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A líder da oposição de Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, pediu nesta segunda-feira (28) ao presidente francês Emmanuel Macron que atue como "mediador" para resolver a crise na ex-república soviética, com a esperança de que consiga unir o presidente russo Vladimir Putin ao diálogo, em uma entrevista à AFP.

Tikhanovskaya afirmou que a União Europeia (UE) deve ampliar as sanções previstas contra o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko e incluir os empresários que apoiam o regime.

"Os protestos não vão parar", disse em uma entrevista à AFP em Vilnius, Lituânia, onde ela está exilada desde as eleições presidenciais bielorrussas de 9 de agosto, nas quais enfrentou Lukashenko, eleito com 80% dos votos, de acordo com os resultados oficiais, questionados pela oposição.

"O povo não aceitará o regime sob o qual viveu todos estes anos", completou.

A opositora bielorrussa afirmou que espera ter uma reunião com Emmanuel Macron durante a visita do presidente francês a Lituânia nesta segunda-feira e terça-feira.

"Macron é um dos líderes mais fortes da Europa e do mundo (...) Poderia ser o mediador e ter a capacidade de influenciar Putin, com quem tem boas relações", declarou Tikhanovskaya.

Caso aconteça, esta será a reunião mais importante para Tikhanovskaya desde as eleições e as semanas de protestos em Belarus.

Esta novata na política, de 38 anos, dona de casa e formada como professora de inglês, já se reuniu com os líderes da Polônia e da Lituânia, dois países vizinhos e membros da União Europeia, assim como com os ministros das Relações Exteriores da UE.

"Agora é o momento que Belarus precisa de ajuda para iniciar um diálogo", completou, em referência ao pedido a Macron.

A UE considera adotar sanções pessoais contra Lukashenko e outros funcionários do governo bielorrusso, que considera responsáveis pela violenta repressão contra os manifestantes, especialmente nas primeiras noites de protestos após as eleições.

Tikhanovskaya deseja que a UE vá mais longe e adote "sanções econômicas contras empresas e empresários que apoiam o regime de Lukashenko".

Neste sentido, ela enfatizou que as sanções não devem afetar a economia geral de Belarus porque "as pessoas comuns sofrerão mais".

A líder da oposição em Belarus, Svetlana Tikhanovskaya, desafiou nesta sexta-feira (21) o presidente Alexander Lukashenko ao afirmar que o povo bielorrusso "nunca mais" aceitará sua liderança, enquanto o poder abriu um processo judicial contra o movimento opositor.

"O presidente já deveria saber que precisamos de uma mudança", disse Svetlana Tikhanovskaya a repórteres em Vilnius, em seu primeiro discurso desde que se refugiou na Lituânia, em 11 de agosto.

O povo bielorrusso "nunca mais aceitará a atual liderança", garantiu.

A opositora, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 9 de agosto e denuncia fraudes, "espera que o bom senso prevaleça, que o povo seja ouvido e que haja novas eleições".

Svetlana deixou claro que retornará ao seu país quando "se sentir segura", enquanto as autoridades bielorrussas lançaram na quinta-feira um processo judicial por "ataque à segurança nacional" contra o "conselho de coordenação" formado pela oposição para promover a transição política.

A oposição rejeita o resultado da eleição presidencial, que deu a Lukashenko vitória com 80% dos votos.

Lukashenko, que enfrenta manifestações diárias e uma greve desencadeada pela oposição, garantiu nesta sexta-feira que "resolverá o problema".

"Esse é o meu problema, que devo resolver e nós resolvemos. E acreditem, nos próximos dias ele estará resolvido", acrescentou, citado pela agência de notícias estatal Belta.

No entanto, para Svetlana Tikhanovskaya, uma professora de inglês de 37 anos, nova na política, que virou de ponta cabeça a campanha presidencial ao reunir multidões sem precedentes em seus comícios e obter o apoio de outros opositores, os bielorrussos "nunca serão capazes de perdoar e esquecer toda a violência de que foram alvos".

Um pouco nervosa, ela se recusou a responder a perguntas sobre sua própria segurança. "Quanto às ameaças, preferiria não abordar este assunto neste momento", disse.

- "Medo e mentiras" -

"Todos têm medo hoje em nosso país, mas é nossa missão superar esse medo e seguir em frente", disse Tikhanovskaya.

A UE rejeitou na quarta o resultado da eleição e prometeu sanções adicionais contra as autoridades por trás da "violência, repressão e fraude eleitoral".

Questionado sobre o apoio russo a Lukashenko, Tikhanovskaya respondeu: "Apelo a todos os países do mundo para que respeitem a soberania de Belarus".

A atitude da Rússia, o aliado mais próximo de Belarus, será essencial para o fim da crise.

Até agora, Moscou alertou principalmente contra qualquer "interferência estrangeira" nos "assuntos internos" de seu vizinho.

"Não queremos mais viver com medo e mentiras", disse Tikhanovskaya, conclamando os trabalhadores em greve a coordenarem com o conselho de coordenação.

"A criação do conselho de coordenação visa negociar uma transferência suave", afirmou a opositora.

