Metade da China enfrenta seca e onda de calor recorde
Um gráfico do Centro Nacional do Clima mostrou na quarta-feira (24) que amplas áreas do sul da China, incluindo partes do Tibete, estavam em condições de seca de 'grave' a 'extraordinária'
Metade do território da China enfrenta uma seca, incluindo áreas do normalmente gélido planalto do Tibete, de acordo com os dados oficiais, em meio a uma onda calor sem precedentes no país.
Um gráfico do Centro Nacional do Clima mostrou na quarta-feira (24) que amplas áreas do sul da China, incluindo partes do Tibete, estavam em condições de seca de "grave" a "extraordinária".
A área mais afetada, a bacia do rio Yangtze, que vai da província de Sichuan (sudoeste) até Xangai (costa leste), tem quase 370 milhões de habitantes e abriga grandes centros industriais, como a megacidade de Chongqing.
A segunda maior economia do planeta foi muito afetada recentemente por temperaturas recorde, inundações e secas, fenômenos extremos que os cientistas afirmam que serão cada vez mais intensos e frequentes devido à mudança climática.
O sul da China enfrenta a onda de calor mais prolongada desde o início dos registros de dados meteorológicos há mais de 60 anos, informou esta semana o ministério da Agricultura.
Os cientistas afirmam que a intensidade, extensão e duração desta onda de calor podem transformá-la em uma das mais graves do mundo.
A Administração Meteorológica da China prevê que as temperaturas devem prosseguir acima de 40 graus Celsius nas próximas 24 horas em Chongqing e nas províncias de Sichuan, Jiangxi e Zhejiang.
Em Sichuan, o termômetro atingiu a temperatura recorde de 43,9 graus na quarta-feira, segundo serviço meteorológico provincial.
- Pressão alimentar -
Algumas regiões tiveram um alívio no calor. Partes do sudoeste de Sichuan registraram fortes chuvas durante a noite, o que obrigou a retirada de quase 30.000 moradores da área, segundo o canal estatal CCTV.
No sudeste do país, o tufão Ma-on tocou o solo na manhã desta quinta-feira na província de Guangdong e em Hong Kong.
O Conselho de Estado da China anunciou subsídios de 10 bilhões de yuanes (1,45 bilhão de dólares) para ajudar os produtores de arroz afetados pela seca que, segundo as autoridades, representa uma "grave ameaça" para a colheita de outono (hemisfério norte, primavera no Brasil).
A China produz mais de 95% do arroz, trigo e milho que consome, mas uma queda na colheita pode levar o país a recorrer às importações e aumentar a pressão em um mercado global já tenso pela guerra na Ucrânia.
As autoridades defenderam "garantir água potável para a população e garantir água para a irrigação agrícola".
A rede CCTV exibiu na quarta-feira imagens de um serviço de carros-pipa para moradores e agricultores nas zonas rurais de Sichuan e Chongqing.
Além disso, estas regiões enfrentam desde a semana passada com incêndios florestais, exacerbados pelas temperaturas elevadas e a falta de água.
Os fazendeiros também foram afetados. As autoridades de Chongqing prometeram medidas de emergência para proteger as fazendas de porcos.
Um vídeo que mostra uma mulher de Sichuan chorando porque todas as suas galinhas morreram devido ao calor e os apagões viralizou nas redes sociais.
Temperaturas de até 45ºC levaram diversas províncias a restringir o fornecimento de energia às fábricas para garantir o serviço aos moradores, cuja demanda disparou com o uso do ar acondicionado.
Além disso, a redução do leito do rio Yangtze afeta a produção de barragens hidrelétricas.
Em partes de Sichuan e Chongqing, os moradores começaram a dormir em estacionamentos e estações do metrô em busca de temperaturas mais amenas.