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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber em março duas visitas de Estado de líderes europeus. O presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, e o presidente da França, Emmanuel Macron, acertaram as datas de suas vindas ao País, no primeiro semestre.

A primeira visita de Estado será a do socialista espanhol. Sánchez será recepcionado por Lula no Palácio do Planalto no dia 6 de março. Já a visita de Macron, postergada desde o ano passado, foi combinada para o dia 27 de março.

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Ambos virão ao País ao menos duas vezes neste ano, por causa da Cúpula de Líderes do G20, a ser realizada em novembro, nos dias 18 e 19, no Rio de Janeiro. A França é membro do grupo, e a Espanha, convidada permanente.

Lula tem proximidade política com ambos. Ele encontrou o primeiro-ministro espanhol e o presidente francês em mais de uma oportunidade ao longo do ano passado. O petista visitou Madri e Paris ainda no primeiro semestre.

As chancelarias dos países já estão em preparativos para montar a agenda e a pauta das viagens, embora as viagens não tenham sido ainda anunciadas formalmente pelos respectivos governos, o que costuma ocorrer apenas em data próxima da realização.

A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, com estoque de US$ 63 bilhões até o ano passado. A França, por sua vez, é o terceiro maior, com US$ 45 bilhões, e o principal empregador, com cerca de 700 mil pessoas.

Além de relações bilaterais entre os países e temas da geopolítica regional e global, como as guerras em Gaza e na Ucrânia, e a instabilidade da América Latina, também estará na pauta de março a tentativa de retomar a negociação do acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia.

No fim do ano passado, as divergências se impuseram, e Macron se opôs à conclusão do acordo, apesar de gestões diplomáticas e políticas. Naquele momento, tido como uma janela ideal perdida, o Brasil ocupava a presidência temporária do Mercosul - agora exercida pelo Paraguai -, enquanto a Espanha presidia o Conselho da União Europeia, agora nas mãos da Bélgica.

Egito e Etiópia

Embora planeje um ano com menos viagens ao exterior, Lula confirmou com auxiliares as duas primeiras missões internacionais de 2024. Em fevereiro, ele visitará o Egito, no dia 15, e a Etiópia, nos dias 17 e 18, na semana seguinte ao Carnaval. Uma das principais pautas será a guerra entre Israel e grupo terrorista palestino Hamas.

No Egito, Lula conversará com o presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sissi, sobretudo, por causa dos conflitos no Oriente Médio e da situação nos territórios palestinos, que ainda envolve a saída de brasileiros da Faixa de Gaza. O país vizinho a Gaza controla a passagem de Rafah e é um dos principais atores na região.

Na Etiópia, o presidente discursará na Cúpula da União Africana. O governo já começou a realizar reuniões para levantar oportunidades de investimento e cooperação com países do continente. No ano passado, Lula visitou Angola, São Tomé e Príncipe e África do Sul.

O petista prometeu reabrir linhas de financiamento para exportação de serviços de engenharia, paralisadas após a Operação Lava Jato, promover cooperação agrícola e de saúde, além de apoiar descontos ou a extinção da dívida dos países africanos e abrir novas embaixadas.

É possível que, durante a passagem pela região, o presidente converse pessoalmente com a Liga Árabe, sediada no Cairo, e secretariada pelo egípcio Ahmed Aboul Gheit.

Outro compromisso avaliado por integrantes do governo seria um encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que deve estar presente em Adis Abeba, a convite da União Africana. Na capital etíope, deverá conversar ainda com o premiê do país, Abiy Ahmed Ali.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deu a largada na corrida por sua sucessão na França, em 2027, com a nomeação do popular e jovem Gabriel Attal como primeiro-ministro, estimam observadores políticos.

Attal, de 34 anos, tornou-se na terça-feira (9) o primeiro-ministro mais jovem da França e o primeiro abertamente gay, com o desafio de relançar o segundo mandato do atual presidente.

Mas "este 9 de janeiro de 2024" também simboliza "o lançamento oficial da campanha de 2027, o primeiro dia do [período] pós-Macron", afirma um editorial do jornal conservador Le Figaro.

Depois de dois mandatos consecutivos, Macron, que se tornou o presidente mais jovem de França em 2017, aos 39 anos, não pode mais disputar a eleição presidencial de 2027. E, embora seu objetivo seja governar até ao último minuto, multiplicam-se as especulações sobre sua sucessão, em um contexto de reforço da extrema direita nas pesquisas.

Ao nomear Attal, "assume uma responsabilidade pela formação e promoção dessa geração Macron", afirmam no entorno do presidente, recusando-se a vincular o acontecimento à corrida eleitoral.

- "Espírito de 2017" -

Macron irrompeu na cena política em 2016 a partir do centro, com um movimento que procurava superar a divisão tradicional entre esquerda e direita e reformar a segunda maior economia da União Europeia (UE).

Sua mensagem de felicitação a Attal na rede social X apelou, assim, ao "espírito de 2017", de "superação" e "audácia", para encarregar o jovem da missão de "regeneração" da França.

A imprensa destacou, nesta quarta-feira, a ideia de continuidade entre ambos.

"Macron primeiro-ministro", dizia a manchete do jornal de esquerda Libération.

Mas será que o presidente pretende lançar Attal na corrida para 2027? Sua nomeação impulsiona-o, pelo menos, para a linha de frente midiática, abrindo vantagem em relação a outros possíveis candidatos e membros, ou ex-membros, do governo.

Entre os interessados em serem candidato do governo estão o ministro do Interior, Gérald Darmanin (41 anos), o ministro da Economia, Bruno Le Maire (54), e o ex-primeiro-ministro Édouard Philippe (53). Ao contrário de Attal, um antigo político socialista, os três se uniram a Macron pela direita.

Todos os potenciais candidatos à sucessão de Macron vão parecer "mais velhos" agora, afirma Gaspard Gantzer, especialista em Comunicação e ex-assessor do antigo presidente socialista François Hollande.

Mas "três anos é, de qualquer modo, muito tempo", e nenhum primeiro-ministro em exercício conseguiu chegar diretamente à presidência, lembra.

- "Estrada de 2027" -

A tarefa se anuncia complicada, mas, "se for bem-sucedida", poderá levá-lo "diretamente à estrada de 2027", observa um editorial do jornal regional Républicain Lorrain.

