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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou para a imprensa, na quarta-feira (15), que o presidente da China, Xi Jinping, é "um ditador". A declaração foi dada momentos depois de uma reunião de Biden com o Xi que durou mais de quatro horas - a primeira conversa entre os líderes em um ano.

"É um termo que usávamos antes. Ele [Xi] é um ditador no sentido de que é um cara que dirige um país comunista, que se baseia numa forma de governo completamente diferente da nossa", respondeu Biden ao ser questionado por um repórter se ele ainda considerava Xi um ditador.

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A China condenou as declarações. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse: "este tipo de discurso é extremamente errado e é uma manipulação política irresponsável". "Devo salientar que há sempre pessoas com segundas intenções que tentam semear a discórdia para arruinar as relações entre os Estados Unidos e a China e, neste caso, também não terão sucesso", acrescentou o responsável.

Biden e Xi reuniram-se em São Francisco, na Califórnia, à margem de uma cimeira de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). Ambos os líderes concordaram em restabelecer as comunicações militares em um esforço para diminuir as tensões. No encontro, os governantes também abordaram questões sobre Taiwan e chegaram a um acordo na luta contra o fentanil, no qual a China concordou em tomar medidas para reduzir a produção de ingredientes para o opioide sintético no centro de uma crise de saúde nos Estados Unidos. (Com agências internacionais).

Por Sergio Caldas*

São Paulo, 13/11/2023 - As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, à espera de uma reunião nesta semana entre os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.

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Liderando os ganhos na Ásia, o índice Hang Seng avançou 1,30% em Hong Kong, a 17.426,21 pontos, interrompendo uma sequência de quatro pregões negativos, graças ao bom desempenho de ações de tecnologia, enquanto o japonês Nikkei teve alta apenas marginal de 0,05% em Tóquio, a 32.585,11 pontos, e o Taiex subiu 0,94% em Taiwan, a 16.839,29 pontos.

Na China continental, os ganhos foram moderados, de 0,25% no caso do Xangai Composto, a 3.046,53 pontos, e de 0,56% no do menos abrangente Shenzhen Composto, a 1.914,41 pontos.

Biden e Xi têm encontro marcado para quarta-feira (15), na Califórnia, na primeira reunião em um ano entre os líderes das duas maiores economias do mundo. Ambos deverão procurar trazer maior estabilidade a uma relação que é definida por divergências em temas como controles de exportação, a situação de Taiwan e as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia.

Exceção na Ásia hoje, o sul-coreano Kospi caiu 0,24% em Seul, a 2.403,76 pontos, revertendo ganhos de mais cedo no pregão.

Na Oceania, a bolsa australiana ignorou o viés positivo da região asiática e ficou no vermelho, após o banco central local - conhecido como RBA - alertar que a inflação doméstica deverá desacelerar em ritmo mais gradual do que se imaginava. O S&P/ASX 200 recuou 0,40% em Sydney, a 6.948,80 pontos.

Contato: sergio.caldas@estadao.com

*Com informações da Dow Jones Newswires e Associated Press
 

O presidente chinês, Xi Jinping, exaltou nesta quarta-feira (18) a crescente "confiança política mútua" entre Pequim e Moscou, em uma reunião com o homólogo russo Vladimir Putin em Pequim.

"A confiança política mútua entre os dois países está em crescimento constante", declarou Xi a Putin, segundo a agência estatal Xinhua.

Xi também pediu um esforço conjunto de China e Rússia para "salvaguardar a equidade internacional" e a "justiça", ao exaltar a "coordenação estratégica próxima e efetiva" entre os dois países.

Os dois líderes se reuniram em Pequim durante um fórum internacional que marca o 10º aniversário da iniciativa chinesa de infraestruturas conhecida como Novas Rotas da Seda, uma reunião com a participação de representantes de 130 países.

"O volume de comércio bilateral atingiu um nível histórico, que avança para a meta de 200 bilhões de dólares estabelecida pelas duas partes", acrescentou Xi.

Ele destacou que se reuniu com Putin "42 vezes nos últimos 10 anos e desenvolvemos uma boa relação de trabalho e uma profunda amizade".

- Sem "confrontos ideológicos" -

Ao inaugurar o fórum, o presidente chinês afirmou que a China é contra "as sanções unilaterais, a coerção econômica, a dissociação e a redução dos laços econômicos"

Também destacou que Pequim não participará em "confrontos ideológicos, jogos geopolíticos e confrontos de blocos".

Xi acrescentou que "considerar o desenvolvimento de outros como uma ameaça e a independência como um risco não vai melhorar sua vida ou acelerar seu desenvolvimento".

Ele afirmou que as Novas Rotas da Seda "pretendem aumentar a conectividade política, de infraestruturas, comercial, financeira e entre as pessoas, para injetar um novo ímpeto na economia global".

O projeto Novas Rotas da Seda é emblemático do governo Xi e pretende promover o comércio e as infraestruturas globais.

Putin elogiou a iniciativa chinesa em seu discurso na abertura do fórum em Pequim.

"Com as dimensões globais da iniciativa que o presidente chinês lançou há uma década, francamente, era difícil acreditar que funcionaria", admitiu Putin.

"Os nossos amigos chineses estão fazendo com que funcione. Estamos felizes de ver esta história de sucesso porque significa muito para muitos de nós", acrescentou o presidente russo.

- Modernização mundial -

Xi Jinping afirmou que "apenas por meio de uma cooperação em que todos ganham é possível fazer as coisas e fazê-las de modo bem feito".

"A China está disposta a aprofundar a cooperação com os seus parceiros na iniciativa (...) e trabalhar sem trégua para concretizar a modernização de cada país do mundo", disse.

Ele recordou que o projeto de infraestrutura e comércio nasceu na China, mas que as "conquistas e oportunidades pertencem ao mundo".

Xi e Putin participaram juntos na fotografia oficial do evento.

Apesar da presença de dois líderes de potências mundiais, o fórum de Pequim foi ofuscado pelo conflito entre Israel e a organização palestina Hamas.

O governo dos Estados Unidos pediu à China para usar sua influência e tentar conter o conflito no Oriente Médio, que provocou a fuga de mais de um milhão de pessoas do norte da Faixa de Gaza diante dos bombardeios incessantes de Israel.

O Exército israelense bombardeia o enclave palestino em resposta ao ataque do Hamas contra seu território em 7 de outubro, que provocou 1.400 mortes.

A China anunciou que enviará seu representante para o Oriente Médio, Zhai Jun, à região em conflito, mas não informou a data da viagem nem os locais que ele visitará.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarcou nesta terça-feira (17) na China para uma reunião com o "amigo querido" Xi Jinping, durante um encontro de cúpula multilateral que será ofuscado parcialmente pelo conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas.

A visita de Putin tem o objetivo de fortalecer ainda mais os laços entre Moscou e Pequim.

A China recebe esta semana os representantes de 130 países para um fórum do projeto chave do governo Xi, a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), um programa de desenvolvimento de infraestruturas que permitiu a Pequim ampliar sua influência global.

Putin lidera a lista de convidados e deve se reunir na quarta-feira com o homólogo chinês, em sua primeira visita a uma potência mundial desde o início da invasão da Ucrânia, conflito que deixou seu país isolado internacionalmente.

"Durante as conversas, uma atenção especial será reservada aos temas internacionais e regionais", afirmou o Kremlin, sem revelar mais detalhes.

A missão de Putin é fortalecer uma relação já sólida com Pequim, na qual Moscou é cada vez mais o sócio de menor influência.

Analistas descartam grandes surpresas durante a visita de Putin à China, que é encarada mais como um gesto simbólico de apoio a Moscou.

A Rússia tem consciência de que a China não deseja assinar nenhum acordo importante, afirmou à AFP Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie para Rússia e Eurásia.

"A China tem todas as cartas na mão".

Apesar da reunião dos líderes durante o encontro de cúpula da BRI, a atenção mundial estará dominada pela guerra de Israel contra a organização palestina Hamas.

