também se disse "impressionado pela valentia dos manifestantes" em Belarus. "Eles sabem os riscos que correm ao protestar todos os fins de semana, mesmo assim, continuam o movimento para manter viva a democracia no país, que foi privado dela durante tanto tempo", completou Macron.

Mais de 90 pessoas, a maioria mulheres, foram detidas neste sábado (26) durante várias manifestações da oposição, segundo uma ONG.

Em relação ao papel do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na busca por uma solução para a crise política gerada pela reeleição de Lukashenko, em 9 de agosto, Macron acredita que ainda resta muito a fazer.

"Eu conversei com Putin em 14 de setembro, dia em que ele recebeu Lukashenko em Sochi. Eu disse que a Rússia tem um papel a desempenhar, e que esse papel pode ser positivo se incentivar Lukashenko a respeitar a verdade das urnas e libertar os presos políticos. Isso aconteceu há 15 dias e ainda não aconteceu", relatou Macron.

O presidente francês fará de segunda a quarta-feira sua primeira visita à Lituânia e Letônia, dois Estados bálticos que esperam pelo apoio da França para enfrentar a crise política em Belarus e as pressões da Rússia.

A União Europeia e os países bálticos não reconhecem a reeleição de Lukashenko. A Lituânia deu refúgio à líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tijanovskaya.

A União Europeia (UE) não reconhece Alexander Lukashenko como presidente de Belarus, um dia depois de sua posse para o sexto mandato presidencial, anunciou nesta quinta-feira (24) o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

"A eleição de 9 de agosto não foi livre nem equitativa. A União Europeia não reconhece os resultados falsificados. Em consequência, a suposta 'posse' de 23 de setembro e o novo mandato que invoca Alexander Lukashenko não têm nenhuma legitimidade democrática e contradizem diretamente a vontade de amplos setores da população bielorrussa", afirmou Borrel em um comunicado.

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Lukashenko, cuja reeleição é questionada por grandes protestos nas ruas de Minsk, prestou juramento de maneira inesperada na quarta-feira (23) em uma cerimônia que só foi divulgada após o encerramento.

O anúncio provocou uma nova manifestação da oposição em Minsk, ato reprimido com dezenas de detenções.

"Esta 'posse' contradiz diretamente a vontade de amplos setores da população bielorrussa, expressada em várias manifestações pacíficas e sem precedentes (...) e agravará a crise política do país", destacou Borrell.

"Em vista da atual situação, a UE está revisando suas relações com Belarus", completou, sem revelar detalhes.

A UE preparou sanções contra 40 pessoas consideradas responsáveis pela repressão e também examina a possibilidade de punições Lukashenko, de acordo com fontes diplomáticas.

Mas a adoção de sanções exige a unanimidade dos Estados membros e o Chipre condiciona sua anuência à adoção de medidas para obrigar a Turquia a interromper a busca de gás nas águas de sua zona econômica.

Dois países, Suécia e Finlândia, se negam a aprovar sanções a Lukashenko para permitir a mediação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que será presidida pela Suécia, indicaram as mesmas fontes.

A questão será discutida na reunião dos líderes da UE nos dias 1 e 2 de outubro em Bruxelas.

O advogado Maxim Znak, um dos últimos líderes do conselho de coordenação da oposição ainda em liberdade em Belarus, foi detido nesta quarta-feira por "homens de máscara", anunciaram fontes próximas ao ativista.

Uma foto divulgada pelo conselho de coordenação no aplicativo de mensagens Telegram mostra Znak conduzido por homens de máscara com trajes civis.

"Maxim Znak seguia para o escritório para participar em uma videoconferência, mas acabou não participando. Só conseguiu enviar uma palavra, 'máscaras'", afirmou o serviço de imprensa do grupo de oposição.

O jurista de 39 anos é um dos sete membros da direção do conselho de coordenação, um organismo formado para obter a saída do presidente Alexander Lukashenko e organizar a transição de poder.

Znak e a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Alexievich eram os últimos dirigentes deste grupo ainda em liberdade em Belarus. Os outros estão detidos ou no exílio.

A detenção de Znak acontece exatamente um mês após a eleição presidencial que desencadeou uma onda de manifestações sem precedentes contra a reeleição do presidente Lukashenko, acusado de fraude.

A oposição afirma que a opositora Svetlana Tikhanovskaya venceu as eleições.

A polícia e o serviço secreto (KGB) não confirmaram a detenção de Znak, mas o roteiro citado conselho do coordenação corresponde ao que ocorreu com outros opositores, que foram detidos por homens não identificados e dois dias depois apareceram como exilados ou presos.

O governo de Belarus anunciou na terça-feira detenção de Maria Kolesnikova, uma das líderes dos protestos contra Lukashenko, quando ela supostamente tentava fugir para a Ucrânia.