Uma sondagem inicial da Harris Interactive mostrou que 56% dos franceses acreditam em que Attal executará "boas políticas" como chefe de governo.

O primeiro momento importante serão as eleições para o Parlamento Europeu em junho. O candidato de extrema direita Jordan Bardella (28 anos) lidera as pesquisas, seguido de longe pela aliança da situação.

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, já garantiu que o início da mudança de governo no país começará com essas eleições, despertando um dos fantasmas de Macron: ter de lhe entregar o bastão em 2027.

Mas os aliados de Macron tampouco vão facilitar as coisas para Attal.

Quando seu nome começou a circular para suceder à primeira-ministra Élisabeth Borne, expressaram suas reservas em privado. E, em público, o líder do Modem (centro), François Bayrou, confirmou hoje ao jornal Le Parisien suas "dúvidas" sobre se tem a "experiência necessária" para governar um país com "profundas dificuldades".

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu nesta terça-feira (24) que o conflito entre Israel e o movimento palestino Hamas não seja ampliado e considerou que a libertação dos reféns em Gaza deve ser o "primeiro objetivo", durante um encontro com o homólogo de Israel, Isaac Herzog, em Jerusalém.

"Penso que é nosso dever combater estes grupos terroristas, sem confusão, e diria que sem ampliar o conflito", declarou Macron.

O presidente acrescentou em seu encontro com o presidente israelense Herzog que "o primeiro objetivo que deveríamos ter hoje é a libertação de todos os reféns" sequestrados pelo Hamas - mais de 200, segundo as autoridades israelenses.

"Quero que tenham a certeza de que não estão sozinhos nesta guerra contra o terrorismo", disse Macron, antes de enfatizar a "necessidade" de visar de maneira precisa "estes grupos terroristas".

"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer a paz, a segurança e a estabilidade ao seu país e para toda a região", acrescentou o presidente francês.

Macron viajou a Israel nesta terça-feira para expressar solidariedade com Israel após o ataque surpresa de 7 de outubro do movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, que deixou mais de 1.400 mortos no território israelense.

Em represália, o Exército de Israel bombardeia a Faixa de Gaza diariamente e, segundo o Hamas, mais de 5.000 palestinos morreram até o momento no território.

Macron também pretende se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e visitar a Cisjordânia para um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, informou o gabinete deste último.

O encontro em Ramallah com Abbas não foi confirmado até o momento pela presidência francesa.

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu a Israel, nesta quinta-feira (12), para dar uma resposta "forte e justa" ao ataque do grupo islamita palestino Hamas e prometeu "fazer tudo o possível" para trazer os reféns franceses "sãos e salvos" de volta para casa.

"Israel viveu no sábado o ataque terrorista mais trágico de sua história [...] Centenas de bebês, crianças, mulheres e homens foram perseguidos, sequestrados, assassinados, feitos reféns", enumerou Macron em um discurso televisionado.

"Israel tem o direito de se defender, eliminando os grupos terroristas, entre eles o Hamas, [...] mas preservando as populações civis", com uma resposta "forte e justa" aos ataques, reforçou Macron.

No sábado, centenas de combatentes do Hamas cruzaram a fronteira israelense por terra, ar e mar, e mataram cerca de 1.200 civis nas ruas, em suas casas e em um festival de música.

Em uma das investidas, de uma violência extrema, tomaram cerca de 150 pessoas como reféns, cidadãos com dupla nacionalidade e estrangeiros, aos quais o Hamas ameaça assassinar.

Israel tem respondido com ataques aéreos e de artilharia durante seis dias contra alvos do Hamas na Faixa de Gaza, território empobrecido onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Mais de 1.350 palestinos morreram nestes bombardeios.

Treze cidadãos franceses morreram no ataque do Hamas, informou Macron nesta quinta-feira, e dos 17 desaparecidos, entre eles quatro crianças, teme-se que muitos estejam nas mãos dos islamitas.

"A França faz tudo o que é possível [...] para que voltem sãos e salvos a seus lares", disse Macron. "A França nunca abandona seus filhos", acrescentou.

Nesta quinta, as famílias dos possíveis reféns pediram ao presidente francês para "intervir".

Diante do temor de que o conflito se propague para a França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa, o presidente reiterou sua vontade de "proteger" os judeus e de impedir qualquer "ato antissemita".

"Quem confunde a causa palestina com a justificação do terrorismo comete um erro moral, político e estratégico", acrescentou Macron, em uma crítica velada ao partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), criticado por não considerar o Hamas "terrorista", apesar de ter qualificado seu ataque de "crime de guerra".

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (4), perante mais de 300 prefeitos, uma lei de urgência para acelerar os reparos de milhares de estabelecimentos comerciais e edifícios danificados durante o surto de violência desencadeado na semana passada pela morte de um jovem pelas mãos da polícia.

Ao receber os prefeitos, o presidente centrista afirmou que estava "prudente" em relação ao risco de uma nova escalada de violência, embora tenha considerado que "o pico que vimos nos últimos dias já passou".

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O encontro ocorreu em um momento em que parece haver uma redução da violência. Na noite de segunda-feira para terça-feira, ocorreram danos em 24 edifícios e 159 carros incendiados. As forças de segurança detiveram 72 pessoas e nenhum agente ficou ferido.

Os distúrbios começaram na noite de terça-feira, 27 de junho, após a morte de Nahel, um jovem de 17 anos que foi baleado à queima-roupa por um policial durante uma abordagem de trânsito em Nanterre, um subúrbio de Paris. Um vídeo registrou o momento dramático.

Desde então, ocorreram incêndios em delegacias, escolas e prefeituras, saques a lojas e lançamento de artefatos explosivos contra as forças de segurança.

E o ataque com um carro durante o fim de semana contra a residência do prefeito de L'Haÿ-les-Roses (ao sul de Paris), o político de direita Vincent Jeanbrun, também deixou evidente a crescente violência enfrentada pelos funcionários públicos.

- Lei de urgência -

Embora a análise do cenário e a resposta sejam complicadas, Macron antecipou aos prefeitos que vai apresentar uma lei de urgência para reparar os danos causados.

O governo também se disse aberto a "cancelar" as cobranças sociais e fiscais dos comércios atacados. A federação francesa de seguradoras France Assureurs informou que foram registrados 5.800 sinistros por pessoas físicas e jurídicas.

Para além dos danos materiais, a classe política continua sem chegar a um consenso sobre as causas e como responder à violência, como constatou Macron durante a reunião com os prefeitos em Paris.