Israel declarou guerra contra o Hamas depois que combatentes do grupo invadiram o território israelense em 7 de outubro e mataram mais de 1.400 pessoas, em sua maioria civis.

Os bombardeios israelenses em represália deixaram pelo menos 2.750 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo as autoridades palestinas.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que utilize a influência de Pequim no Oriente Médio para acalmar a situação.

A China tem relações próximas com o Irã, cujos líderes religiosos apoiam o Hamas e o Hezbollah libanês, que poderia iniciar uma segunda frente de batalha contra Israel.

O enviado especial de Pequim, Zhai Jun, viajará ao Oriente Médio durante a semana para tentar estabelecer um cessar-fogo e negociações de paz, informou o canal estatal chinês CCTV, sem revelar detalhes sobre os países que serão visitados.

- Encontro de amigos -

Xi se reuniu nesta terça-feira, no início da cúpula, com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, informou a imprensa estatal.

Putin e Xi discutirão as relações bilaterais em sua totalidade, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, durante um encontro com o homólogo Wang.

O ministro Wang disse que a China "aprecia" o apoio da Rússia à BRI.

"Ambas as partes devem planejar atividades comemorativas, aprofundar a confiança mútua estratégica, consolidar a amizade tradicional e promover a amizade de geração em geração", disse o chefe da diplomacia chinesa.

Os dois países têm uma relação simbiótica, na qual a China valoriza o papel da Rússia como bastião contra o Ocidente, enquanto Moscou depende cada vez mais do apoio comercial e geopolítico de Pequim.

"Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, o país ficou em uma posição de dependência sem precedentes da China", destaca Bjorn Alexander Duben, da Universidade de Jilin, na China.

O eixo da aliança é a relação pessoal de Xi e Putin, que se consideram "amigos queridos".

"O presidente Xi Jinping me chama de amigo e eu também o chamo de amigo", disse Putin ao canal estatal chinês CGTN antes da viagem, segundo um comunicado do Kremlin.

A decisão de Xi Jinping de ausentar-se da cúpula do G20 sugere um enfraquecimento das relações da China com outras potências, assim como um crescente sigilo na cúpula do Partido Comunista, indicaram analistas à AFP.

O Ministério de Relações Exteriores chinês disse na segunda-feira que o primeiro-ministro Li Qiang representará o país na cúpula de líderes das principais economias mundiais em Nova Délhi neste fim de semana, confirmando de fato a ausência do presidente Xi.

Pequim não explicou os motivos da decisão de Xi, que não faltou a nenhuma destas cúpulas desde sua chegada ao poder, com exceção de Roma em 2021, da qual participou por videoconferência devido às restrições da covid.

Sua possível ausência contrasta com seu protagonismo em agosto na cúpula do grupo Brics de economias emergentes na África do Sul, na qual a admissão de novos membros foi aprovada.

Ao priorizar os laços com o mundo em desenvolvimento, Pequim tenta "criar uma alternativa (...) à ordem internacional liberal dominado pelos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse Steve Tsang, diretor do SOAS China Institute na Universidade de Londres.

Este realinhamento "é amigável para a China, mas sinocêntrico, já que busca e consolida apoio no Sul Global", disse.

"O G20 (...) não é algo que a China possa dominar, por isso tem menos prioridade", acrescentou Tsang.

A ausência no G20 também mina as esperanças de novos intercâmbios com as potências ocidentais depois do papel central assumido por Xi na última cúpula de novembro na ilha indonésia de Bali.

- Tensões com a Índia -

Os especialistas atribuem a decisão, em parte, às tensões de longa data com o país organizador, a Índia.

"As relações China-Índia não têm sido tranquilas desde 2020 e a China tem se queixado de que a Índia usa o G20 para consolidar as suas reivindicações sobre territórios disputados", disse Yun Sun, diretora do programa sobre a China no think tank americano Stimson Center.

Pequim e Nova Dhéli enfrentam uma disputa há décadas na fronteira com o Himalaia, o que desencadeou distúrbios mortais nos últimos anos.

A Índia também demonstrou "maior oposição às reivindicações da China sobre o mar da China Meridional... e intensificou as suas restrições e proibições às exportações de tecnologia da China e ao investimento direto", disse Shi Yinhong, professor de Relações Internacionais na Universidade Renmin da China em Pequim.

Também estava previsto para este G20 um encontro entre Xi e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que na semana passada disse que ficaria "decepcionado" se o seu homólogo chinês não comparecesse.

Mas a perspectiva "cada vez mais clara" de uma reunião em São Francisco em novembro, durante a cúpula da Apec, pode ter tornado a participação de Xi no G20 "menos imperativa", disse Shi.

- Sem explicações -

Uma porta-voz da diplomacia chinesa evitou nesta semana as perguntas sobre a ausência de Xi e se limitou a repetir o comunicado, anunciando a viagem do primeiro-ministro Li à Índia.

O Partido Comunista chinês raramente revela informações sobre seus líderes. Este sigilo foi deixado em evidência várias vezes recentemente.

O ex-ministro de Relações Exteriores, Qin Gang, foi afastado do cargo repentinamente em julho e não foi visto em público desde então.

Na cúpula dos Brics, Xi não se apresentou para um discuso que havia programado e enviou seu ministro do Comércio.

Tsang, do SOAS Institute, indica um possível problema de saúde de Xi, de 70 anos, além do desejo de "mais controle e sigilo" no processo de impulsionar a "direção totalitária" da China.

Um diplomata de outro país do G20 disse à AFP que o presidente chinês pode querer evitar questões difíceis sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, que Pequim não condenou.

"O imperador não quer que lhe façam perguntas inconvenientes", disse ele.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu nesta segunda-feira (19) com o presidente chinês, Xi Jinping, que afirmou esperar que a visita represente uma "contribuição positiva" para as tensas relações bilaterais entre as duas potências.

O encontro começou às 16H30 locais (5H30 de Brasília), informou a imprensa estatal chinesa, no segundo e último dia da visita, a primeira a Pequim de um chefe da diplomacia dos Estados Unidos desde 2018.

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No início da reunião, Xi declarou a Blinken esperar que a viagem represente uma "contribuição positiva" para as relações entre Pequim e Washington, informou a imprensa estatal chinesa.

"As interações entre Estados devem sempre ser baseadas no respeito mútuo e na sinceridade. Espero que o secretário Blinken, por meio desta visita, possa dar uma contribuição positiva para estabilizar as relações China-Estados Unidos", declarou Xi, de acordo com o canal de televisão estatal CGTN.

Vários temas dividem as duas potências, como o apoio de Washington à ilha autônoma de Taiwan, que Pequim considera parte do país, a rivalidade no setor de tecnologia, as reivindicações territoriais da potência asiática no Mar da China Meridional ou o tratamento dos uigures, uma minoria muçulmana do noroeste da China.

Antes da reunião com Xi, Blinken se encontrou com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, que afirmou que a viagem "acontece em um momento crítico nas relações China-Estados Unidos", segundo o canal estatal CCTV.

"É necessário escolher entre o diálogo e o confronto, a cooperação ou o conflito", declarou Wang, que estimulou a retomada de um caminho "saudável" na relação bilateral e o "trabalho conjunto" para que China e Estados Unidos tenham uma boa relação.

- Firmeza sobre Taiwan -

Wang Yi aproveitou a oportunidade para reafirmar a posição de seu país a respeito de Taiwan.

Nos últimos meses, os contatos entre Washington e as autoridades taiwanesas, procedentes de um partido independentista, irritaram Pequim, que respondeu com exercícios militares de grande envergadura ao redor da ilha de governo democrático.

O governo comunista chinês considera Taiwan uma ilha rebelde, que não conseguiu reunificar com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa em 1949.

"A manutenção da unidade nacional permanece no núcleo dos interesses fundamentais da China e, nesta questão, a China não tem margem para transigir ou ceder", enfatizou Wang.

O secretário de Estado americano foi recebido no domingo pelo ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, que na hierarquia do governo chinês está abaixo de Wang Yi.