Um membro do conselho, o advogado Maxim Znak, apresentou-se às autoridades em Minsk esta manhã para interrogatório. "Um por todos, todos por um!", exclamaram os manifestantes à sua chegada.

Esse conselho foi veementemente denunciado pelo presidente bielorrusso, que o vê como uma tentativa da oposição de "tomar o poder" e ameaçou "esfriar alguns cabeças quentes".

A União Europeia denunciou nesta sexta-feira o processo por parte das autoridades bielorrussas contra o conselho de coordenação, qualificando esta atitude de "intimidação".

Ao responder à constituição deste conselho com a abertura de um processo penal, "as autoridades do Estado bielorrusso voltaram a recorrer à intimidação por motivos políticos", disse uma porta-voz da UE, Nabila Massrali.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que ponham fim a esta investigação e retomem o diálogo para encontrar uma saída para esta crise", acrescentou.

A ONU, por sua vez, disse estar "extremamente preocupada" com o destino de cerca de 100 manifestantes presos, embora milhares de outros tenham sido libertados.

"Pedimos às autoridades bielorrussas que libertem imediatamente todos aqueles que foram arbitrariamente ou ilegalmente presos", disse Elizabeth Throssel, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

As eleições presidenciais em Belarus, cujos resultados normalmente são conhecidos de maneira antecipada, serão um desafio no domingo para o autoritário Alexander Lukashenko, que tem pela primeira vez em muitos anos uma adversária inesperada, novata na política e que mobiliza multidões.

À frente da ex-república soviética situada entre a União Europeia (UE) e a Rússia desde 1994, o presidente bielorrusso intensificou os esforços nas últimas semanas para conter o avanço da rival, ao denunciar um complô com a cumplicidade do Kremlin para provocar sua queda.

A poucos dias das eleições, Lukashenko tentou apresentar o país sob sua presidência como uma pequena ilha de estabilidade e prometeu combater o "incêndio no coração de Minsk" que, segundo ele, seus rivais desejam provocar.

Depois de impedir as candidaturas dos principais adversários nos últimos meses - dois deles estão detidos e um terceiro partiu para o exílio -, o ex-diretor de sovkhoz (granjas soviéticas) de 65 anos enfrenta Svetlana Tikhanovskaya, uma professora de inglês de 37 anos.

A campanha desta novata em política mobilizou multidões de simpatizantes nunca registradas em todo o país, que exigem mudanças no país.

Ela se apresenta como uma "mulher comum, uma mãe e uma esposa", que substituiu o marido, Serguei Tikhanovski, um blogueiro impedido de disputar a eleição presidencial após sua detenção em maio, quando começava a ganhar popularidade.

Chamada de "pobre garota" pelo presidente bielorrusso, Tikhanovskaya pediu aos compatriotas que superem o medo da repressão, em um país que nunca teve uma oposição unida e estruturada.

Por este motivo, Svetlana Tikhanovskaya uniu forças com outras mulheres: Veronika Tsepkalo, a esposa de um opositor exilado, e Maria Kolesnikova, a diretora da campanha de Viktor Babaryko, um ex-banqueiro que foi preso quando anunciou o desejo de ser candidato.

Em caso de vitória, a candidata prometeu permanecer no poder por tempo suficiente para libertar os "presos políticos", organizar uma reforma constitucional e novas eleições.

Mas ela também virou alvo de pressões. Na quinta-feira, sua diretora de campanha foi detida por alguns minutos e seus últimos comícios não estão garantidos, devido aos obstáculos jurídicos e logísticos apresentados pelas autoridades.

- Temores de fraudes -

A votação de domingo acontecerá em um ambiente de desconfiança sem precedentes a respeito de Moscou, de quem Lukashenko é, ao mesmo tempo, o aliado mais próximo e mais imprevisível.

Embora as relações entre os dois "países irmãos" sempre tenham registrado altos e baixos, em 26 anos as tensões nunca foram tão concretas: para Lukashenko, os "marionetistas" do Kremlin pretendiam orquestrar um "massacre" de comum acordo com seus críticos, com a esperança de substituí-lo por um presidente mais dócil e transformar Belarus em um vassalo.

No fim de julho, as autoridades bielorrussas anunciaram a detenção de 33 russos, supostos mercenários do grupo militar privado Wagner, conhecido por ser próximo ao governo russo.

Moscou rebateu as acusações e denunciou um "espetáculo eleitoral", pelo qual os 33 russos, "inocentes e em trânsito para outros países", segundo Kremlin, pagaram o preço.

Lukashenko insistiu durante a semana que "não abandonará o país" nas mãos de Moscou. O exército declarou "total apoio" ao presidente e manobras militares foram organizadas na fronteira.

A oposição, que teme fraudes, pretende organizar uma apuração de votos e pediu aos eleitores que enviem fotos de suas cédulas. Também solicitou aos partidários de Tikhanovskaya que usem uma pulseira branca nos locais de votação em sinal de apoio.

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que observa as eleições em seus Estados membros, não estará presente, o que não acontecia desde 2001, por não ter sido convidada a tempo.

As autoridades do país também justificaram uma redução do número de observadores eleitorais nacionais devido à epidemia de coronavírus.

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