A direita e a extrema direita defendem a linha dura contra os autores dos distúrbios, enquanto a oposição de esquerda também critica o polêmico papel desempenhado pela polícia nas periferias e a situação nestes locais, entre os mais pobres da França.

"A República não tem que se desculpar. Já fez muito por esses bairros", disse o prefeito direitista de Meaux (a nordeste de Paris), Jean-François Copé. Seu colega de Nanterre, Patrick Jarry (esquerda), avaliou que abordar a missão da polícia é "inevitável".

As primeiras propostas evocadas por Macron durante uma visita na noite de segunda aos policiais apontam para a primeira opção. O presidente defendeu "sanções econômicas" às famílias dos jovens que participarem dos distúrbios.

O ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, lembrou ao Ministério Público a "responsabilidade criminal" daqueles que não exercem a autoridade parental, o que pode resultar em penas de até dois anos de prisão e multa de 30.000 euros (R$ 156.000, na cotação atual).

- 'Resposta repressiva' -

"Se a solução para todos os conflitos sociais é um resposta repressiva do Estado para restabelecer a ordem, muito provavelmente a violência vai continuar aumentando", disse à AFP o sociólogo Denis Merklen, especialista em protestos nos subúrbios.

Este professor da Universidade Sorbonne Nouvelle explicou que, há mais de 40 anos, os moradores destes bairros se sentem "menosprezados" e que, "se não se rebelam, chamam muito pouca atenção da imprensa".

Desde a terça-feira passada, 3.486 pessoas foram detidas; 12.202 veículos, incendiados; 1.105 edifícios, danificados, assim como 209 postos da polícia, ou da gendarmaria, segundo o balanço mais recente do Ministério do Interior.

- 'Coleta da vergonha' -

Um líder da extrema direita organizou uma arrecadação de fundos para o policial que atirou em Nahel, conseguindo mais de 1,5 milhão de euros (R$ 7,8 milhões na cotação atual) até terça-feira à noite.

A iniciativa foi chamada de "coleta da vergonha" por representantes da esquerda, e a família do jovem abatido apresentou uma denúncia contra essa iniciativa.

Outra arrecadação de fundos, destinada à mãe de Nahel, havia conseguido 395.600 euros (cerca de R$ 2 milhões na cotação atual).

A raiva de muitos jovens dos subúrbios já havia explodido em 2005, após a morte de dois adolescentes que fugiam da polícia.

A França mobilizou nesta sexta-feira (30) blindados e 45 mil policiais para conter os distúrbios provocados pela morte de um jovem baleado por um policial, que continuaram pela quarta noite, embora com menos intensidade, resultando em quase 500 detidos.

Na véspera do funeral de Nahel, 17, o presidente Emmanuel Macron reforçou as medidas de segurança e apelou diretamente aos pais dos menores que participaram das três noites de protestos anteriores.

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O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 45 mil agentes no país e autorizou a mobilização de unidades blindadas da gendarmaria, corpo militar que tem competências de segurança pública.

A noite, no entanto, voltou a trazer destruição, saques e lançamentos de projéteis contra as viaturas da polícia, que respondia com gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Por volta das 02h30 locais, o ministro anunciou que 471 pessoas haviam sido detidas, mas ressaltou que a violência era de menor intensidade, com algumas regiões bastante tranquilas.

A violência explodiu na última terça-feira, no subúrbio de Paris, e se espalhou pelo país após a morte de Nahel, atingido por um tiro à queima-roupa disparado por um policial durante uma blitz em Nanterre, a oeste da capital francesa.

Ontem, dia de maior tensão, terminou com a detenção de 875 pessoas e 249 agentes feridos, assim como 492 prédios atacados e 2.000 veículos incendiados.

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse que seriam estudadas "todas as opções", entre elas o estado de emergência que a direita e a extrema direita pedem, mas optou por reforçar o número de agentes e mobilizar os blindados.

O presidente Macron, por sua vez, pediu "responsabilidade" a redes sociais como TikTok e Snapchat, a quem solicitou a remoção de conteúdo vinculado aos protestos e a identificação de usuários.

- 'Hordas selvagens' -

O governo está sob pressão, entre a direita e a extrema direita, que pedem uma linha dura, e os que querem medidas de apaziguamento.

Dois sindicatos da polícia, entre eles o majoritário Alliance, pediram, em um duro comunicado, o "combate" às "hordas selvagens" que protagonizam os distúrbios e alertaram o governo que "vão entrar em resistência" assim que a crise for superada.

A oposição de esquerda condenou o comunicado, que qualificou de "ameaça de sedição" e de "chamado à guerra civil".

Sem se referir ao comunicado, o ministro do Interior pediu aos agentes para "respeitar as leis e a deontologia" e destacou que a "minoria de delinquentes [dos distúrbios] não representa a imensa maioria dos moradores dos bairros pobres".

Em uma tentativa de apaziguar a situação, a seleção francesa de futebol, capitaneada pelo craque do PSG Kylian Mbappé, pediu em um comunicado que "o tempo da violência deve parar" e dar lugar a "maneiras pacíficas e construtivas de se expressar".

- Novos incidentes -

Violência e atos de vandalismo foram registrados nesta noite, principalmente em Lyon e Marselha, segunda maior cidade da França, para onde o Ministério do Interior enviou reforços. Autoridades decretaram toque de recolher em três localidades da região de Paris e em várias outras do país.

Os fatos relançaram o debate recorrente da violência policial na França, onde em 2022 treze pessoas morreram em circunstâncias similares às de Nahel, e sobre as forças de ordem, consideradas racistas por parte da população.

A ONU pediu às autoridades francesas que se ocupem seriamente dos "profundos" problemas de "racismo e discriminação racial" em suas forças de segurança, acusações que o Ministério das Relações Exteriores qualificou de "totalmente infundadas".

Vários países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Noruega, alertaram seus cidadãos na França, pedindo que evitem as áreas de distúrbios e que aumentem as precauções.

O presidente do principal sindicato patronal do setor hoteleiro, Thierry Max, alertou para a onda de cancelamentos nas áreas afetadas pela violência.

No sábado será celebrado o enterro de Nahel, anunciou o prefeito de Nanterre, Patrick Jarry.

Mounia, a mãe da vítima, disse à rede France 5 que não culpava a Polícia, mas sim o agente que tirou a vida de seu filho.