O encontro durou sete horas e meia, mais do que o tempo inicialmente previsto, e as duas partes concordaram em manter as linhas de comunicação abertas para evitar futuros conflitos.

- Evitar conflitos -

Os dois países informaram que Qin aceitou um convite para visitar Washington em breve.

As conversas de domingo foram "sinceras, substantivas e construtivas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Blinken destacou "a importância da diplomacia e de manter abertos os canais de comunicação sobre todos os temas para reduzir o risco de percepções e os erros de cálculo", acrescentou Miller.

A portas fechadas, Qin disse a Blinken que as relações entre Estados Unidos e China "estão no ponto mais baixo desde que as relações diplomáticas foram estabelecidas" em 1979, de acordo com a CCTV.

"Isto não está de acordo com os interesses fundamentais dos dois povos, nem atende às expectativas comuns da comunidade internacional", acrescentou Qin.

A visita de Antony Blinken é a primeira de um secretário de Estado americano à China desde a viagem, em outubro de 2018, de seu antecessor Mike Pompeo.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira (14), em reunião fechada com o presidente da China, Xi Jinping, que "ninguém vai proibir que o Brasil aprimore suas relações" com a China.

Lula afirmou que a visita a gigante chinesa de tecnologia Huawei, na quinta-feira em Xangai, foi uma demonstração de que o Brasil "quer dizer ao mundo que não tem preconceito" nas suas relações comerciais.

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A Huawei foi taxada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de fazer espionagem e o governo americano pressionou Brasília para não adotar a tecnologia 5G da empresa chinesa.

Ainda de acordo com falas de Lula, o presidente brasileiro defendeu que as relações entre os dois países precisam ir além da questão comercial e avancem para campos como ciência e tecnologia, educação e cultura.

"Queremos que a relação Brasil China transcenda a questão comercial", disse o presidente da República do Brasil.

Preservação ambiental e acordo com a Amazônia

Lula afirmou que conta com a China "na luta para preservar a terra". Nesse contexto, falou da transição energética e da meta do Brasil de chegar em 2030 a desmatamento zero na Amazônia.

Entre os acordos assinados nesta sexta entre os dois países está a construção de um satélite para monitoramento da Amazônia. "O Brasil pode praticamente dobrar sua produção agrícola recuperando as terras degradadas, sem precisar derrubar nenhuma árvore", disse na reunião bilateral.

Papel para a paz

Durante a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Pequim, nesta sexta-feira (14), o presidente Xi Jinping afirmou que os dois países têm interesses comuns e que esse relacionamento vai desempenhar "papel positivo importante para a paz, o desenvolvimento e a prosperidade das regiões e do mundo".

As declarações foram reproduzidas pelo canal oficial da Secretaria de Comunicação Social do governo brasileiro no Twitter.

O líder chinês afirmou que Brasil e China são os maiores expoentes em relação aos países em expansão no mundo. "A China trata como estratégica e de longo alcance as relações entre China e Brasil, e dá lugar de destaque a nossas relações exteriores", afirmou. "China e Brasil são os maiores países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes dos dois hemisférios. Temos interesses em comum", concluiu.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama Janja Lula da Silva chegaram, nesta sexta-feira (14), ao Grande Palácio do Povo em Pequim para receberem as boas-vindas do presidente chinês Xi Jinping. A recepção aconteceu a céu aberto, na praça em frente ao palácio, ao lado da Praça da Paz Celestial no período da tarde desta sexta na China, ainda no período da madrugada no Brasil.

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No final da tarde de sexta-feira, haverá uma cerimônia de troca de presentes entre os dois presidentes, registro de fotos e, por fim, um jantar oficial, oferecido pelo governo da China.

Lula promete falar com a imprensa logo após este jantar na Embaixada do Brasil em Pequim.

A delegação brasileira, que chegou em Xangai na noite da quarta-feira, 12, é a primeira a visitar a China após a escolha da nova composição dos principais cargos do governo chinês, ocorrida nas sessões gêmeas da Assembleia Nacional Popular e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, no começo de março.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta sexta-feira (14) em Pequim com o homólogo Xi Jinping para reforçar os vínculos com a China, um dia depois de criticar o dólar como moeda global e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Lula está na China para estreitar os laços econômicos com o principal parceiro comercial do Brasil e afirma que o país "está de volta" ao cenário internacional, com a intenção de assumir um papel de mediador no conflito na Ucrânia.

Durante a primeira etapa da viagem, em Xangai, Lula questionou o uso do dólar como moeda global, poucas semanas depois de seu governo estabelecer um acordo com Pequim para operações comerciais com concordar com o real e o yuan, sem a necessidade do câmbio na moeda americana

"Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar? (...) Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar quando poderia exportar na sua própria moeda", afirmou Lula na quinta-feira.

As declarações aconteceram durante a cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) no comando do banco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Durante o evento, Lula também reservou palavras duras par ao FMI, aludindo às acusações de que a instituição impõe cortes draconianos nos gastos públicos em países em dificuldades econômicas, como a Argentina, em troca de empréstimos.

"Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como o FMI está fazendo agora na Argentina e como fizeram com o Brasil durante muito tempo e com todos os países do terceiro mundo", afirmou.

"Nenhum governante pode trabalhar com una faca na garganta porque está devendo".

Ucrânia na agenda

Desde seu retorno ao poder janeiro, após dois mandatos entre 2003 e 2010, Lula tem como objetivo recolocar o Brasil "na nova geopolítica mundial" e deixar para trás o isolacionismo de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Depois de viagens para Argentina e Estados Unidos, o petista visita a China com a intenção de consolidar a relação e atuar como ponto de ligação entre as diferentes regiões do mundo.

"A época em que o Brasil estava ausente nas grandes decisões mundiais já é coisa do passado. Estamos de volta no cenário internacional depois de uma ausência inexplicável", declarou em Xangai, cidade que deixou na quinta-feira à noite para viajar a Pequim.

Na capital, ele tem uma agenda repleta de compromissos, que começaram com um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

"Queremos elevar o patamar da parceria estratégica entre nossos países, ampliar fluxos de comércio e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial", tuitou a conta oficial de Lula ao lado de uma foto com Zhao.

Ele também se reunirá com o primeiro-ministro Li Qiang no Grande Palácio do Povo, antes de ser recebido pelo presidente Xi Jinping e participar em uma entrevista coletiva.

Além das questões sobre investimentos e comércio, um dos principais temas do encontro entre Lula e Xi deve ser a guerra na Ucrânia.

Nem a China nem o Brasil adotaram sanções contra a Rússia como fizeram os países ocidentais. As duas nações tentam estabelecer posições como mediadores para alcançar a paz.

Lula propõe formar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito causado pela invasão russa.

Vínculos comerciais

A passagem por Xangai também demonstrou a importância econômica da viagem de Lula, que estava prevista para o fim de março, mas foi adiada depois que o presidente de 77 anos foi diagnosticado com pneumonia.

Em sua quarta visita oficial à China, principal sócio comercial do Brasil, Lula é acompanhado por uma comitiva de quase 40 representantes políticos, incluindo nove ministros, governadores, deputados e senadores, além de empresários.

O volume de comércio entre as duas economias cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país em 2004. Em 2022, o gigante asiático importou do Brasil 89,7 bilhões de dólares (443 bilhões de reais), com destaque para soja e minerais.

Depois da cerimônia no banco dos BRICS, Lula visitou um centro de pesquisas de empresa de tecnologia Huawei e se reuniu com o presidente da montadora de carros elétricos BYD, que negocia a abertura de uma fábrica na Bahia.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite desta quarta-feira (12) à China para uma visita oficial, com o objetivo de fortalecer os laços entre o gigante asiático e a maior economia da América Latina.

Lula, que deve se reunir na próxima sexta-feira com o colega chinês, Xi Jinping, em Pequim, desembarcou em Xangai, acompanhado da primeira-dama, Janja. O casal recebeu flores e foi cumprimentado pelo vice-ministro das Relações Exteriores da China, Xie Feng.

