Bem-vindo a Tel Aviv, a cidade mais cara do mundo
A capital cultural e econômica de Israel é hoje mais cara do que Paris, Cingapura, Zurique, Hong Kong e Nova York, segundo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit
O músico israelense Shir Meir vive em um quarto de pensão em Tel Aviv com três amigos, compartilhando uma cozinha e banheiro com outras pessoas na cidade mais cara do mundo.
"Chegamos a um ponto de desespero com os preços de moradia", disse o jovem de 22 anos.
“Não existem apartamentos normais para jovens que começam a vida nesta cidade”, acrescentou.
Meir está entre quase meio milhão de residentes da cidade costeira que sofrem com o alto custo de vida.
A capital cultural e econômica de Israel é hoje mais cara do que Paris, Cingapura, Zurique, Hong Kong e Nova York, segundo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit.
Ele subiu na lista em parte devido à valorização da moeda israelense, o shekel, em relação ao dólar, além dos preços do transporte e alimentos.
Damasco, capital da vizinha Síria, é listada como a cidade mais barata para se viver.
Em 2011, jovens israelenses indignados com o forte aumento nos aluguéis acamparam no sofisticado Rothschild Boulevard, no coração da cidade. Uma década depois, os preços altos continuam.
"O protesto teve um efeito temporário", disse Asher Blass, ex-economista-chefe do Banco de Israel. Para ele, a classificação de Tel Aviv este ano se deve principalmente à valorização da moeda local. Em outubro, o shekel atingiu seu nível mais alto em relação ao dólar em 25 anos.
Embora o custo da habitação e dos produtos básicos tenha aumentado, o crescimento dos salários tem sido desigual. "Muito mais precisa ser feito para abrir a concorrência em bens como os produtos agrícolas" para baixar os preços, disse Blass.
- "Boa aposta" -
Obviamente, há quem se beneficie do alto custo de vida em Tel Aviv.
Na Rothschild Real Estate, que atende principalmente estrangeiros e israelenses abastados do setor de tecnologia, o coproprietário Eyal Furmansky disse que os preços das casas de alto padrão aumentaram 10% no ano passado.
"Onde quer que você coloque suas fichas, é uma boa aposta", disse ele.
Furmansky observou que seus clientes estão mais preocupados com o shekel forte do que com o custo de produtos básicos.
"Pessoas do Reino Unido, dos Estados Unidos, da Europa sentem que é mais difícil para elas fazerem compras", disse ele. Mas "só existe uma Tel Aviv e nesta cidade existem lugares muito específicos onde as pessoas querem viver", acrescentou.
Para alguns, a atração de Tel Aviv com seus preços excessivos está começando a se dissipar.
Em um mercado no centro da cidade, a estudante Aimy Schefner disse que a comida é mais cara do que em sua cidade natal, Haifa. A aspirante a atriz de 26 anos disse que viver em Tel Aviv é como um investimento temporário, semelhante a uma "viagem ao exterior". “É por um tempo, não é para toda a vida”, disse ela.