Paquistão: pelo menos dois mortos e 22 feridos em explosão
O ataque teve como alvo funcionários de um banco no distrito comercial de Anarkali, informou o Exército Nacional Balúchi (BNA), reivindicando a responsabilidade no Twitter
Pelo menos duas pessoas morreram e 22 ficaram feridas nesta quinta-feira (20) na explosão de uma bomba em um bairro comercial de Lahore (leste), a segunda maior cidade do Paquistão, num atentado reivindicado por separatistas do Baluchistão.
"As investigações iniciais indicam que a explosão foi causada por um dispositivo equipado com um temporizador e colocado em uma motocicleta", disse à AFP Rana Arif, porta-voz da polícia de Lahore.
A polícia local e uma fonte médica informaram que duas pessoas morreram, uma delas um menino de 9 anos, e que 22 ficaram feridas na explosão no bairro de Anarkali.
O ataque teve como alvo funcionários de um banco no distrito comercial de Anarkali, informou o Exército Nacional Balúchi (BNA), reivindicando a responsabilidade no Twitter.
O BNA é um movimento separatista balúchi recentemente formado após a união de dois grupos mais antigos.
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, expressou seu pesar pela "perda de preciosas vidas humanas", segundo um de seus porta-vozes.
O Baluchistão (sudoeste) é a província mais pobre do Paquistão e é propensa à violência étnica, sectária e separatista.
É rica em hidrocarbonetos e minerais, mas sua população - cerca de 7 milhões de habitantes - reclama de ser marginalizada e espoliada de seus recursos naturais.
Foi abalada intermitentemente por décadas por uma rebelião separatista. Grupos jihadistas também operam ali.
É no Baluchistão onde estão os principais canteiros de obras do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), pelo qual a China deve gastar mais de 50 bilhões de dólares, incluindo seu carro-chefe, o porto em águas profundas de Gwadar.
Esses projetos chineses provocam forte ressentimento na província, especialmente com grupos separatistas, que acreditam que a população local não se beneficia deles, com a maioria dos empregos indo para trabalhadores chineses.
Em maio de 2019, um hotel de luxo com vista para o porto de Gwadar foi atacado, matando pelo menos oito pessoas. Seis meses antes, um ataque ao consulado chinês em Karachi, a maior cidade do Paquistão e sua capital econômica e financeira, matou pelo menos quatro pessoas.
E em junho de 2020, foi a Bolsa de Valores de Karachi, de propriedade parcial de empresas chinesas, que foi alvo (pelo menos 4 mortos).
Esses ataques foram reivindicados pelo Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), que se justificou evocando o controle dos recursos locais por Islamabad e China.
Há algumas semanas, o Paquistão também enfrenta um ressurgimento do grupo Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), o Talibã paquistanês.
O TTP, um movimento separado da nova liderança afegã, assumiu a responsabilidade por vários ataques desde o início da semana, incluindo o ataque de segunda-feira a um posto policial em Islamabad, no qual um policial foi morto e dois feridos.
Tais incidentes são raros na capital, que está sob forte vigilância policial devido à presença de dezenas de embaixadas estrangeiras e onde a segurança melhorou nos últimos anos.
O ministro do Interior paquistanês, Sheikh Rashid Ahmed, alertou na terça-feira contra a possibilidade de novos ataques.
"É um sinal de que as atividades terroristas começaram em Islamabad", disse ele a repórteres.
"Este é o primeiro ataque terrorista em 2022 e devemos estar vigilantes".
O governo paquistanês havia acordado uma trégua de um mês com o TTP no final do ano passado, mas esse cessar-fogo terminou em 9 de dezembro, pois não houve progresso nas negociações de paz.