Antes de deixar o Brasil, Lula disse que planejava convidar o presidente Xi para uma visita, em data não especificada: "Nós vamos consolidar nossa relação com a China. Vou convidar Xi Jinping para vir ao Brasil, para uma reunião bilateral. Para conhecer o Brasil, mostrar os projetos que temos de interesse de investimento dos chineses".

A agenda de Lula de amanhã em Xangai inclui a posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do banco dos Brics, grupo formado pelas economias emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

De volta à Presidência em janeiro, Lula busca amenizar a relação do Brasil com a China, após a deterioração dos laços entre os dois países durante o governo de Jair Bolsonaro.

Em um ato delicado de equilíbrio, Lula também busca estreitar os laços com os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do Brasil e um importante rival da China. Sua visita a Xi acontece após uma reunião na Casa Branca com o presidente Joe Biden em fevereiro.

Lula vive a expectativa de reposicionar o Brasil como ator-chave e negociador no cenário internacional, após quatro anos de relativo isolamento sob o governo Bolsonaro. Espera-se que ele e Xi discutam o conflito na Ucrânia, no qual ambos esperam atuar como mediadores, apesar da preocupação ocidental de que sejam excessivamente amigáveis com o presidente russo, Vladimir Putin.

Integram a comitiva presidencial na China cerca de 40 funcionários do alto escalão, incluindo ministros, governadores e congressistas. Ele irá encerrar sua viagem com uma visita oficial de um dia aos Emirados Árabes, no próximo sábado.

Em plena tensão com Taiwan, o presidente chinês, Xi Jinping, encorajou o exército a se preparar para o "combate real", dias após ter ensaiado um cerco à ilha autogovernada.

O exército deve "defender com determinação a soberania territorial e os interesses marítimos da China, além de se esforçar para proteger a estabilidade periférica em geral", disse Xi ao visitar uma base naval no sul do país, embora sem mencionar explicitamente Taiwan, segundo declarações transmitidas nesta quarta-feira (12) pelo canal CCTV.

Xi Jinping também chamou as forças armadas a "reforçar o treinamento militar orientado para o combate real".

O governante fez estas declarações na terça-feira, depois que o exército chinês realizou três dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, nos quais ensaiou um cerco à ilha de governo autônomo e democrático.

Pequim considera Taiwan como uma província que ainda não conseguiu incorporar ao seu território e não renuncia a tomá-la, inclusive pela força, se necessário.

China e Taiwan estão divididos desde que em 1949 os comunistas ganharam a guerra civil no continente, o que obrigou os nacionalistas do Kuomintang a se refugiarem na ilha.

A política externa de Pequim se baseia no princípio de "uma só China" e, dessa forma, os países com os quais mantém relações diplomáticas não podem ao mesmo tempo ter vínculos com Taipé.

Portanto, o governo chinês considerou uma provocação a reunião na semana passada, na Califórnia, entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

Em resposta, e para pressionar Taiwan, o exército chinês organizou seus exercícios militares, que incluíram a mobilização de navios de guerra e aviões de combate. Os comentários de Xi Jinping foram os primeiros feitos em público após essas manobras.

- Macron se reafirma -

O presidente da França, Emmanuel Macron, visitou a China antes do início desses exercícios militares e, em declarações à imprensa publicadas no domingo, marcou distância com Washington, principal aliado militar da ilha.

Os europeus, defendeu, não devem ser “seguidores” dos Estados Unidos nesse assunto, mas tampouco do gigante asiático.

Macron recebeu críticas nos Estados Unidos por seu posicionamento, reafirmado por ele nesta quarta durante uma visita aos Países Baixos.

“Ser um aliado [dos EUA] não significa ser um vassalo. Ser aliado (...) não significa que não tenhamos direito a pensar por nós mesmos”, declarou o presidente em Amsterdã.

Ele acrescentou que a França apoia “o status quo” em Taiwan e uma “solução pacífica” nesse conflito do Extremo Oriente.

O Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, por sua vez, criticou as “posições militares ameaçadoras” de Pequim, que incrementam “o risco de confrontos militares involuntários”.

- Paz em perigo -

A reaproximação das autoridades taiwanesas com os Estados Unidos nos últimos anos irritou Pequim. Apesar do fato de Washington e Taipé não terem relações oficiais, os Estados Unidos fornecem apoio militar substancial à ilha.

No verão passado, a China fez manobras militares sem precedentes perto de Taiwan e disparou mísseis em resposta a uma visita à ilha da democrata Nancy Pelosi, quando ela ocupava o cargo hoje de McCarthy.

Xi deu suas declarações no mesmo dia em que Estados Unidos e Filipinas iniciaram os maiores exercícios militares conjuntos de sua história.

Com esses treinamentos, os dois aliados históricos tentam reforçar sua coordenação para neutralizar a influência da China na região. A proximidade das Filipinas com Taiwan pode tornar o país um parceiro importante se a China invadir a ilha.

No início deste mês, o governo filipino anunciou a localização de quatro novas bases militares que provavelmente serão usadas pelos Estados Unidos. Uma delas fica perto do Mar da China Meridional, e outra, não muito longe de Taiwan.

A China criticou o acordo, dizendo que "põe a paz e a estabilidade regionais em risco".

O presidente da França, Emmanuel Macron, denunciou nesta sexta-feira (7) na cidade chinesa de Guangzhou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, em um encontro com estudantes, antes de uma nova reunião com o homólogo da China, Xi Jinping, para uma cerimônia de chá e um jantar.

A visita a Guangzhou encerra a viagem de Estado de três dias a China. Macron também passou pela capital Pequim e tinha como objetivo revigorar o vínculo com o país depois da pandemia de Covid-19.

O presidente francês incluiu no centro da agenda o conflito na Ucrânia e na quinta-feira afirmou a Xi Jinping que conta com ele "para trazer a Rússia à razão".

Macron chegou durante a tarde a Guangzhou, a terceira maior cidade do país, com 15 milhões de habitantes, e visitou a Universidade de Sun Yat-sen, onde era aguardado por uma multidão.

No ginásio do campus, o presidente francês denunciou a guerra russa que "coloniza" a Ucrânia, em um discurso para mil alunos.

"É um país que decidiu colonizar o vizinho, não respeitar as regras, mobilizar exércitos e invadir", afirmou.

Depois do encontro, Macron se reuniu com Xi na ilha de Shamian, centro da cidade.

Os dois participaram em uma cerimônia de chá e tinham um jantar privado agendado.

Antes de retornar a Paris, ainda nesta sexta-feira, Macron se reunirá com dois grandes investidores chineses: Tang Jiexiong, presidente do grupo Wencan, e Jiang Long, CEO da XTC New Energy Materials.

O presidente da China, Xi Jinping, enviou no domingo uma mensagem para Luiz Inácio Lula da Silva desejando a pronta melhora do presidente brasileiro. Diagnosticado com broncopneumonia bacteriana e influenza A, Lula teve de cancelar a viagem ao país asiático.

O líder chinês manifestou solidariedade ao petista e sugeriu "uma visita o mais cedo possível e em data oportuna para ambos os lados", de acordo com informações de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

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Lula cancelou a visita que faria à China por recomendações médicas. O médico Roberto Kalil, que cuida da saúde do presidente, afirmou que a recuperação de um quadro leve, como o de Lula, costuma levar, em média, sete dias.

Segundo Kalil, o cancelamento "foi mais por bom senso".

Lula se encontraria na terça com o presidente chinês. Inicialmente, o petista embarcaria para a Ásia no sábado. Após passar por exames na quinta-feira, o presidente brasileiro havia remarcado a viagem para domingo. Na manhã de sábado, cancelou a agenda internacional por completo.

O governo da China informou, em outra manifestação, que mantém contato com o governo brasileiro para o reagendamento da visita de Estado de Lula ao país. Uma possível data, em avaliação por autoridades no Brasil, seria a segunda quinzena de maio.

