Japão vai lançar ao mar água tratada em usina de Fukushima
O plano foi apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas o governo aguarda um 'comunicado amplo' da entidade da Organização das Nações Unidas antes de realizar a liberação da água
O Japão prevê começar a lançar este ano mais de um milhão de toneladas de água tratada na usina nuclear de Fukushima, informou uma fonte do governo nesta sexta-feira (13).
O plano foi apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas o governo aguarda um "comunicado amplo" da entidade da Organização das Nações Unidas antes de realizar a liberação da água, disse o secretário do gabinete da instituição, Hirokazu Matsuno, à imprensa.
Os sistemas de resfriamentos da usina transbordaram em 2011, quando um poderoso terremoto provocou um tsunami que causou o pior acidente no nuclear desde Chernobyl.
Este desastre ocorrido no nordeste do Japão deixou cerca de 18.500 mortos e desaparecidos, a maioria, em decorrência do tsunami.
O incidente gerou 100 metros cúbicos de água contaminada por dia, entre abril e novembro do ano passado, que se misturou com a água do solo, mar e chuva.
O líquido foi filtrado para eliminar componentes radioativos e transferido para tanques de armazenamento que já somam 1,3 milhão de metros cúbicos.
"Esperamos que a liberação aconteça em algum momento entre a primavera e o verão, depois que as instalações de liberação forem concluídas e testadas, e o relatório completo da AIEA for publicado", acrescentou Matsuno.
Mas o plano gera preocupação entre os pescadores da região, que temem que o lançamento da água prejudique a reputação de seus produtos, após passarem anos tentando recuperar sua credibilidade com rigorosos testes de qualidade.
Países vizinhos como China e Coreia do Sul, assim como o Greenpeace e outras organizações, criticaram o plano. A AIEA, no entanto, confirmou que o lançamento cumpre os padrões internacionais e "não causará nenhum dano ao meio ambiente".
A empresa responsável pela usina garante que a água tratada está de acordo com os parâmetros nacionais de níveis de radionuclídeos, com exceção de um elemento, o trítio, que, segundo especialistas, pode ser prejudicial à saúde se consumido em grandes quantidades.
O objetivo é diluir a água para reduzir os níveis deste elemento e liberá-la ao mar ao longo de várias décadas através de um oleoduto submarino que tem um quilômetro de extensão.