Mas o governo ucraniano e fontes da oposição afirmaram que a operação foi na realidade uma tentativa frustrada de exílio forçado de Kolesnikova.

Também nesta quarta-feira, Svetlana Tikhanovskaya pediu aos russos que apoiem a "luta pela liberdade" dos bielorrussos.

"A propaganda russa tenta distorcer ao máximo o que acontece em Belarus", declarou Tikhanovskaya, refugiada na Lituânia, em seu primeiro vídeo divulgado diretamente aos russos, publicado no aplicativo Telegram.

"Em nenhuma etapa foi uma luta contra a Rússia e estou convencida de que não será", completou a opositora, antes de fazer um apelo para que as pessoas "não acreditem nos meios de comunicação de propaganda e nos políticos que afirmam o contrário".

Lukashenko, de 66 anos e no poder desde 1994, enfrenta o maior movimento de protesto em quase três décadas de governo.

A líder da oposição em Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, desafiou nesta sexta-feira (21) o presidente Alexander Lukashenko ao afirmar que o povo bielorrusso "nunca mais" aceitará sua liderança, enquanto o poder abriu um processo judicial contra o movimento opositor.

"O presidente já deveria saber que precisamos de uma mudança", disse Svetlana Tikhanovskaya a repórteres em Vilnius, em seu primeiro discurso desde que se refugiou na Lituânia, em 11 de agosto.

O povo bielorrusso "nunca mais aceitará a atual liderança", garantiu.

A opositora, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 9 de agosto e denuncia fraudes, "espera que o bom senso prevaleça, que o povo seja ouvido e que haja novas eleições".

Svetlana deixou claro que retornará ao seu país quando "se sentir segura", enquanto as autoridades bielorrussas lançaram na quinta-feira um processo judicial por "ataque à segurança nacional" contra o "conselho de coordenação" formado pela oposição para promover a transição política.

A oposição rejeita o resultado da eleição presidencial, que deu a Lukashenko vitória com 80% dos votos.

Lukashenko, que enfrenta manifestações diárias e uma greve desencadeada pela oposição, garantiu nesta sexta-feira que "resolverá o problema".

"Esse é o meu problema, que devo resolver e nós resolvemos. E acreditem, nos próximos dias ele estará resolvido", acrescentou, citado pela agência de notícias estatal Belta.

No entanto, para Svetlana Tikhanovskaya, uma professora de inglês de 37 anos, nova na política, que virou de ponta cabeça a campanha presidencial ao reunir multidões sem precedentes em seus comícios e obter o apoio de outros opositores, os bielorrussos "nunca serão capazes de perdoar e esquecer toda a violência de que foram alvos".

Um pouco nervosa, ela se recusou a responder a perguntas sobre sua própria segurança. "Quanto às ameaças, preferiria não abordar este assunto neste momento", disse.

- "Medo e mentiras" -

"Todos têm medo hoje em nosso país, mas é nossa missão superar esse medo e seguir em frente", disse Tikhanovskaya.

A UE rejeitou na quarta o resultado da eleição e prometeu sanções adicionais contra as autoridades por trás da "violência, repressão e fraude eleitoral".

Questionado sobre o apoio russo a Lukashenko, Tikhanovskaya respondeu: "Apelo a todos os países do mundo para que respeitem a soberania de Belarus".

A atitude da Rússia, o aliado mais próximo de Belarus, será essencial para o fim da crise.

Até agora, Moscou alertou principalmente contra qualquer "interferência estrangeira" nos "assuntos internos" de seu vizinho.

"Não queremos mais viver com medo e mentiras", disse Tikhanovskaya, conclamando os trabalhadores em greve a coordenarem com o conselho de coordenação.

"A criação do conselho de coordenação visa negociar uma transferência suave", afirmou a opositora.

Um membro do conselho, o advogado Maxim Znak, apresentou-se às autoridades em Minsk esta manhã para interrogatório. "Um por todos, todos por um!", exclamaram os manifestantes à sua chegada.

Esse conselho foi veementemente denunciado pelo presidente bielorrusso, que o vê como uma tentativa da oposição de "tomar o poder" e ameaçou "esfriar alguns cabeças quentes".

A União Europeia denunciou nesta sexta-feira o processo por parte das autoridades bielorrussas contra o conselho de coordenação, qualificando esta atitude de "intimidação".

Ao responder à constituição deste conselho com a abertura de um processo penal, "as autoridades do Estado bielorrusso voltaram a recorrer à intimidação por motivos políticos", disse uma porta-voz da UE, Nabila Massrali.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que ponham fim a esta investigação e retomem o diálogo para encontrar uma saída para esta crise", acrescentou.

A ONU, por sua vez, disse estar "extremamente preocupada" com o destino de cerca de 100 manifestantes presos, embora milhares de outros tenham sido libertados.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que libertem imediatamente todos aqueles que foram arbitrariamente ou ilegalmente presos", disse Elizabeth Throssel, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

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