Ano letivo começa sem aulas no Afeganistão
As autoridades decidiram o reinício das aulas nesta terça-feira no Ensinos Fundamental e Médio, mas não anunciaram publicamente e os alunos não compareceram às escolas
As escolas do Afeganistão reabriram as portas nesta terça-feira (21) para o início do ano letivo, mas devido à falta de comunicação do regime Talibã os alunos não compareceram aos estabelecimentos, que continuam proibidos para as adolescentes.
As autoridades decidiram o reinício das aulas nesta terça-feira no Ensinos Fundamental e Médio, mas não anunciaram publicamente e os alunos não compareceram às escolas, de acordo com os correspondentes da AFP, que visitaram sete estabelecimentos de ensino em Cabul.
"Nosso diretor nos enviou uma carta do ministério da Educação, mas como nenhum anúncio público foi feito, nenhum aluno apareceu", declarou à AFP Mohammad Osman Atayi, professor de uma escola do Ensino Médio da capital Cabul.
O anúncio não representa nenhuma mudança para as meninas com idades entre 11 e 18 anos, que estão proibidas de frequentar o Ensino Médio desde o retorno do movimento Talibã ao poder em agosto de 2021.
Um breve momento de esperança foi registrado para as centenas de milhares de adolescentes afetadas pelo veto em 23 de março de 2022, quando as autoridades prometeram o reinício das aulas para as mulheres. Mas o governo mudou de ideia em poucas horas.
"Estou deprimida", declarou à AFP Sadaf Haidari, de 15 anos. "A educação é nosso direito fundamental. Temos que frequentar a escola (...) mas os talibãs nos tiraram tudo".
As autoridades do país afirmam que a proibição, que não afeta o Ensino Básico, é temporária e que as aulas serão retomadas após a definição de um programa baseado nos preceitos islâmicos.
Alguns líderes talibãs, no entanto, afirmam que os religiosos ultraconservadores que aconselham o líder supremo do movimento, Hibatullah Akhundzada, são profundamente céticos sobre a educação para as mulheres.