Shein é denunciada por trabalho análogo à escravidão
Os trabalhadores recebiam aproximadamente 4 centavos de dólar por peça fabricada
Uma investigação da emissora britânica Canal 4 acusou a varejista de roupas online, Shein, de pagar menos de um centavo por peça produzida pelos funcionários das empresas fornecedoras do site. Uma repórter da emissora se disfarçou de candidata a uma vaga e filmou duas fábricas que fornecem roupas para a empresa na cidade de Guangzhou, na China.
Em uma das fábricas, os trabalhadores recebiam aproximadamente 4 centavos de dólar, cerca de R$0,21 por peça produzida. Já na outra unidade, os funcionários têm um salário-base de 4 mil yuans por mês, aproximadamente R$2.946,557, se produzirem 500 peças de roupa por dia. O pagamento do primeiro mês de trabalho é retido pela empresa, de acordo com o site The Cut.
A repórter foi informada pelos gerentes das fábricas, em conversa, que os trabalhadores das duas unidades trabalhavam até 18 horas por dia, sem horário de turno definido, e tinham somente um dia de folga por mês. Além disso, os trabalhadores também eram penalizados em ⅔ do salário diário em caso de erro na produção das peças.
As condições de trabalho descritas no documentário da emissora britânica violam às leis trabalhistas chinesas. A localização exata das fábricas não foi divulgada para proteger a repórter que registrou as situações e também a sua equipe.
De acordo com o documentário, a Shein pratica uma espécie de “cultura de roubo de design” ao “rastrear as mídias sociais em busca de tendências emergentes, transformando-as em designs que eles encomendam em pequenos lotes de uma rede de milhares de fábricas em Guangzhou”.
Em resposta, a Shein declarou estar preocupada com as denúncias. “Estamos extremamente preocupados com as reclamações apresentadas pelo Canal 4, que violariam o Código de Conduta acordado por todos os fornecedores da Shein. Qualquer não-conformidade com este código é tratada rapidamente e encerraremos parcerias que não atendam aos nossos padrões. Solicitamos informações específicas do Canal 4 para que possamos investigar”, disse.
Ainda na nota, a varejista informou que os padrões impõem aos fornecedores um código de conduta baseado em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e leis e regulamentos locais, incluindo práticas trabalhistas e condições de trabalho.