A justiça decretou prisão preventiva por homicídio doloso para o policial de 38 anos autor do disparo, cujas "primeiras" e "últimas" palavras durante sua custódia policial foram "para pedir perdão à família" de Nahel, segundo seu advogado.

burs-tjc/js/aa/dd/mvv/am-lb

O excêntrico e polêmico proprietário da Tesla e SpaceX, Elon Musk, reuniu-se nesta sexta-feira (16) com o presidente francês, Emmanuel Macron, para falar de Inteligência Artificial e veículos, antes de dar uma palestra para 4.000 pessoas.

O empresário chegou de Tesla ao Palácio do Eliseu, em Paris, e saiu do encontro com Macron sem dar declarações.

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Na agenda da reunião estavam Inteligência Artificial, redes sociais e marco regulatório do setor, enumerou o presidente francês na quarta-feira, durante o VivaTech, o grande salão europeu de tecnologia.

"Também vou falar com ele sobre carros, baterias e este setor, para elogiar o atrativo francês e europeu", disse Macron.

O presidente, que já se reuniu duas vezes com Musk nos últimos meses, espera convencê-lo a instalar na França uma fábrica de baterias da Tesla, sua empresa pioneira em veículos elétricos.

Na cúpula Choose France, realizada em meados de maio em Versalhes, o bilionário prometeu que a empresa faria "investimentos significativos na França".

A promessa não se concretizou, e a Tesla pode acabar optando pela Espanha, quase quatro anos após ter escolhido Berlim para sua primeira fábrica no continente.

Macron sabe muito bem que este empresário, que acaba de obter autorização nos Estados Unidos para testar implantes cerebrais com sua empresa Neuralink, tornou-se uma força política do outro lado do Atlântico.

Os conservadores bajulam-no por sua luta contra a censura e por ter restabelecido a conta do ex-presidente Donald Trump no Twitter.

Mas suas posições políticas não desanimam os visitantes do Vivatech, que estão ansiosos pela chegada da principal estrela do mundo da tecnologia.

Provocador e libertário, o proprietário da Tesla, SpaceX e acionista majoritário do Twitter será questionado por suas decisões em meio a uma disputa com a União Europeia sobre a regulação da rede social.

O bloco comunitário, incluindo a França, critica o empresário por sua recusa a controlar a desinformação e o discurso de ódio na plataforma.

Após comprar a empresa em 2022, Musk disse que, agora, a plataforma é "livre" e demitiu metade da equipe, incluindo grande parte dos moderadores de conteúdo.

No final de 2022, o comissário europeu Thierry Breton instou-o a controlar os conteúdos, em virtude da lei de serviços digitais da UE, sob a ameaça de uma multa equivalente a 6% de sua receita.

No final de maio, Musk irritou ainda mais os ânimos, ao retirar o Twitter do código de boas práticas da UE contra a desinformação. O ministro francês do setor, Jean-Noël Barrot, chegou a ameaçar "proibir" a plataforma.

Em sua conferência programada para as 16h locais (11h no horário de Brasília), o empresário também poderá esboçar sua visão sobre inteligência artificial (IA), sobre a qual ele lançou ideias contraditórias.

Musk cofundou a OpenAI, criadora do ChatGPT, mas acabou deixando a empresa. No auge do setor, pediu a suspensão de seu desenvolvimento, alegando seu potencial ameaçador para a humanidade. Depois, fundou sua própria empresa de IA.

O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou nesta sexta-feira (9) as vítimas do ataque com faca cometido na véspera em Annecy (leste) por um refugiado sírio, que deixou seis feridos, entre eles quatro crianças pequenas.

"Depois do atentado ocorrido ontem, o presidente da República e a sua esposa visitam hoje as vítimas e suas famílias, assim como todas as pessoas que contribuíram em Annecy para lhes prestar ajuda e apoio", anunciou a Presidência francesa.

O chefe de Estado chegou a Grenoble acompanhado de sua esposa, Brigitte Macron.

Três dos quatro menores feridos neste ataque que chocou a França estão hospitalizados, apurou um jornalista da AFP.

O porta-voz do governo, Olivier Véran, disse nesta sexta-feira que dois dos quatro menores feridos permanecem em estado crítico. Ele pediu prudência e que se espere pelo resultado da investigação, no momento em que vários políticos de direita e de extrema direita miram na "imigração em massa".

Os quatro menores "puderem ser operados e estão sob monitoramento médico permanente", informou a primeira-ministra Élisabeth Borne, que ontem se reuniu em Annecy com autoridades policiais e da Justiça que participaram da detenção do agressor.

Abdalmasih H., cidadão sírio que obteve asilo na Suécia em 2013, esfaqueou seis pessoas, incluindo quatro crianças de 1 a 3 anos, na manhã de quinta-feira perto do turístico Lago Annecy, por motivos ainda desconhecidos.

O homem, que carregava uma cruz e disse "em nome de Jesus Cristo" durante o ataque, não estava sob a influência de drogas ou álcool e não tinha antecedentes criminais ou histórico de problemas mentais conhecidos.

"A investigação em andamento permitirá determinar a motivação", disse a promotora de Annecy, Line Bonnet-Mathis, na quinta-feira, descartando por enquanto um ato com motivação terrorista.

O agressor está sob custódia policial desde sua prisão logo após o ataque e, nesta sexta-feira, deve passar por um exame psiquiátrico, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin. Segundo a emissora local da France Bleu, o homem ainda não havia sido interrogado, já que está "agitado" e até "se revira no chão" da delegacia.

Darmanin descreveu na quinta-feira como uma "coincidência perturbadora" o fato de o ataque ter ocorrido dias depois que as autoridades francesas rejeitaram seu pedido de asilo, solicitado em novembro de 2022, porque ele já tinha proteção concedida pela Suécia.

Sua ex-mulher na Suécia, com quem teve uma filha de três anos, disse à AFP que ele deixou o país porque "não conseguiu obter a nacionalidade sueca".

O agressor sofria de uma "profunda depressão", segundo sua mãe, que mora nos Estados Unidos. A rejeição da nacionalidade, a princípio por ter estado no Exército sírio, “talvez o tenha deixado louco”, acrescentou.

- 'Noite difícil' -

A precariedade do exílio "aumenta a vulnerabilidade psicológica", disse à AFP Andrea Tortelli, psiquiatra especialista em saúde mental de imigrantes, advertindo contra "confundir" migração e atos violentos, porque isso é algo "pouco comum".

