IBGE: Extrema pobreza em Pernambuco bate recorde em 2021

Índice foi o segundo maior do país, atrás apenas do Maranhão

por Vitória Silva sab, 03/12/2022 - 12:55
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Idoso pedindo ajuda em semáforo no Recife Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

Em 2021, 18,7% dos pernambucanos viveram com cerca de R$ 171 por mês, o que se encaixa no parâmetro de extrema pobreza do Banco Mundial. O percentual equivale a aproximadamente 1,8 milhão de pessoas e é o segundo maior de todo o Brasil, estando atrás, apenas, do estado do Maranhão. A informação foi divulgada pelo IBGE nessa sexta-feira (2), através da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2021. 

O rendimento médio domiciliar per capita também foi o maior desde 2012. Apesar do valor ser quase cinco vezes maior que o obtido pelo grupo da extrema pobreza, o pernambucano médio sobreviveu, no ano passado, com cerca de R$ 828. No recorte por gênero, homens ganharam mais, com R$ 871 frente a R$ 807 das mulheres. Já no recorte de raça, a diferença aumentou: R$ 1.184 para brancos e R$ 676 para pretos ou pardos.  

Além disso, 51% da população do estado, ou 4,9 milhões de pessoas, está abaixo da linha da pobreza, delimitada por rendimentos de até US$ 5,5 por dia, ou seja, R$ 495 por mês. Este percentual está atrás apenas dos estados do Maranhão e Alagoas. A pesquisa estima que, se não houvesse nenhum tipo de benefícios sociais, 25,5% dos pernambucanos viveriam na extrema pobreza e 55% da população viveria na pobreza. 

Entre os 40% de pessoas com menores rendimentos, o rendimento domiciliar médio per capita é de R$ 188, o segundo menor do país, mais uma vez, atrás apenas do Maranhão. Já os 10% da população com maiores rendimentos recebem, em média, R$ 3.943. Isso significa que o percentual de população com maiores rendimentos recebe 21 vezes mais do que o percentual de população com menores rendimentos. 

Concentração de renda 

Em 2021, Pernambuco voltou a ter a terceira maior concentração de renda do Brasil, de 0,579, atrás apenas de Roraima (0,596) e Rio Grande do Norte (0,587). O estado teve o maior indicador desde 2012, quando a pesquisa passou a usar os dados da PNAD Contínua. Já a média nacional foi de 0,544, a mesma do ano anterior. 

O Recife, por sua vez, foi a segunda capital mais desigual do país em 2021, com índice de Gini de 0,606, atrás apenas de Aracaju (0,618). Em 2020, a cidade ocupou a quarta posição e, em 2019, a capital pernambucana havia alcançado o maior índice. A Síntese de Indicadores Sociais estima que, sem benefícios de programas sociais ou governamentais, o Índice de Gini em Pernambuco e no Recife pularia para 0,627 e 0,634, respectivamente. 

Desemprego 

De acordo com a pesquisa, a taxa de desocupação em Pernambuco aumentou em 2021, chegando a 20,2%. É o terceiro maior índice do país, superado apenas pela Bahia (21,3%) e por Sergipe (20,6%). Em números absolutos, 830 mil pessoas procuraram emprego em algum momento do ano passado e não encontraram. Em 2020, o mesmo índice havia sido de 17,1%. 

No recorte por sexo, a desocupação entre as mulheres foi ainda maior, alcançando 25% no período, enquanto, para os homens, o índice era de 16,9%. Por cor ou raça, a taxa de desocupação entre os brancos foi de 18,6%. Entre os pretos e pardos, o percentual aumenta para 21,1%.  

A SIS também mostra o quanto os jovens sofreram com o desemprego no estado em 2021: a taxa de desocupação foi de 32,1% entre a população de 14 a 29 anos, contra 17% para a faixa de 30 a 49 anos e 8,7% para os trabalhadores de 50 anos ou mais. 

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