Xi Jinping pede que exército se prepare para combate real
O presidente chinês deu suas declarações no mesmo dia em que Estados Unidos e Filipinas iniciaram os maiores exercícios militares conjuntos de sua história
Em plena tensão com Taiwan, o presidente chinês, Xi Jinping, encorajou o exército a se preparar para o "combate real", dias após ter ensaiado um cerco à ilha autogovernada.
O exército deve "defender com determinação a soberania territorial e os interesses marítimos da China, além de se esforçar para proteger a estabilidade periférica em geral", disse Xi ao visitar uma base naval no sul do país, embora sem mencionar explicitamente Taiwan, segundo declarações transmitidas nesta quarta-feira (12) pelo canal CCTV.
Xi Jinping também chamou as forças armadas a "reforçar o treinamento militar orientado para o combate real".
O governante fez estas declarações na terça-feira, depois que o exército chinês realizou três dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, nos quais ensaiou um cerco à ilha de governo autônomo e democrático.
Pequim considera Taiwan como uma província que ainda não conseguiu incorporar ao seu território e não renuncia a tomá-la, inclusive pela força, se necessário.
China e Taiwan estão divididos desde que em 1949 os comunistas ganharam a guerra civil no continente, o que obrigou os nacionalistas do Kuomintang a se refugiarem na ilha.
A política externa de Pequim se baseia no princípio de "uma só China" e, dessa forma, os países com os quais mantém relações diplomáticas não podem ao mesmo tempo ter vínculos com Taipé.
Portanto, o governo chinês considerou uma provocação a reunião na semana passada, na Califórnia, entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Em resposta, e para pressionar Taiwan, o exército chinês organizou seus exercícios militares, que incluíram a mobilização de navios de guerra e aviões de combate. Os comentários de Xi Jinping foram os primeiros feitos em público após essas manobras.
- Macron se reafirma -
O presidente da França, Emmanuel Macron, visitou a China antes do início desses exercícios militares e, em declarações à imprensa publicadas no domingo, marcou distância com Washington, principal aliado militar da ilha.
Os europeus, defendeu, não devem ser “seguidores” dos Estados Unidos nesse assunto, mas tampouco do gigante asiático.
Macron recebeu críticas nos Estados Unidos por seu posicionamento, reafirmado por ele nesta quarta durante uma visita aos Países Baixos.
“Ser um aliado [dos EUA] não significa ser um vassalo. Ser aliado (...) não significa que não tenhamos direito a pensar por nós mesmos”, declarou o presidente em Amsterdã.
Ele acrescentou que a França apoia “o status quo” em Taiwan e uma “solução pacífica” nesse conflito do Extremo Oriente.
O Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, por sua vez, criticou as “posições militares ameaçadoras” de Pequim, que incrementam “o risco de confrontos militares involuntários”.
- Paz em perigo -
A reaproximação das autoridades taiwanesas com os Estados Unidos nos últimos anos irritou Pequim. Apesar do fato de Washington e Taipé não terem relações oficiais, os Estados Unidos fornecem apoio militar substancial à ilha.
No verão passado, a China fez manobras militares sem precedentes perto de Taiwan e disparou mísseis em resposta a uma visita à ilha da democrata Nancy Pelosi, quando ela ocupava o cargo hoje de McCarthy.
Xi deu suas declarações no mesmo dia em que Estados Unidos e Filipinas iniciaram os maiores exercícios militares conjuntos de sua história.
Com esses treinamentos, os dois aliados históricos tentam reforçar sua coordenação para neutralizar a influência da China na região. A proximidade das Filipinas com Taiwan pode tornar o país um parceiro importante se a China invadir a ilha.
No início deste mês, o governo filipino anunciou a localização de quatro novas bases militares que provavelmente serão usadas pelos Estados Unidos. Uma delas fica perto do Mar da China Meridional, e outra, não muito longe de Taiwan.
A China criticou o acordo, dizendo que "põe a paz e a estabilidade regionais em risco".