"Muitas frequentemente, sofreram violência ou viveram situações violentas, como conflitos", "experimentaram a imigração forçada com seus perigos" antes de "chegarem à Europa, onde enfrentam uma política migratória que os coloca em dificuldades psicológicas", explicou.

À espera de respostas, dezenas de cidadãos de Annecy, em prantos, chegam para depositar flores brancas, bichos de pelúcia, velas ou deixar mensagens de apoio em um pequeno memorial improvisado no local do atentado, onde as crianças voltaram a brincar horas depois do drama.

Leo Ganassali, um comerciante de 21 anos, foi com o irmão mais novo depositar um enorme buquê de flores após uma "noite difícil".

“Não estamos preparados” para acontecimentos como este, confessou o jovem, emocionado, nesta pacata cidade de cerca de 140 mil habitantes.

"Eu me vejo aqui, criança, brincando neste parque, e vê-lo de luto hoje é muito, muito complicado", acrescentou.

"Este parque é o meu parque, o nosso parque, o mais bonito de Annecy", disse uma senhora de 60 anos, que não quis revelar o seu nome, destacando a "emoção" palpável no ar.

O presidente da França, Emmanuel Macron, receberá, no próximo domingo (4), o cacique Raoni Metuktire para "reiterar seu compromisso com o respeito" aos povos indígenas, anunciou o Palácio do Eliseu nesta sexta-feira (2).

"O presidente vai se reunir com o cacique Raoni neste domingo, no Palácio do Eliseu, por ocasião de sua visita a Paris", informou a Presidência francesa.

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"O cacique foi recebido pelo chefe de Estado no Eliseu em maio de 2019, e também foi convidado para a reunião de cúpula do G7 em Biarritz sob presidência francesa, em agosto do mesmo ano”, ressaltou a fonte.

"O encontro de domingo será uma oportunidade para o presidente reiterar seu compromisso com o respeito aos direitos humanos dos povos indígenas e sua determinação de trabalhar pela preservação dos espaços naturais, principalmente das florestas tropicais, uma vez que eles constituem reservas vitais de carbono e tesouros da biodiversidade", acrescentou a Presidência francesa.

"A discussão irá se concentrar nas próximas grandes datas para reforçar a proteção das florestas em escala mundial", entre elas a reunião de cúpula para o novo pacto financeiro global, nos próximos dias 22 e 23, em Paris, e, posteriormente, a reunião de cúpula da Amazônia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, promulgou, na madrugada deste sábado (15), sua impopular reforma da Previdência, uma "provocação" para os sindicatos e para a oposição, após três meses de um conflito social que deve continuar. "Uma lei promulgada à noite, como os ladrões", reagiu o líder comunista, Fabien Roussel.

"Que provocação! Nova fanfarrice de Emmanuel Macron em um momento em que o país nunca esteve tão fraturado", tuitou Marine Tondelier, dos Verdes.

Em uma "lógica de apaziguamento", o presidente vai discursar à nação na noite de segunda-feira às 20h (15h de Brasília), para fazer um "balanço" dos três meses de crise, informou à emissora TF1 o porta-voz do governo, Olivier Véran.

As tensões permanecem desde a sexta-feira, quando o Conselho Constitucional validou o adiamento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e a antecipação para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos - e não 42, como é agora -, para se ter direito à aposentadoria integral.

Várias cidades registraram protestos e alguns terminaram em distúrbios, como em Rennes (oeste), onde um grupo destruiu neste sábado uma agência nacária e a entrada de um hotel quatro estrelas, além de incendiar e danificar carros de luxo.

"A melhor resposta que se pode dar a Emmanuel Macron é esta agitação popular permanente", disse a deputada de esquerda Danielle Obono, antes de uma manifestação de 300 pessoas que percorreu o nordeste de Paris.

Os sindicatos, ponta de lança da contestação desde janeiro, convocaram uma "mobilização excepcional" para 1º de maio, por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores, para protestar contra a reforma.

Mas outros atos estão previstos antes disso. A central CGT convocou novos dias de protestos em 20 e 21 de abril, e as centrais representativas da empresa ferroviária SNCF anunciaram um dia de "ira" para a quinta-feira.

- "Vitória de Pirro" -

Embora a decisão do Conselho Constitucional tenha sido uma "vitória legal" para o presidente liberal, de 45 anos, a imprensa considerou, de forma unânime, neste sábado, que se trata de uma "vitória de Pirro" e de "um desastre para a nação", especialmente em meio à rejeição da maioria dos franceses.

Os sindicatos advertiram que a França vive uma "crise democrática", depois que o presidente decidiu, em meados de março, adotar por decreto sua impopular lei, temendo perder a votação no Parlamento. Macron não tem maioria absoluta no Legislativo.

Essa decisão radicalizou os protestos e, com sua rápida promulgação, Macron "parece gostar de colocar lenha na fogueira", afirmou o líder do sindicato UNSA, Laurent Escure, para quem "nada de bom sairá disso".

Embora o conflito social permaneça incrustado, o governo pretende virar a página rapidamente com novas medidas, em um momento de forte preocupação da população com o aumento dos preços.

"Queremos construir uma França de pleno emprego", "garantir a igualdade de oportunidades" e "agir" para melhorar a saúde e a educação, afirmou, neste sábado, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, que se disse disposta a "acelerar" as reformas.

Mas, com quem? Os sindicatos e recusam a se reunir com o governo antes de 1º de maio, e Borne assegurou que, no Parlamento, "não é hora de coalizões", mas de "maiorias possíveis para cada projeto".

- "Revolução" ou "populismo" -

Um referendo para limitar a idade da aposentadoria a 62 anos, como a esquerda propõe, poderia reduzir o conflito. Em 3 de maio, o Conselho Constitucional deve se pronunciar sobre este pedido, após rejeitar uma demanda similar na sexta-feira.

Em abril de 2022, Macron foi reeleito com 58,5% dos votos ante Marine Le Pen, da extrema direita. Ciente de que sua vitória se devia em parte ao cordão sanitário contra sua adversária, prometeu governar de maneira diferente e unir o país.

Mas, o episódio da reforma da Previdência mostrou o contrário. A lei foi aprovada por meio de polêmicos mecanismos que limitaram o debate no Parlamento e sem ouvir a rejeição da maioria da população e dos sindicatos. A popularidade do chefe de Estado caiu para menos de 30% nas pesquisas.