O Ministério das Relações Exteriores da China também se manifestou sobre a decisão de Lula de postergar a visita de Estado. "Nós compreendemos e respeitamos essa decisão", disse um porta-voz da chancelaria chinesa. "Seguiremos em contato com o lado brasileiro sobre a visita."

Pequim desejou a rápida recuperação do brasileiro. "Enviamos nossos calorosos pensamentos ao presidente Lula da Silva e desejamos-lhe uma rápida recuperação", afirmou a diplomacia chinesa.

Reuniões

A possibilidade de cancelamento da viagem preocupava diplomatas, empresários e autoridades brasileiras em Pequim. Um dia antes do embarque, o governo brasileiro divulgou nota sobre o estado de saúde de Lula. Mais de cem empresários já estavam na capital chinesa, além do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que conduzia reuniões institucionais e de trabalho antecipadamente.

Integrantes do governo e empresários do agronegócio brasileiro sugeriram que Lula viaje em maio, por volta do dia 18, para aproveitar uma feira de alimentação local, a Sial, que costuma ter a presença de Xi Jinping. Lula poderia, então, emendar a visita de Estado à China com a ida à cúpula do G-7, no Japão.

Diplomatas, no entanto, avaliam potenciais sensibilidades chinesas e a disponibilidade na agenda do presidente do país.

Fávaro confirmou a proposta da viagem em maio, mas disse que a nova data depende da China. "A gente tem que respeitar a diplomacia."

O presidente Lula (PT) fará uma viagem à China ainda este mês. Sua ida foi adiada para o domingo (26), dia que já estaria em solo chinês, devido a uma pneumonia leve com a qual foi diagnosticado nesta sexta-feira (24). A visita conta com uma mega comitiva com mais de 200 pessoas confirmadas, além de uma agenda carregada de assuntos a serem travados entre as duas nações. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, havendo fortes laços entre os países, e eles ainda fazem parte do bloco econômico que inclui Rússia, Índia e África do Sul, o BRICS.

Os laços entre Brasil e China estão para ser mais estreitados ainda no encontro de Lula com o presidente Xi Jinping, que também está no seu terceiro mandato como chefe de estado. Mas afinal, por que essa viagem está sendo tão falada? Quais as expectativas que os especialistas têm acerca da passagem da comitiva brasileira? Quais os principais benefícios que os acordos que estão para ser assinados trarão para a população brasileira? Para entender mais do assunto, o LeiaJá conversou com o cientista político Augusto Teixeira, que trouxe detalhes sobre o que se esperar da visita, e seus possíveis desdobramentos.

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Mega comitiva

Esta será a terceira ida de Lula à China enquanto presidente da República. Um destaque interessante é a quantidade de pessoas que farão parte da comitiva, que já passa de 240 empresários, além de membros do governo, como ministros, deputados, e integrantes do Itamaraty. O órgão afirmou que a viagem dos empresários na comitiva será custeada por cada um deles, sem uso de verba pública para arcar com todos os gastos. “Mas para esse grupo é extremamente importante surfar na cauda do cometa, ou seja, aproveitar a visita do presidente Lula e dos ministros de forma a abrir portas para interlocutores importantes na China e tentar abrir portas no mercado relevante, crescente e em grande medida cada vez mais rico, e que pode ansiar por produtos brasileiros a compor a pauta de consumo cada vez mais.”, ressalta Augusto Teixeira.

Em sua explicação, o cientista político analisa que o grande número de agentes presentes na viagem acaba sendo benéfico tanto para o contexto internacional, quanto para as relações com lideranças brasileiras que são oposição do PT e do presidente. Um dos exemplos é o empresário Joesley Batista, um dos sócios da JBS, que esteve envolvido em um acordo de delação premiada da investigação Lava Jato, e já chegou a acusar o Partido dos Trabalhadores de ter institucionalizado a corrupção.

“Uma parcela importante da economia que esteve do lado do ex-presidente Bolsonaro. E obviamente apoiou o presidente Bolsonaro até o último momento. Inclusive com representação no parlamento em oposição ao Lula. Então, ao trazer essas pessoas para a comitiva, o Lula, de um lado, dá um voto de confiança, estende o tapete e a possibilidade de negociação e articulação de interesses conjuntos com esse grupo. Por outro lado, pode ter aí possíveis incentivos e ganhos econômicos potencialmente relevantes para apresentar nas estatísticas do seu mandato presidencial”, observa Augusto.

Agenda relevante

Tendo em vista que a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, alguns temas relevantes serão tratados com a importância que têm. Segundo Teixeira, algumas barreiras deverão ser trabalhadas. “Os entraves dizem respeito à tentativa de desobstruir algumas opções e possibilidades de exportação de commodities agrícolas brasileiras, especialmente proteína (carne, frango) para a China, de forma a elevar o nosso volume de exportações e proteína animal para a China.”, explica o professor.

Para além das questões de agricultura, o presidente visa expandir as relações com o país em outros aspectos, por ser algo de interesse mútuo entre as nações. “A China vê o Brasil como um mercado relevante para um campo em expansão, que são os carros elétricos e as tecnologias a si associadas, tal como também investimentos em outras áreas caras ao governo na área de meio ambiente, que são as energias limpas e também em infraestrutura”, Teixeira salienta.

A estratégia do governo é, acima de tudo, se mostrar presente para o comércio internacional, apresentando todas as possibilidades de interação com o gigante asiático. Como diz o especialista, a viagem acaba sendo mais relevante para o Brasil do que para a própria China. “Caso consigamos aumentar o nosso volume de exportações de valores para a China, quer dizer que as nossas reservas em dólar, o nosso recurso em moeda estrangeira no Brasil aumenta. O que é importante como um colchão de segurança para a nossa economia. Se a China aumentar os investimentos externos diretos no Brasil, como na indústria automotiva, especialmente de carros elétricos, baterias e ferro associados, você pode ter uma expansão numa indústria emergente no mundo gerando empregos, investimentos e inclusive inovação em ciências e tecnologia no Brasil.”

Acordos

O Brasil havia sugerido a assinatura de cerca de 30 acordos entre os dois países, mas o governo chinês preferiu reduzir a lista. Entre os mais relevantes estão os termos associados ao agronegócio, exportação de commodities como soja e proteína animal, que são de interesse do país anfitrião. Ainda há uma série de acordos que os dois governos enxergam como vantajosos no campo das tecnologias. “A China não mais é uma economia de cópia, mas é uma economia que tem um setor que consegue inovar, produzir tecnologia e ter meios de alto impacto na sua economia, como por exemplo, fronteira na área da computação quântica, supercomputadores, tecnologia espacial, microprocessadores, semicondutores, entre outros aspectos, assim como tecnologias no campo das telecomunicações, como a tecnologia 5G.”, analisa Teixeira.

Dilma no NBD

Além da visita a Pequim, o presidente passará em Xangai, onde irá se reunir no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, que será presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff. A indicação foi feita por Lula logo quando ele assumiu o mandato no Brasil, e a confirmação de sua indicação foi feita nesta sexta-feira (24). Seguindo uma ordem de indicação para a presidência do banco, a última escolha havia sido do diplomata Marcos Troyjo, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

“O presidente [Lula] coloca lá alguém fortemente alinhado aos interesses do Brasil especialmente na tentativa de ter no Banco dos BRICS um importante investidor em projetos de infraestrutura e tecnologia no Brasil, e nesse sentido ter a ex-presidente Dilma na presidência do banco facilita a conexão Brasil-BRICS e recursos provenientes desse banco.”, explica o professor Augusto Teixeira.

O cientista político ainda analisa que a decisão de indicar a ex-presidente da República para um cargo executivo como esse, relativamente longe da política nacional, pode ser benéfica para o Brasil no longo prazo. “Ademais, ao ter a Dilma na China, em Xangai, você tem uma figura política controversa longe do cenário político nacional. Então de certa forma o presidente, caso tenha êxito, ele ganha de dois lados.”, finaliza.