“Há uma arrogância em Emmanuel Macron que se alimenta de uma ignorância social”, disse o historiador Pierre Rosanvallon ao jornal Libération, para quem “o tempo das revoluções”, ou do “populismo de extrema direita”, pode agora voltar.

As pesquisas de opinião mostram, por enquanto, uma deterioração da confiança dos franceses nas instituições e uma progressão na intenção de voto em Marine Le Pen, ainda que sua oposição à reforma tenha sido menos ativa do que a da esquerda.

"Com sua política, [Macron] estende o tapete vermelho" à extrema direita, assegurou a líder da CGT, Sophie Binet, à imprensa regional.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, denunciou nesta sexta-feira (7) na cidade chinesa de Guangzhou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, em um encontro com estudantes, antes de uma nova reunião com o homólogo da China, Xi Jinping, para uma cerimônia de chá e um jantar.

A visita a Guangzhou encerra a viagem de Estado de três dias a China. Macron também passou pela capital Pequim e tinha como objetivo revigorar o vínculo com o país depois da pandemia de Covid-19.

O presidente francês incluiu no centro da agenda o conflito na Ucrânia e na quinta-feira afirmou a Xi Jinping que conta com ele "para trazer a Rússia à razão".

Macron chegou durante a tarde a Guangzhou, a terceira maior cidade do país, com 15 milhões de habitantes, e visitou a Universidade de Sun Yat-sen, onde era aguardado por uma multidão.

No ginásio do campus, o presidente francês denunciou a guerra russa que "coloniza" a Ucrânia, em um discurso para mil alunos.

"É um país que decidiu colonizar o vizinho, não respeitar as regras, mobilizar exércitos e invadir", afirmou.

Depois do encontro, Macron se reuniu com Xi na ilha de Shamian, centro da cidade.

Os dois participaram em uma cerimônia de chá e tinham um jantar privado agendado.

Antes de retornar a Paris, ainda nesta sexta-feira, Macron se reunirá com dois grandes investidores chineses: Tang Jiexiong, presidente do grupo Wencan, e Jiang Long, CEO da XTC New Energy Materials.

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira (22) a entrada em vigor de sua impopular reforma da Previdência até o fim do ano, em um momento de intensificação dos protestos contra o projeto do governo.

"Esta reforma é necessária. Não me faz feliz. Teria preferido não fazê-la", declarou o presidente liberal em uma entrevista aos canais TF1 e France 2, na qual reconheceu a "impopularidade" da medida.

A França vive desde a última quinta-feira um contexto social muito tenso com uma onda de protestos espontâneos, marcados pela violência. Sua entrevista não parece acalmar as coisas, na véspera de um novo dia de protestos convocados pelos sindicatos.

Suas declarações são "um desprezo pelos milhões de manifestantes", disse Philippe Martinez, líder do sindicato CGT. Macron "adicionou mais lenhas a uma fogueira muito acesa", afirmou o chefe do Partido Socialista, Olivier Faure.

Desde janeiro, o governo enfrenta forte rejeição ao seu plano de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos, e não 42 como agora, para receber uma pensão completa.

Mas a tensão explodiu na última quinta-feira, quando Macron e sua primeira-ministra Élisabeth Borne anunciaram a adoção da reforma por decreto, porque temiam perder a votação na Assembleia Nacional (câmara baixa), com o apoio inclusive da oposição de direita.

Há uma semana, Paris e outras cidades registram protestos não declarados todas as noites, nos quais manifestantes, em sua maioria jovens, incendeiam contêineres e outros itens em seu confronto com a polícia.

"Não vamos tolerar nenhum transbordamento", alertou Macron, chamando esses manifestantes de "sediciosos" e comparando-os aos que invadiram o Capitólio nos Estados Unidos em 2021 e o Congresso Nacional no Brasil em janeiro deste ano.

No dia anterior, em reunião com os legisladores de seu partido, o presidente já alertou que a "multidão" e os "distúrbios" não tinham "legitimidade" sobre os representantes do povo, declarações criticadas inclusive por seus aliados.

As forças de segurança estão na mira devido às centenas de prisões realizadas desde quinta-feira passada, que na grande maioria dos casos resultam em libertações sem acusação, e devido aos métodos usados para controlar os protestos.

A Anistia Internacional alertou nesta quarta para o "uso excessivo e generalizado da força" e para "prisões arbitrárias", preocupações já manifestadas pela oposição de esquerda, advogados, magistrados e até pela Defensoria do Povo.

- Qual saída? -

Além da reforma, Macron, reeleito em abril do ano passado, enfrenta dificuldades para aplicar seu programa reformista durante o segundo mandato, que vai até 2027.

O chefe de Estado reconheceu na entrevista de hoje que o seu único erro foi "não conseguir convencer" sobre a reforma, a qual espera aplicar "até o final do ano" e que procura evitar um futuro "déficit" no fundo de pensões. Agora a reforma é examinada pelo Conselho Constitucional.

Os observadores consideraram um fracasso a adoção por decreto desta reforma crucial para Macron, que tentou adotá-la no primeiro mandato, uma vez que dificultaria a aprovação de novos projetos, em um contexto de falta de maioria absoluta.

Tendo descartado dissolver a Assembleia, submeter a reforma a referendo ou remodelar o governo, conforme solicitado pela oposição, Macron encarregou a primeira-ministra de "construir um programa de governo" e "ampliar a maioria".

Símbolo dessa nova situação, o governo paralisou uma reforma migratória que o Senado deveria começar a debater e que agora será dividida em várias partes para facilitar sua adoção, diante da rejeição por parte da direita de regularizar trabalhadores sem documentos.

O presidente da França, Emmanuel Macron, concederá uma entrevista ao vivo na quarta-feira (22), após a aprovação da impopular reforma da Previdência na segunda-feira, que gerou protestos em várias cidades do país, anunciou o governo.

Macron será entrevistado por jornalista dos canais de televisão TF1 (privado) e France 2 (público) na quarta-feira às 13h (9h de Brasília), informaram as emissoras.

A lei que aumenta a idade de aposentadoria para 64 anos, contra 62 atualmente, foi aprovada na segunda-feira, depois do fracasso no Parlamento de duas moções de censura - uma delas não foi aprovada por apenas nove votos.