Xi Jinping e Vladimir Putin destacaram nesta segunda-feira (20) a força de sua aliança bilateral, momentos antes do desembarque do presidente da China em Moscou para uma reunião com o homólogo da Rússia, isolado no cenário internacional após a invasão da Ucrânia.

A visita de Estado de três dias à Rússia, país com o qual a China tem importantes vínculos diplomáticos e econômicos, é a primeira do governante chinês em quase quatro anos.

"Espero trabalhar com o presidente Putin para adotar, em conjunto, uma nova visão nas relações", escreveu Xi em um artigo publicado no jornal Rossiyskaya Gazeta e também divulgado pela agência estatal chinesa Xinhua.

"É uma viagem de amizade, cooperação e paz", acrescentou o presidente chinês.

Após a participação na recente reconciliação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, a China deseja atuar na mediação do conflito entre Rússia e Ucrânia, com um apelo de diálogo entre os dois países.

Em um artigo publicado nesta segunda-feira por um jornal chinês, Putin elogia "a vontade da China de ter um papel construtivo na resolução" do conflito e afirma que "as relações Rússia-China alcançaram o ponto mais elevado".

Antes da viagem de Xi a Moscou, as autoridades ucranianas reiteraram o pedido para que a Rússia retire as tropas de seu território.

"Fórmula para o sucesso da aplicação do 'Plano de Paz' chinês. A primeira e principal cláusula é a rendição ou a retirada das forças de ocupação russas do território ucraniano", afirmou no Twitter o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksiy Danilov.

- "Padrões duplos" -

A visita de Xi acontecerá poucos dias após o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir uma ordem de detenção contra Putin devido à deportação ilegal de menores de idade ucranianos, ato considerado um crime de guerra.

Ao ser questionado sobre o tema, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que o tribunal deveria "manter uma postura objetiva e imparcial e respeitar a imunidade de jurisdição dos chefes de Estado com base no direito internacional. Também pediu ao TPI que "evite a politização e os padrões duplos".

Após o anúncio do TPI, o ex-presidente russo Dmitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional, declarou que o tribunal poderia ser alvo de um míssil russo.

"Alguém poderia muito bem imaginar um ataque de alta precisão com um míssil hipersônico russo Oniks a partir de um navio russo no Mar do Norte contra o edifício do tribunal em Haia", escreveu no Telegram o ferrenho defensor da ofensiva na Ucrânia.

A viagem do presidente chinês ajudará a reforçar a posição de Putin, que está isolado no cenário internacional e que visitou no domingo a cidade ucraniana de Mariupol, seu primeiro deslocamento a um território capturado de Kiev desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

Xi, que tomou posse para o terceiro mandato presidencial recentemente, mencionou Putin como um "velho amigo".

Pequim e Moscou se aproximaram nos últimos anos com uma aliança "sem limites", que serviu de barreira diplomática diante das potências ocidentais.

A China critica o que considera uma campanha liderada pelos Estados Unidos contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia e pediu uma mediação "imparcial" no conflito.

O Kremlin acusou o governo dos Estados Unidos de fomentar o conflito na Ucrânia.

O governo dos "Estados Unidos segue firme em suas posições, que consistem em atiçar o conflito, impor obstáculos à redução da intensidade das hostilidades e continuar fornecendo armas à Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

- "Posição objetiva e imparcial" -

Pequim apresentou em fevereiro um documento de 12 pontos para pedir o diálogo e respeito à soberania territorial de todos os países.

"Nenhum país individualmente deve ditar a ordem internacional", escreveu Xi no artigo publicado na Rússia nesta segunda-feira.

"A China sempre defendeu uma posição objetiva e imparcial baseada no teor do problema e impulsionou ativamente as negociações de paz", acrescentou.

A postura de Pequim foi criticada pelos países ocidentais, que consideram que o país oferece cobertura diplomática à guerra russa e que suas propostas não apresentam soluções práticas.

O governo dos Estados Unidos já afirmou que não apoiaria um novo pedido chinês de cessar-fogo durante a visita de Xi a Moscou.

Xi e Putin devem ter uma reunião "informal" nesta segunda-feira e um jantar antes das negociações de terça-feira, informou o conselheiro de política externa do presidente russo, Yuri Ushakov.

Também assinarão um acordo sobre o "fortalecimento da ampla associação e das relações estratégicas" dos dois países, informou o Kremlin, além de uma declaração conjunta sobre cooperação econômica até 2030.

O The Wall Street Journal informou que Xi pode estar planejando a primeira conversa por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, desde o início do conflito.

China e Arábia Saudita assinaram, nesta quinta-feira (8), contratos milionários, no segundo dia da visita do presidente chinês Xi Jinping a esta monarquia petrolífera do Golfo.

A visita foi criticada pelos Estados Unidos, tradicional aliado do reino saudita, que nos últimos anos ampliou parcerias econômicas e políticas com outros países.

Segundo a imprensa saudita, cerca de 20 acordos foram assinados no valor de mais de 110 bilhões de riais sauditas (cerca de 29,3 bilhões de dólares).

Xi Jinping, que chegou a Riade na quarta-feira, encontrou-se com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, de 38 anos, no palácio real.

Ele também se reuniu com o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, de 86 anos, que está doente.

"Estou muito feliz em visitar a Arábia Saudita novamente depois de seis anos", disse Xi em declarações transmitidas pela emissora pública CCTV.

O líder chinês vê a Arábia Saudita como "uma força importante em um mundo multipolar".

- Cúpulas na sexta-feira -

Xi Jinping e o príncipe herdeiro assistiram à assinatura de acordos energéticos sobre hidrogênio, um projeto petroquímico, outro de desenvolvimento habitacional e de ensino de chinês, noticiou a agência oficial saudita SPA.

A China é o principal consumidor de petróleo bruto da Arábia Saudita.

Além da energia, os dois países discutem acordos para que empresas chinesas participem de megaprojetos com os quais o príncipe herdeiro pretende diversificar a economia saudita e reduzir a sua dependência do petróleo.

Na quarta-feira, empresas sauditas e chinesas assinaram 34 acordos de investimento nos setores de hidrogênio verde, tecnologia da informação, computação em nuvem, transporte e construção, segundo a SPA, que não divulgou valores.

O comércio entre os dois países totalizou 304 bilhões de riais sauditas (US$ 81 bilhões) em 2021 e 103 bilhões de riais sauditas (US$ 27,4 bilhões) no terceiro trimestre de 2022, de acordo com a SPA.

O presidente chinês participará de mais duas cúpulas na sexta-feira, uma com os líderes dos seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) e outra com líderes dos países árabes.

Xi Jinping se encontrará com chefes de Estado como o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi; o primeiro-ministro iraquiano Mohammed Shia' al-Sudani; o presidente da Tunísia, Kais Saied; o primeiro-ministro marroquino, Aziz Akhannouch, e o primeiro-ministro interino libanês, Najib Mikati.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chefe de Estado da China, Xi Jinping, se reúnem nesta segunda-feira (14) em Bali para abordar suas muitas divergências e estabelecer "salvaguardas" a sua rivalidade antes da cúpula de líderes mundiais do G20.

O primeiro encontro presencial de Biden e Xi com ambos na presidência marcará o tom da reunião de cúpula, afetada de maneira antecipada pelas tensões geopolíticas, em particular as vinculadas à guerra na Ucrânia.

As divergências entre as duas maiores economias do planeta aumentaram nos últimos três anos: da concorrência comercial às polêmicas sobre a origem da pandemia de covid, passando pelas críticas aos direitos humanos na China ou a respeito do status de Taiwan.

Com as duas potências disputando influência política, econômica e militar no Pacífico, onde uma corrida armamentista acontece há vários anos, Biden quer estabelecer as "linhas vermelhas" na rivalidade.

O objetivo final é estabelecer "salvaguardas" e esclarecer as "regras ao longo do caminho". "Fazemos tudo isto para evitar que a concorrência vire um conflito", disse um alto funcionário da Casa Branca.

A delegação americana deseja convencer Pequim a pelo menos controlar a Coreia do Norte, após os vários lançamentos de mísseis este ano e os temores de um teste nuclear.

Xi, que adotou uma política externa mais agressiva, chega ao encontro de cúpula fortalecido depois de ter sido eleito para um histórico terceiro mandato e provavelmente com pouco incentivo para ajudar seu principal rival.

O presidente chinês chegou a Bali duas horas e meia antes da reunião, a sua segunda viagem ao exterior desde o início da pandemia.

O governo chinês afirmou que espera que o encontro entre Xi e Biden volte a colocar as relações "no caminho certo".

"Esperamos que os Estados Unidos trabalhem em conjunto com a China, mantendo de maneira apropriada as diferenças sob controle, promovendo uma cooperação mutuamente benéfica e evitando mal-entendidos e erros de julgamento, para levar as relações EUA-China de volta ao caminho certo, para um desenvolvimento estável e saudável", disse a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, à AFP.

Na agenda de Xi Jinping também estão reuniões com os presidentes da França, Emmanuel Macron, da Argentina, Alberto Fernández, e com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese.

- A sombra de Ucrânia -

O encontro bilateral pode ofuscar o início de uma reunião marcada pela guerra na Ucrânia, apesar dos esforços da Indonésia para tratar de questões como a cooperação econômica ou mudança climática.

O conflito não está oficialmente na agenda, mas suas consequências são difíceis de ignorar: aumento expressivo dos preços dos alimentos, encarecimento da energia, desaceleração da recuperação econômica após a pandemia e temores de recessão.

Com até 17 chefes de Estado e de Governo presentes na ilha paradisíaca da Indonésia, o grande ausente na mesa será o presidente russo, Vladimir Putin.

A Rússia será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que afirmou rejeitar a "politização do G20, a introdução de questões não relacionadas e que deliberadamente provocam conflitos nas discussões".

Em uma aparente mensagem a Moscou, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, defendeu em Bali que a melhor coisa para a economia mundial é "acabar com a guerra da Rússia".

Em uma tentativa de permanecer neutra no conflito, a Indonésia driblou as pressões ocidentais para afastar Putin do evento, mas, ao mesmo tempo, convidou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que discursará por vídeo.

A reunião oficial acontecerá na terça-feira e quarta-feira, com três sessões de trabalho, concentradas na segurança alimentar e energética, saúde transformação digital.

Depois de várias reuniões prévias sem qualquer acordo pelas tensões geopolíticas, analistas consideram difícil que a reunião divulgue uma declaração conjunta dos líderes do bloco, que representa mais de 80% do PIB mundial.

O principal acordo anunciado antes do encontro é a criação de um fundo de 1,4 bilhão de dólares para a preparação a futuras pandemias, algo que a Indonésia, país anfitrião, considera insuficiente.

Quando Xi Jinping chegou ao poder em 2012, alguns previram que ele seria o líder mais liberal do Partido Comunista Chinês por causa de seu perfil discreto e histórico familiar. Dez anos depois, a realidade é bem diferente.

Depois de assegurar neste domingo (23) o terceiro mandato à frente do partido, e portanto do país, e de estabelecer-se como o líder mais poderoso desde Mao Tsé Tung, Xi demonstrou uma ambição implacável, intolerância à dissidência e um desejo de controle que se infiltrou em quase todos os aspectos da vida cotidiana na China.

Conhecido a princípio como marido de uma cantora popular, ele emergiu como um líder de aparente carisma e uma narrativa política hábil que criou um culto pessoal não visto desde os dias de Mao.

Mas pouco se sabe sobre sua pessoa ou impulsos.

"Eu contesto a visão convencional de que Xi Jinping busca o poder pelo poder", comentou à AFP Alfred L. Chan, autor de um livro sobre sua vida. "Eu diria que ele anseia pelo poder como instrumento para cumprir sua visão".

"Ele realmente tem uma visão para a China. Quer ver a China como o país mais poderoso do mundo", disse outro biógrafo, Adrian Geiges.

Nessa visão que ele chama de "sonho chinês" ou "o grande rejuvenescimento da nação chinesa", o Partido Comunista (PCC) desempenha um papel central.

"Xi é um homem de fé. Para ele, Deus é o Partido Comunista", escreveu Kerry Brown em seu livro "Xi: A Study in Power". "O maior erro que o resto do mundo comete sobre Xi é não levar sua fé a sério".

- "Traumatizados" -

Embora sua família integrasse a elite do partido, Xi não parecia destinado a esta posição. Seu pai, Xi Zhongxun, um herói revolucionário que se tornou vice-primeiro-ministro, foi alvo de expurgo durante a Revolução Cultural de Mao.

"Xi e sua família ficaram traumatizados", diz Chan.

De um dia para o outro, o agora presidente perdeu seu status. Uma de suas meias-irmãs cometeu suicídio por causa das perseguições.

Xi foi condenado ao ostracismo por seus colegas de classe, uma experiência que, segundo o cientista político David Shambaugh, contribuiu para "um distanciamento emocional e psicológico e para sua autonomia desde muito jovem".

Aos 15 anos, ele foi enviado para o centro da China, onde passou anos carregando grãos e dormindo em cavernas. "A intensidade do trabalho me impactou", reconheceu.

Também participou de sessões em que teve que denunciar seu próprio pai, como explicou em 1992 ao The Washington Post. "Mesmo que você não entenda, eles te obrigam a entender (...) Isso faz você amadurecer mais cedo", comentou.

Para o biógrafo Chan, essas experiências lhe deram "dureza".

"Tem noção da arbitrariedade do poder, por isso enfatiza a governança baseada na lei", aponta.

- De baixo -

A caverna onde Xi dormia foi transformada em atração turística para mostrar sua preocupação com os mais pobres.

Em uma visita da AFP em 2016, um morador local o descreveu como uma figura quase lendária, que lia muitos livros entre os intervalos do trabalho intenso. "Você podia ver que ele não era um homem comum".

Mas o caminho não foi tranquilo para Xi. Antes de ingressar no PCC, seu pedido foi rejeitado várias vezes devido ao legado familiar.

E então ele começou em um "nível muito baixo" como líder do partido em um vilarejo em 1974, observa Geiges. "Ele trabalhou muito sistematicamente" e tornou-se governador regional de Fujian em 1999, líder provincial do partido em Zhejiang em 2002 e depois em Xangai em 2007.

Enquanto isso, seu pai foi reabilitado na década de 1970 após a morte de Mao, o que fortaleceu sua posição.

Na vida pessoal, Xi se divorciou de sua primeira esposa para se casar em 1987 com a popular soprano Peng Liyuan, então mais conhecida que ele.

Para Cai Xia, ex-líder do PCC e agora exilada nos Estados Unidos, Xi "sofre de um complexo de inferioridade, sabendo que teve pouca educação formal em comparação com outros líderes do partido".

É por isso que ele é "teimoso e ditatorial", escreveu em um artigo recente na Foreign Affairs.

- Lições da URSS -

Mas Xi sempre se considerou "herdeiro da revolução", diz Chan.

Em 2007 ele foi nomeado para o Comitê Permanente do Politburo, o principal órgão de decisão da China. E cinco anos depois ele subiu ao topo, substituindo o presidente Hu Jintao.

Seu currículo não prenunciava o que viria a seguir: repressão a movimentos civis, mídia independente e liberdades acadêmicas, supostos abusos de direitos humanos na região de Xinjiang ou uma política externa muito mais agressiva que a de seu antecessor.

Sem acesso a Xi ou a seu círculo íntimo, os estudiosos procuram em seus primeiros textos pistas sobre suas motivações.

A importância central do partido e sua missão "de tornar a China um grande país é evidente desde os primeiros registros de Xi", diz Brown.

A narrativa de uma China em ascensão teve um grande efeito sobre a população, usando o nacionalismo a seu favor para legitimar o partido entre a população.

Mas o medo de perder o poder também é evidente.