O fracasso dos votos de censura e a aprovação da reforma provocaram manifestações durante a noite de segunda-feira em várias cidades da França.

A polícia anunciou a detenção de quase 300 pessoas em incidentes, incluindo 234 em Paris.

A impopular reforma da Previdência do presidente liberal francês Emmanuel Macron recebeu nesta quinta-feira (16) a primeira aprovação do Parlamento, mas persiste a incerteza se a medida receberá votos suficientes dos deputados durante a tarde, após várias semanas de protestos nas ruas.

O Senado iniciou o dia crucial para o restante do mandato de Macron, que vai até 2027, com a aprovação da reforma graças aos votos dos governistas e da oposição de direita do partido Os Republicanos (LR), que controla a Câmara Alta.

"O Senado acaba de aprovar a reforma da Previdência (...) Estaremos durante a tarde na Assembleia Nacional com a mesma vontade de que esta reforma essencial siga adiante", tuitou o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt.

Com 193 votos a favor e 114 contra, a aprovação no Senado era considerada certa.

O governo quer elevar a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42 como atualmente) para que o trabalhador tenha direito à pensão integral. Dois em cada três franceses são contrários à reforma, segundo as pesquisas.

Além do projeto, o presidente de 45 anos, reeleito há quase um ano com a promessa de aprovar reformas na segunda maior economia da União Europeia (UE), corre o risco de aplicar seu programa durante o segundo mandato e ameaçou dissolver a Assembleia em caso de derrota.

Desde quarta-feira, Macron participa em várias reuniões de crise para assegurar a maioria no Parlamento, o que evitaria ativar um polêmico procedimento parlamentar: o artigo 49.3 da Constituição.

O mecanismo permitiria a adoção da reforma sem a votação dos deputados, que só conseguiriam impedir a aplicação do projeto com um voto de desconfiança contra o governo da primeira-ministra Élisabeth Borne. Alguns parlamentares já anteciparam que pretende apresentar moções de censura.

Submeter a reforma à votação dos deputados e perder "travaria consideravelmente" o restante de seu mandato", mas recorrer ao artigo 49.3 "reforçaria a imagem de 'brutalidade' de seu poder e alimentaria a crise social", alertou o jornal liberal L'Opinion.

Diante do dilema, a deputada governista Aurore Bergé defendeu na rede CNews seguir para a votação e considerou que a dissolução mencionada na véspera por Macron em caso de revés, segundo os participantes de uma reunião, permitiria obter "um esclarecimento".

Mas convocar novas eleições legislativas, menos de um ano depois do pleito anterior, seria uma aposta arriscada, ainda mais quando o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, contrário à reforma, parece em boa posição nas pesquisas, segundo os analistas.

- Protestos -

Os olhares estão voltados para alguns deputados governistas que poderiam optar pela abstenção e para 20 parlamentares do LR que, segundo o senador de direita Bruno Retailleau, votariam contra a reforma.

Os sindicatos fizeram um apelo para que os parlamentares votem contra uma reforma que consideram injusta, depois de vários dias de protestos. Em 7 de março, entre 1,28 milhão e 3,5 milhões de pessoas participaram na maior manifestação contra uma reforma social no país nas últimas três décadas.

Os protestos, no entanto, perderam força, à medida que os franceses admitem que a reforma acabará sendo aprovada. E as greves em setores cruciais, como energia e transporte, também continuam, embora com menos força.

O governo também ordenou o retorno ao trabalho dos garis em Paris, para que retirem as 7.600 toneladas de lixo acumuladas na capital, ao final de uma disputa com a prefeita Anne Hidalgo, que apoia os grevistas.

Os opositores não jogam toalha e convocaram manifestações em Paris. "Não deixem que roubem dois anos de sua vida", tuitou na quarta-feira o deputado de esquerda Thomas Portes.

Em caso de aprovação da reforma, a oposição de esquerda deve apresentar um recurso ao Conselho Constitucional que adiaria a promulgação do texto e daria tempo aos críticos de Macron para utilizar seus últimos cartuchos, como um pedido de referendo.

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a entrada da Ucrânia na Otan seria vista pela Rússia como um confronto, e não está no "cenário mais provável".

"A entrada da Ucrânia na Otan seria percebida pela Rússia como algo conflituoso. Não será com essa Rússia que se poderá imaginar" a entrada de Kiev na aliança", declarou Macron hoje ao americano "The Wall Street Journal", ao francês "Le Monde" e ao libanês "An Nahar".

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"Independentemente de a Ucrânia entrar ou não na Otan, e este último é o cenário mais provável, terão que ser dadas garantias de segurança mais sólidas a Kiev desde que ela foi atacada pela Rússia", destacou Macron.

O presidente francês insistiu na necessidade de dar "garantias de segurança" à Ucrânia, mas também à Rússia, no fim do conflito ucraniano, uma posição criticada por Kiev e pelo leste europeu.

“No fim, terão que sentar todos à mesa, de forma que todos os europeus e ocidentais que me dão lições de moral deveriam me explicar com quem se sentarão" para negociar", disse Macron.

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta quinta-feira (15) sua viagem ao Catar para apoiar a seleção do país, apesar das polêmicas e da investigação em curso por suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu.

"Assumo completamente", declarou Macron em sua chegada a Bruxelas para uma reunião de cúpula europeia. "Há quatro anos estive com a seleção na Rússia, estou com eles no Catar", afirmou o presidente, que assistiu a vitória da França nas semifinais da Copa do Mundo sobre Marrocos (2-0), quarta-feira à noite, e retornará a Doha no domingo para a final contra a Argentina.

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Macron afirmou que estava "imensamente orgulhoso" dos 'Bleus' após a semifinal e elogiou uma equipe que é "uma mistura de várias gerações".

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira (12) que a apresentação da polêmica reforma da Previdência, prevista para esta quinta-feira (15), foi adiada para 10 de janeiro.

A mudança aconteceu por conta da troca de líderes em dois importantes partidos da oposição.

"Isso nos permitirá ter algumas semanas para que os que (...) acabaram de assumir responsabilidades possam abordar alguns elementos-chave da reforma com o governo", declarou, em uma alusão ao Partido Republicano (direita) e ao grupo ambientalista.

Adiar a idade da aposentadoria de 62 para 65 é uma das importantes reformas que o liberal Macron quer realizar em seu segundo mandato. Essa é a segunda vez que o presidente tenta emplacar a mudança, após a pandemia tê-lo obrigado a suspender a primeira tentativa em 2020.

Depois de perder a maioria absoluta na Assembleia Nacional, o presidente agora terá mais dificuldades.

O Executivo havia anunciado que apresentaria a reforma em 15 de dezembro, poucos dias antes do Natal. Os críticos do texto anunciaram, porém, que fariam o possível para impedi-lo.

Macron confirma que o adiamento da idade de aposentadoria e a redução do desemprego são os únicos meios que o Estado tem para aumentar sua receita sem aumentar os impostos, em um contexto de elevados déficit e dívida pública.

Na tarde desta segunda-feira (31), no horário de Brasília, Emmanuel Macron usou o seu perfil do Twitter para dar os parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito nesse domingo (30). O representante da França compartilhou um vídeo em que aparece falando ao telefone com Lula.

"Lula, como vai? Felicidades. Parabéns, presidente", diz Macron, logo após o novo Chefe de Estado atender a chamada telefônica internacional. Ao receber as felicitações, Lula declarou: "Estou vivendo um dia muito feliz porque conseguimos resgatar a democracia".

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Assim que o conteúdo foi divulgado, diversas pessoas celebraram a cordialidade de Emmanuel Macron com Lula. "A felicidade do Macron ao falar com o Lula já eleito presidente. Mas também depois daquele ataque despreparado [Jair Bolsonaro] ter desrespeitado a mulher do cara, ele tem toda razão de não gostar dele".

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 60.345.999 votos (50,90% dos votos válidos). Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 58.206.354 votos (49,10%).

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (16) que há sinais de crimes de guerra em um subúrbio de Kiev, após "massacres" das forças russas. Ele falou na cidade de Irpin, durante uma visita com os líderes da Alemanha, Itália e Romênia para mostrar apoio à Ucrânia.

Macron denunciou a "barbárie" dos ataques que devastaram a cidade e elogiou a coragem dos moradores de Irpin e de outras cidades da região de Kiev que impediram as forças russas de atacar a capital ucraniana.

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Os quatro líderes europeus chegaram mais cedo a Kiev ao som de sirenes de ataque aéreo, enquanto faziam uma demonstração de apoio coletivo europeu ao povo ucraniano que resiste à invasão da Rússia.

A visita, que inclui uma reunião planejada com o presidente Volodymyr Zelenskyy, tem um forte peso simbólico, uma vez que as três potências da Europa Ocidental enfrentaram críticas por não fornecerem à Ucrânia a escala de armamento que Zelenskyy pediu.

Eles também foram criticados por não visitarem a capital ucraniana antes. Nas últimas semanas e meses, vários outros líderes europeus já haviam feito a longa viagem por terra para mostrar solidariedade a uma nação sob ataque, mesmo em tempos em que os combates se intensificavam mais perto da capital do que agora.

O gabinete do presidente francês disse que Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro italiano Mario Draghi, representando as três maiores economias da Europa, viajaram juntos para Kiev em um trem noturno especial fornecido pelas autoridades ucranianas.

O presidente centrista Emmanuel Macron enfrenta a possível perda da maioria absoluta de deputados após as eleições legislativas, cuja campanha não decolou a nove dias do primeiro turno.

Em 24 de abril, Macron se tornou o primeiro chefe de Estado francês a ser reeleito para um segundo mandato desde 2002, com 58,55% dos votos contra Marine Le Pen, mas a aplicação de seu programa depende das eleições legislativas.

Nos últimos dias, duas pesquisas projetaram pela primeira vez que a coalizão do líder liberal poderia perder a maioria absoluta que desfruta desde 2017 na Assembleia (câmara baixa), embora seja o primeiro grupo em número de deputados.

O levantamento Elabe, publicado na quarta-feira, atribui para sua aliança entre 275 e 315 deputados, seguida pela frente de esquerda de Jean-Luc Mélenchon (155-180) e a extrema-direita de Le Pen (35-65). A maioria absoluta é de 289 parlamentares.

O veterano de esquerda, de 70 anos, conquistou quase 22% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais de abril e, embora não tenha ido ao segundo turno, conseguiu dar um impulso ao seu espaço político e uma frente unida para as legislativas.

"Nossas chances de vencer são muito elevadas", disse Mélenchon na quarta-feira em um comício em Paris, que tenta tirar vantagem do fato de que a maioria dos franceses deseja que o presidente em exercício perca sua maioria absoluta.

- Coabitação -

Sua reeleição ocorreu em um contexto de preocupação com a alta de preços ligada à guerra na Ucrânia e para impedir que a extrema-direita chegasse ao poder, e não como uma adesão geral ao seu programa.

De acordo com uma pesquisa do BVA publicada nesta sexta-feira, quase dois terços dos eleitores querem uma coabitação. A última foi de 1997 a 2002, quando o presidente conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.

Desde a eleição presidencial, que confirmou um panorama político dividido em três blocos - esquerda radical, centro e extrema-direita -, Macron multiplicou as piscadelas à esquerda moderada para tentar atraí-la.

A sua nova primeira-ministra, Élisabeth Borne, vem da ala de centro-esquerda do oficialismo e a nomeação do historiador especialista em minorias Pap Ndiaye como ministro da Educação seguiu a mesma linha.

As poucas incursões de Macron se concentraram nos temas favoritos da esquerda, como saúde e educação, deixando em segundo plano sua impopular reforma previdenciária.

Embora tente retomar o ímpeto para consolidar sua maioria absoluta, o chefe de Estado não conduziu uma real campanha, adiando a nomeação de seu novo governo, que finalmente revelou em 20 de maio.

"Não há realmente campanha (...) Os franceses têm a sensação de que tudo foi dito na eleição presidencial", disse Brice Teinturier, cientista político da Ipsos France, à rádio France Inter.

A eleição acontece em um sistema uninominal de dois turnos.

Com cerca de 25% das intenções de voto, o partido no poder pode, no entanto, renovar a maioria absoluta, como aponta Mathieu Gallard, da Ipsos, alertando para um contexto de forte abstenção.

O primeiro mandato de Macron foi de fato marcado por protestos contra sua política em relação às classes populares, um descontentamento que ainda é evidente.

A votação já começou eletronicamente para os franceses no exterior, que têm até domingo para votar em seus candidatos. Na França, o primeiro turno será em 12 de junho e o segundo uma semana depois.

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