"A queda da União Soviética e do socialismo no Leste Europeu foi um grande choque" para Xi, opina Geiges.

E sua conclusão é que o colapso aconteceu por causa da abertura política. "Ele decidiu que algo assim não deve acontecer na China (...) Por isso defende uma liderança forte do Partido Comunista, com um líder forte", acrescenta.

O presidente chinês, Xi Jinping, obteve neste domingo (23) um terceiro mandato e promoveu alguns de seus aliados mais próximos no Partido Comunista da China (PCC), o que consolida sua posição como o líder mais influente do país desde Mao Tsé-Tung.

Xi foi eleito novamente como secretário-geral do Partido Comunista, informou a agência estatal Xinhua, o que inclina o país de volta a um governo de um homem só, após décadas de poder compartilhado entre a elite do partido.

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"Quero agradecer sinceramente a todo o partido pela confiança que depositaram em nós", afirmou à imprensa no Grande Salão do Povo de Pequim após o anúncio da votação a portas fechadas.

Xi prometeu "trabalhar com diligência no cumprimento de nossos deveres e provar o valor da grande confiança em nosso partido e nosso povo".

Xi também foi designado novamente o comandante da Comissão Central Militar da China.

Com as nomeações, o líder de 69 anos tem praticamente assegurada a designação como presidente da China para um terceiro mandato, o que será anunciado formalmente durante as sessões legislativas anuais de março.

A eleição de Xi como secretário-geral encerrou o congresso do Partido Comunista, celebrado em Pequim ao longo da última semana, que também aprovou uma profunda reformulação da cúpula de poder com a renúncia de vários rivais de Xi.

O XX Congresso do Partido Comunista da China definiu um novo Comitê Central de quase 200 membros, que escolheram Xi e os demais integrantes do Comitê Permanente, principal organismo do poder político chinês.

Alguns aliados próximos de Xi foram anunciados como novos integrantes do Comitê Permanente, que tem sete membros.

Li Qing, ex-líder do partido em Xangai, confidente de Xi, subiu para o posto número dois, o que pode fazer com que seja nomeado primeiro-ministro nas sessões legislativas de março.

- Sem mulheres -

"Xi colocou seus aliados nas sete cadeiras do principal organismo de decisão do Partido Comunista, o que permitirá que domine o sistema político no futuro previsível", afirmou Neil Thomas, especialista em China do Eurasia Group.

O Comitê Central também escolheu os integrantes do Politburo, que desta vez terá 24 membros, segundo a lista divulgada neste domingo. Pela primeira vez em 25 anos, este grupo não terá a presença de nenhuma mulher.

Sun Chunlan, a única mulher no Politburo anterior, se aposentou e nenhuma outra representante foi designada.

Desde que chegou ao poder há uma década, Xi Jingping acumula poder como nenhum outro governante na história moderna da China, com exceção de Mao.

Em 2018, ele conseguiu eliminar o limite de dois mandatos presidenciais, o que abriu o caminho para que governo o país por tempo indeterminado.

Também liderou a ascensão da China como a segunda maior economia do planeta, estimulou uma grande expansão militar e uma postura internacional agressiva que gerou forte oposição dos Estados Unidos.

"Depois de mais de 40 anos de esforços incansáveis de reformas e abertura, nós criamos dois milagres: rápido desenvolvimento econômico e estabilidade social de longo prazo", afirmou Xi.

"A China não pode se desenvolver sem o mundo e o mundo também precisa da China", insistiu.

Xi enfrentará grandes desafios em seu terceiro mandato de cinco anos, incluindo a gestão de uma economia endividada e a crescente rivalidade com os Estados Unidos.

Após sua reeleição, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas "mais calorosas felicitações" e disse que estava "feliz" para prosseguir o "diálogo construtivo e o trabalho comum próximo".

O dirigente norte-coreano Kim Jong Un disse que espera um "bom futuro" nas relações bilaterais.

- Hu Jintao retirado do evento -

A votação deste domingo encerrou uma semana em que a cúpula do poder chinês exaltou sua própria liderança nos últimos cinco anos.

Analistas acompanharam com atenção para saber se a Carta do partido seria alterada para consagrar o "Pensamento de Xi Jinping" como filosofia de orientação, algo que colocaria Xi no mesmo nível de Mao.

Isto não aconteceu, embora a resolução tenha classificado o credo como "o marxismo da China contemporânea e do século XXI", acrescentando que "encarna a melhor cultura e a ética desta época".

Em uma ação inesperada no Grande Salão do Povo, o ex-presidente Hu Jintao foi retirado no sábado da cerimônia de encerramento do congresso.

O ex-líder de 79 anos pareceu resistir a deixar sua cadeira na primeira fila, onde estava sentado ao lado de Xi.

A imprensa estatal informou que Hu insistiu em participar do evento apesar de não estar bem de saúde.

"Como não se sentiu bem durante a sessão, sua equipe, por sua saúde, o acompanhou até uma sala anexa para repouso. Ele está muito melhor agora", afirmou a agência oficial de notícias Xinhua.

O presidente chinês, Xi Jinping, deve obter, sem maiores dificuldades, um terceiro inédito mandato em 23 de outubro, um dia depois do encerramento do Congresso do Partido Comunista, cuja data foi anunciada neste sábado (15).

O 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que começa no domingo (16) em Pequim, vai durar até 22 de outubro, anunciou hoje o porta-voz do evento, Sun Yeli.

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O grande encontro quinquenal da vida política chinesa pretende conceder ao presidente Xi um terceiro mandato de cinco anos à frente da organização política e do país.

No dia seguinte ao encerramento, ou seja, em 23 de outubro, será revelada a composição do novo Comitê Permanente do Politburo, o grupo de sete, ou nove, personalidades que encarna a cúpula do poder, incluindo o secretário-geral do PCC - hoje, Xi Jinping.

No total, cerca de 2.300 delegados, eleitos pelas diferentes assembleias do partido único, vão-se reunir a portas fechadas após a cerimônia de abertura, amanhã, na capital do país, no Palácio do Povo.

Xi Jinping, de 69 anos, fará um balanço dos últimos cinco anos e comunicará seu plano para os próximos cinco anos, em um discurso transmitido pela televisão.

O congresso, o 20º desde a criação do PCC em 1921, deve dar lugar a uma grande reconfiguração do Comitê Permanente do Politburo. Segundo a tradição não escrita, uma parte de seus membros atuais atingiu a idade em que devem se aposentar.

- Bolha sanitária para jornalistas -

Para cobrir o evento, os jornalistas foram obrigados a permanecer em uma "bolha sanitária" desde sexta-feira (14), como parte das rigorosas medidas vinculadas à política de zero covid no país.

Os repórteres estão isolados em um hotel, no oeste de Pequim, e devem passar por uma série de testes.

A coletiva de imprensa de apresentação deste sábado aconteceu em frente a dois telões. Durante a videoconferência de duas horas, o porta-voz do congresso respondeu a perguntas da imprensa chinesa e estrangeira. Não houve perguntas sobre Xi Jinping.

"A epidemia continua aí, é uma realidade que deve ser enfrentada", disse o porta-voz do congresso, ao ser questionado sobre o futuro da política de covid zero, que causou estragos na economia chinesa.

No congresso que começa amanhã, também será renovada a Comissão Militar Central. De 11 membros, ela é fundamental, porque controla o Exército. A temida Comissão Central de Controle Disciplinar, que persegue acusações de corrupção, também será renovada.

As decisões mais importantes são, na verdade, tomadas antes do Congresso entre as principais autoridades do país, que tentam chegar, antecipadamente, a um acordo sobre a distribuição dos cargos do Politburo entre as diferentes facções do partido.

Como costuma acontecer em sistemas de tipo socialista, o partido prevalece sobre o Estado. Por isso, Xi Jinping deve seu poder a seu cargo de secretário-geral do PCC, assumido em 2012, e não tanto à sua eleição como presidente pela Assembleia Popular Nacional, em 2013.

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